Todas As Batidas Do Seu Coração

🦋 ᴄᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ sᴇɪs

"E tudo o que sempre digo é como preciso de tempo
Se dependesse de você agora, você seria minha"
Into Your Arms | Witt Lowry, Ava Max

Tory Daugherty

Eu estava bem melhor na manhã seguinte. Eu ainda não conseguia apoiar o peso no meu pé, então agora cambaleava por aí, mas nada grave. O quarto estava vazio quando acordei naquela manhã e encontrei uma bandeja com comida em cima da mesinha de cabeceira. Eu comi tudo e me perguntei onde estaria os meus dois vigias.

Estava tudo silencioso e até estranhei, mas assim que terminei de comer, sai da cama devagar e apoiei o pé bom para me levantar. Estava fazendo mais frio que ontem e eu não trouxe um casaco. Eu usava calça jeans preta e uma blusinha cinza simples, afinal pensei que era apenas uma passada na biblioteca para buscar um novo livro, mas agora olha tudo que aconteceu.

Eu estava em um mundo mágico aparentemente tão maluco quanto o país das maravilhas e estava ligada, de algum jeito e o que quer isso significasse, a dois superprotetores que só sabiam se alfinetar e rosnar um para o outro. E tinha sido atacada por um monstro e quase morrido, duas vezes. Isso tudo no espaço de algumas horas. Meu Deus.

Se eu queria dar uma radicalizada na minha vida, bem, agora eu consegui. E bem até demais.

Eu me enrolei na coberta por causa do frio e me esgueirei para fora do quarto. A cabana era pequena e até onde eu podia ver era só o quarto onde eu dormira e uma sala pequena e cozinha juntos. Como manter aqueles dois ilesos ficando debaixo desse teto tão pequeno? Pode ser por isso que nenhum deles estava à vista quando cheguei à sala, caminhei até a porta e a abri, meus olhos se arregalaram de encantamento ao ver a paisagem lá fora.

Era uma cabana nas montanhas e a floresta sul estava coberta de neve até onde a vista alcançava. As árvores banhadas em flocos cristalinos e o chão com metros de neve fofinha. Fechei a coberta ao meu redor quando uma brisa fria me atingiu e eu sorri.

— Mas, o que? — resmungou Lohan e eu olhei para ele que vinha da lateral da casa com alguns troncos para a lareira.

Eu estava começando a me acostumar com sua expressão fechada.

— Eu queria explorar — falei, antes que ele começasse seu discurso de "você não pode isso e aquilo" — Estou bem melhor.

O vinco em sua testa se aprofundou quando ele parou ao meu lado, observando-me enrolada na coberta como se fosse um rolinho primavera.

— E o seu pé? — perguntou, passando por mim e deixando a madeira na lareira, atiçando o fogo.

— Ainda não consigo firmá-lo direito, mas não está doendo. Acho que é só uma questão de tempo até melhorar de vez.

— Bom — murmurou ele e voltou para perto de mim.

Antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa, Lohan se abaixou e me tirou do chão com um movimento surpreendentemente rápido, ajeitando-me em seu colo. Como um bebê todo empacotadinho.

Olhei para seu belo rosto esculpido e torci o nariz.

— Eu posso andar, sabia? — indaguei para ele.

Ele começou a andar em direção a floresta, tomando cuidado para não acabarmos caindo e virar uma bola de neve gigante.

— Não pode não — retrucou ele — Você deveria estar na cama, quietinha. Mas como você aparentemente tem sérios problemas, é melhor explorar sem se esforçar, então não me irrite.

Abri um sorriso atrevido.

— Não invente desculpas, fofinho — provoquei, sorrindo abertamente para sua careta — Você é que não consegue manter suas mãos longe de mim — suspirei dramaticamente — Está caidinho por mim, hein?