Capítulo 29

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Passava pouco das quatro horas da tarde quando ele terminou de fazer tudo isso

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Passava pouco das quatro horas da tarde quando ele terminou de fazer tudo isso. O dia estava quente e o apartamento também, mas bem diferente de lá de fora, não estando assim o bastante para deixar o clima desconfortável, além de que ele já era bem acostumado com o clima que ficava na sua moradia. Ele tinha certo cansaço e nenhuma fome, e enquanto um descia o outro subia. Mas quando o cansaço passou quase que por completo, mesmo com a sua tensão, deixando-o por causa de ele ficar sentado na poltrona todo o tempo, a fome diminuíra a sua força, lançando-o à ciência de que logo precisaria se alimentar, só que sem precisar ficar ameaçando-o. E no decorrer desses processos o tempo ia passando.

Ele ficou esperando o restante da tarde. Durante este período permaneceu praticamente do mesmo jeito, sentado na poltrona encarando a porta, aguardando o que entraria por ela. Ele pouco se moveu nesse período de tempo, pouco se ajeitou na poltrona, de tão concentrado em que estava. O aguardar era primordial, ocupando toda a sua concentração, tanto que barulho algum ele ouvia do mundo lá fora. Esperava ouvir o barulho na porta, da porta, e por isso mantinha a sua atenção nela. Mas nada aconteceu.

O dia saiu no fim da tarde infiltrando-o e colocando-o na noite. A luz ligada do apartamento fazia-se bem mais presente agora, o silêncio fazia o mesmo, dominando praticamente o lugar. Odilon continuava concentrado na porta, mas agora mais relaxado do que antes, o clima agradável da noite também ajudava bastante, assim como o costume com o descanso noturno. Ele olhava a entrada torturando-se levemente, imaginando a pessoa chegando a qualquer momento, já ali do outro lado da porta, preparada para entrar; fazia isso como se pudesse realmente saber como a coisa ia se dar, como se pudesse antecipar os movimentos do outro. E de repente foi pego de surpresa por sons vindos do lado de fora do apartamento, mostrando que havia alguém no corredor. Tomando postura de atento, ficando ereto, ele olhou concentrado para a porta, mantendo a mente ligada, mesmo ficando tenso de repente, não querendo perder os sons que chegavam até ele. E ouviu uma voz seguida de outra. Aquilo mudou o seu foco, de imediato calculou que seriam vizinhos. Junto destes sons, que pareciam diminuir, ele pensou ter ouvido o som de uma porta sendo aberta, algo que afastou mais ainda seus pensamentos daquilo que ele esperava que fosse. Não poderia ser no seu apartamento o som de uma porta sendo aberta, a dele estava fechada e bem trancada, logo seria o som da porta de vizinhos, assim sendo era a voz deles quem falava e não a de mais ninguém. Teve esses pensamentos conclusivos porque havia sobrado uma faísca de suspeita da pessoa que ele aguardava estar realmente lá fora e apenas ter tido que conversar com algum vizinho, ou alguém no corredor. Mas suspeitando de que não era nada disso, concluiu.

Os vizinhos. Nunca os ouvira antes de dentro do seu apartamento, apesar de já tê-los visto no corredor, no elevador e no saguão – a maioria deles, uma vez ou outra. Mas ouvi-los através das paredes era a primeira vez; talvez por antes estar ocupado, concentrado com outras coisas e não ter feito silêncio para escutá-los, e deviam também estar falando alto pois ele foi capaz de saber de gente do lado de fora, apesar de não conseguir entender a conversa, mas mesmo uma porta sendo aberta ele conseguiu ouvir. Ou eles tinham aberto ela com força ou a audição dele estava em demasia afiada.

O silêncio logo fora feito novamente com ele, deixando-o concentrado outra vez.E assim ficou durante até mais de noite, esperando e esperando, vendo, em vez de qualqueroutra pessoa vindo ao apartamento, o cansaço tomando conta dele gradativamente.Ele ficava piscando forte e abrindo os olhos o máximo que podia para manter-se disperso,forçando os músculos do rosto, ficando bravo, deixando a sua feição zangada, evitandocom isso dormir, cair no sono o como podia. Foi somente quando se aproximandode uma hora da manhã que ele dormiu. Esperou o máximo que pode. Sem perceber, nãoaguentando mais, perdeu a batalha contra o cansaço e o sono e sucumbiu.

OS BONECOS ENGRAÇADOSWhere stories live. Discover now