Todas As Batidas Do Seu Coração

🦋 ᴄᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ ǫᴜᴀᴛʀᴏ

"Não quero ficar sozinho
Você sabe que isso me machuca também"
Heat Waves | Glass Animals

Tory Daugherty

Foi muito parecido com saltar de um prédio, no escuro, e você nem mesmo fazia ideia de qual a altura.

Eu sentia como se meu corpo todo flutuasse, meus músculos ficaram tensos e meu estômago dava cambalhotas descontroladas, e eu ainda continuava com os olhos firmemente fechados. Então, a sensação passou e meus pés encontraram o chão firme, fazendo-me abrir os olhos imediatamente.

Minha cabeça girou e meu coração batia incontrolavelmente com a adrenalina correndo furiosamente em minhas veias.

Quando consegui focar minha visão, eu percorri o lugar onde eu me encontrava com a respiração irregular, com medo do que encontraria.

Era uma floresta.

Árvores enormes estavam por todo lado, elas tinham galhos grossos e longos que se enroscavam entre si, formando sombra e deixando a floresta na escuridão. Apertei os olhos e, assustada, notei que os troncos das árvores tinham rostos. Olhos grandes, um nariz em forma de um pequeno galho e os lábios eram rachaduras grossas. E elas pareciam estar dormindo.

Eu me mantive imóvel, sem saber o que fazer. Ouvi um barulho atrás de mim e quando olhei, o portal continuava ali. Então ele começou a ondular rapidamente, sua névoa se enroscando em si mesma e por fim, se fechou. Tão rápido quanto tinha aparecido, ele sumiu.

— É, agora não tem mais volta — sussurrei para mim mesma.

Um arrepio percorreu todo o meu corpo e eu estava tentando me manter calma.

Está tudo bem, mulher.

— Se acalma. Respira — entoei baixinho, dando passos trêmulos.

Eu parei e arregalei os olhos, horrorizada.

AI, MERDA, AQUELA ÁRVORE ACABOU DE OLHAR PRA MIM?

— Isso não é ficar calma, querida — zombou a árvore e estava definitivamente olhando para mim.

E FALANDO COMIGO!

— Ah, Deus — gaguejei, respirando com dificuldade quando outra árvore pareceu despertar e fixar seus olhos amadeirados em mim.

— Está perdida, gracinha? — falou a outra árvore.

— Talvez se você chegar mais perto eu possa te ajudar — ofereceu uma outra. E de repente parecia que todas estavam me olhando.

Senti um puxão no cabelo e dei um pulo, mas a árvore riu ao recolher seu braço-galho.

— Deixe-me pegar nela também — então, todas pareciam muito interessadas em encostar em mim e eu não estava nenhum pouco de acordo com aquela ideia.

— Fiquem longe! — disparei, mas foi inútil e quando eu vi que elas começaram a se mexer, eu meio que entrei em pânico e comecei a correr, desviando de seus galhos que tentavam animadamente me pegar — SOCORRO!

É hoje que eu morro, e por causa de árvores que nunca viram cabelo loiro.

Corri cegamente pela floresta, desviando e me abaixando quando era preciso, tentando desesperadamente sair do alcance daquelas coisas. Não dava para enxergar muito bem e acabei tropeçando muitas vezes, até que eu vi uma pequena luz que adentrava a floresta escura e enevoada.

Meu coração pulou e eu acelerei meus passos em direção a luz, me perguntando se eu tinha mesmo perdido a minha maldita cabeça e agora estava a ponto de morrer. Por árvores, ou pior por...