𝐂𝐚𝐩í𝐭𝐮𝐥𝐨 𝐗𝐋𝐈𝐈

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Abri os olhos, a luz fluorescente invadia minha visão e as paredes revestidas por uma cor cinzenta me causaram uma estranheza de primeira. O chão frio daquele imenso corredor, com uma única porta ao fim, tocava meus pés descalços.

Mas eu estava devidamente bem vestido – dos tornozelos para cima – com um dos meus ternos preferidos. Preto, de alta costura, listras de espessura mínima na vertical que esticavam minha silhueta, por baixo uma camisa em tom perolado e uma gravata vinho escuro, lisa.

Porém, sem os sapatos, não parecia de fato completo.

Para qualquer direção que eu olhava, não via nenhuma resposta, e então imaginei que deveria seguir até a porta no final do corredor.

Dei o primeiro passo, ouvi um barulho estrondoso atrás de mim, e agora o corredor parecia menor. Era possível? Onde afinal de contas eu estava?

Dei mais alguns passos e a parede ao fundo estava ainda mais próxima. Mas agora, ela continuava se aproximando enquanto eu estava parado.

Comecei a correr, com os pés tocando o chão gelado, e sentia que poderia ser esmagado se não chegasse a porta a tempo. A velocidade com que a parede de trás se aproximava de mim era ainda maior e minhas pernas não pareciam correr o tanto que eu de fato era capaz.

Quando alcancei a maçaneta, a girei e abri a porta, entrando sem nem sequer saber onde, e ouvindo a parede bater contra a madeira no segundo seguinte. Fora por pouco.

Enquanto recuperava o folego, meus olhos observaram em volta, fitando o espaço grande, os basculantes no topo das paredes, deixando frestas do sol entrar, que tocavam o chão e a mesa ao centro do galpão, com a cadeira virada de costas para mim.

Era o galpão de Wright. Eu reconhecia.

Mas dessa vez, não havia ninguém ali. Nenhum dos homens, e nenhum dos outros que cresceram comigo. Pensei que estava sozinho, enquanto dava passos cautelosos e lentos em direção a mesa.

Percebi meu erro quando a cadeira se virou, e para minha maior surpresa, sentado nela, estava Louis Tomlinson.

Com um sorriso lateral para mim, presunçoso e confiante. O corpo meio jogado na diagonal, enquanto se apoiava no encosto com o antebraço e um cigarro branco entre os dedos.

- Louis? – Perguntei ainda sem entender o que ele fazia ali. Ou o que eu fazia ali, com ele.

- Você demorou Harry, pensei que não fosse chegar nunca – Sua ironia clara na voz aguda e ríspida trouxeram uma sensação de calma que parecia nunca ter existido antes dentro de mim.

- O que está fazendo aqui? – Perguntei ainda cheio de dúvidas na mente.

Ele abriu a curva nos lábios, e agora eu via seus dentes perfeitamente brancos e as pequenas rugas que se formavam ao lado dos olhos azuis.

- Esperando por você, é claro – Ele disse num tom obvio – Vou te dar o que você quer

Juntei as sobrancelhas e o encarei por um momento. Não sabia se ele estava falando sério ou dizendo que iriamos transar ali mesmo, então esperei que continuasse.

- O que você quer, Harry? – Foi a vez da sua voz, num eco, me questionar.

Mas eu não sabia a resposta. O que eu deveria dizer?

- Eu não sei Louis, não sei do que você está falando – Fui sincero. A mesa e ele pareciam mais próximos de mim agora, mesmo que eu não tivesse dado mais nenhum passo.

- Eu preciso que você me diga o que quer, para que eu possa fazer isso por você – Ele insistiu, um pouco mais impaciente dessa vez.

- O que você pode fazer por mim? Eu não sei o que eu quero – Respondi tão impaciente quanto, buscando em minha mente algo que eu quisesse.

𝐓𝐚𝐬𝐭𝐞𝐝 𝐋𝐢𝐤𝐞 𝐁𝐥𝐨𝐨𝐝 | 𝐥.𝐬Where stories live. Discover now