𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝐗𝐗𝐗𝐕𝐈𝐈

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- Lembra quando te contei sobre ter sido expulso de casa? - Ele disse, se recompondo e retirando-me dos meus pensamentos.

Quando Malik tinha sequestrado Charlotte, Tomlinson me contou que, após ser expulso pelo pai, por ser gay, a irmã mais nova foi a única que manteve contato consigo, e por isso eram considerados "próximos". Mesmo eu descobrindo depois que a garota era uma insuportável.

- Uhum - Foi tudo que disse, ainda atento e principalmente curioso para o que ele diria a seguir. Pela primeira vez, eu sentia que ele mostrava um lado o qual eu não conhecia até então. Seu clássico tom de voz irônico e superior, não existia ali naquela conversa.

- Acho que não mencionei o que passei antes disso, morando com meu pai - A forma como ele dizia a última palavra era com nojo e repulsa na voz - Desde que perdemos minha mãe, ele começou a beber feito um louco, quando Charlotte ainda era um bebê e eu uma criança. Sendo assim, ele passou a maior parte da nossa infância enfiado em bares até a madrugada, enquanto nós ficávamos sozinhos. Por sorte, quando éramos pequenos uma vizinha, idosa e viúva nos dava de comer e me ajudava a cuidar da minha irmã. Só que depois de alguns anos ela faleceu, e foi quando eu praticamente precisei aprender a me virar sozinho.

Foi uma surpresa pra mim ouvir aquilo. Em geral, por nunca ter de fato vivenciado o que era ter uma casa, com uma família, eu quando mais jovem, imaginava que qualquer pessoa que tinha algo assim tinha a melhor das vidas. Era o que eu pensava de Tomlinson também, mas não era bem isso que ele me contava.

- Mas sinceramente, mesmo sendo difícil, eu preferia os momentos que ficava sozinho em casa com Charlotte. - Ele continuou - Quando ele chegava em casa, geralmente fedendo a bebida barata, era... uma porra - Ele xingou, cerrando os punhos rapidamente e relaxando-os em seguida.

Niall sempre dizia que eu cheirava a whisky caro e perfume masculino - que era o que eu usava - e naquele momento me perguntei se meu cheiro alguma vez incomodou Louis.

- Ele costumava estar fora de si e irritado - Continuou, mantendo os olhos numa distancia segura e longe dos meus, mas eu ainda podia ver a dor e remorso dentro deles - Então simplesmente ia até mim e descontava sua raiva.

- Raiva do quê? - Finalmente disse algo, não ficando tão surpreso com o fato do homem bêbado que batia nos filhos. Pessoas cruéis não me surpreendiam, sempre soube da existência delas.

- De tudo, eu acho - Ele pareceu pensar sobre, e finalmente me encarou.

Seus olhos sérios e carregados, num tom de azul mais frio do que aparentava ser, cortaram em direção aos meus. Pensei que ele fosse desvia-los, mas não foi o que aconteceu.

- Ele nos culpava pela morte da minha mãe, pela sua vida de merda, por qualquer coisa - Deu de ombros, como se não fosse importante quais eram as motivações do homem.

- Ninguém nunca o denunciou? - Perguntei mais uma vez, tentando ajuda-lo a seguir a conversa sem que parecesse que falava sozinho.

- Num subúrbio de uma cidade pequena, as pessoas comentam sobre tudo, mas ninguém quer problemas para si mesmo - Louis disse num tom minimamente mais irônico e eu não pude deixar de concordar - Por isso, eu preferia usar drogas que me fizessem sentir alguma coisa que não fosse dor, medo, raiva... Sabe como é?

- Sei - Disse suspirando pesado - Sei muito bem como é.

Ele piscou lento e balançou a cabeça. O silêncio pairou por alguns instantes ali, mas de forma leve.

𝐓𝐚𝐬𝐭𝐞𝐝 𝐋𝐢𝐤𝐞 𝐁𝐥𝐨𝐨𝐝 | 𝐥.𝐬Onde as histórias ganham vida. Descobre agora