𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝐗𝐗𝐗𝐕

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//Voltei pessoal! Lembrem-se de curtir e comentar nos capítulos sempre. Boa leitura!//


A claridade vinha contra meu rosto e eu ouvia vozes distantes, enquanto abria com certa dificuldade os olhos, ainda sem conseguir ver nada direito pelos raios de sol da manhã atravessando os vidros que revestiam o cômodo.

Meu corpo estava jogado de forma relaxada sobre a poltrona, com a cabeça caída para o lado, e pude sentir uma leve dor nas costas e no pescoço ao me mexer minimamente.

- Apenas fique dois dias ou mais sem usar, para deixar seu corpo se livrar de todas as substâncias – A voz a qual eu não reconheci disse, vinda do homem borrado em vestes brancas que eu via em frente a imagem borrada de Louis, apenas com calças de pijama – Ou o quanto conseguir.

- Certo, farei o possível – Ele respondeu, enquanto eu pisquei mais algumas vezes com força até conseguir ver a cena com nitidez – Obrigado.

Ele apertou a mão do homem de forma formal, com um pequeno sorriso nos lábios. Nenhum dos dois pareceu notar que eu estava acordado, enquanto o homem de branco saía pela porta do quarto, acompanhado da senhora que trabalhava na casa e eu continuava sem me lembrar seu nome.

- Quem era? – Perguntei ainda com o cenho franzido, me acostumando com a claridade, recebendo um olhar levemente surpreso dos olhos azuis.

- Acordou hum?! – Ele disse cruzando os braços, com as sobrancelhas erguidas – Bom dia, Harry Styles.

Ele tinha uma ironia na voz, seu rosto ainda estava inchado por conta do sono e tinha olheiras profundas. Ele não parecia tão saudável quanto nos outros dias, mas estava determinado a transparecer o contrário disso, pelo visto.

A lembranças do que acontecera na madrugada anterior ainda eram presentes na minha mente, mas eu não tinha certeza se ele se lembrava de tudo. Pois bem, presenciar Louis Tomlinson durante uma overdose foi um dos piores momentos que vivi até hoje, mas ele e nem ninguém precisavam saber disso.

- Hum... – Disse antes de coçar a garganta em seguida e me ajeitar ainda melhor e mais ereto na poltrona – Como você está?

- Bem obrigado – Ele respondeu, parecendo intrigado pela minha pergunta, agora dando passos à frente e se sentando no lado direito da cama, de frente para mim – E você?

- Bom, eu não quase morri na noite passada, então acho que estou bem – Disse em modo obvio e levemente debochado, recebendo um levantar de sobrancelhas e uma curva pequena no cantos lábios dele, enquanto se inclinava, e com as mãos juntas, apoiava os braços sobre as coxas.

- De fato, eu poderia estar morto agora – Ele pareceu concordar – Se não fosse por quem aplicou naloxona em mim, foi o que o médico disse – Continuou, sem tirar os olhos azuis e diretos dos meus por nenhum segundo.

- Medico? Era aquele homem que saiu daqui? – Perguntei mais uma vez sobre o homem, já que ele não havia me respondido da primeira vez.

- Sim, ele é mais... particular, sabe?! – Louis explicou e eu entendi que era um dos médicos que geralmente trabalham para pessoas como nós, ou chefes de máfia, ou enfim, que não podem pisar dentro de um hospital e passar por toda a burocracia, mas tem dinheiro suficiente para ter uma saúde de qualidade.

- Sei – Concordei, correndo os meus olhos pelo seu corpo magro, que parecia bem de fato – O que ele disse?

- O que foi? Vai querer tomar conta dos meus cuidados médicos também? – Um sorriso irônico e cheio de sarcasmo surgiu nos lábios dele, me fazendo revirar os olhos inconscientemente.

Me levantei após soltar o ar dos pulmões de forma pesada, dando os primeiros passos até a saída do quarto, sentindo ele se levantar e caminhar atrás de mim.

Eu não iria ficar brincando de enfermeiro com Louis Tomlinson, se era o que ele esperava. Mas depois do que vivenciei ontem, agora mais que nunca, eu sentia um desejo cada vez maior de ter a certeza que ele continuaria vivo. Não se tratava apenas de não conseguir matar aquele filho da puta, eu não era capaz de deixar que nada fizesse seu coração parar de bater.

- Devia ter te deixado morrer – Disse seco antes de parar em frente a porta em virar, já sabendo que o encontraria logo atrás de mim.

Os cabelos bagunçados, olhos inchados e a barba por fazer. Sem nenhuma camisa e com a calça de pijama que tinhas as barras arrastando no chão, quase cobrindo os pés dele, descalços, por completo.

Era um filho da puta pequeno e lindo.

- Devia mesmo – Ele concordou num tom descontraído e uma curva quase surgiu em meus lábios, mas eu a controlei.

Continuei com meus olhos nele, e ele nos meus, ficamos alguns segundos em silêncio. O sol forte da manhã iluminava o cômodo com raios dourados, a natureza lá fora parecia transmitir calma, mas ainda assim, éramos nós. Um milhão de defeitos, corações cruéis, péssimas índoles e vilões da sociedade. O ambiente era claro, limpo e tranquilo, nós não. E talvez seja esse o motivo, de sempre parecer confortável quando nossos olhares estavam juntos, quando criamos essa atmosfera em nossa volta que parece tão confortável.

Talvez seja porque nenhum de nós dois tem uma alma boa. Vai ver já éramos conhecidos no inferno.

- Obrigado pelo o que fez, Styles – Sua voz soou de forma mais sincera, como seus olhos.

- Não foi nada, Tomlinson – Disse num tom calmo, com a voz ainda levemente rouca pelo sono recém encerrado.

- Louis – Ele corrigiu a forma como eu deveria chama-lo, que ele mesmo teria instruído há um tempo atrás.

Como eu tinha dito também como preferia que ele me chamasse. Styles.

- Harry – Falei sério e ele tombou quase imperceptivelmente a cabeça, com sobrancelhas levantadas.

Mais uma vez voltamos ao silêncio confortável de antes, mas agora, ele deu um passo em minha direção. Eu ainda estava com sono, confuso com tudo que acontecera até aquele exato momento em que minhas mãos tocavam o rosto dele, que se aproximava do meu, por isso talvez não soube dizer muito bem o motivo pelo qual estávamos nos beijando.

Seus lábios finos deslizando sobre os meus, de uma forma necessitada, mas não rápido e feroz como das outras vezes. Eu segurava suas bochechas e sentia os fios curtos de seu cabelo nas pontas dos meus dedos, assim como a pele gelada da sua orelha, com o toque das suas mãos em meus quadris e, um beijo.

Era apenas um beijo, que obviamente não seria antecessor de uma transa, ou o que quer que fosse, como das outras vezes.

Parecia ser tão diferente de todas as outras, talvez porque nelas nós nos beijamos porque queríamos foder.

Dessa vez, por alguma razão, nos beijamos porque queríamos só...

Beijar.

E nos demos conta disso quando já era tarde demais, e nosso lábios já estavam juntos e molhados um sobre o outro.

- Como eu disse, você parece ter tesão em me manter vivo – Ele disse baixo, com nossos lábios ainda próximos, depois de interromper o beijo – Então, obrigado Harry.

- Não crie muitas esperanças quanto a isso – Falei no mesmo tom, ainda com os olhos fixos em seus lábios com um leve brilho por estarem molhados – Nós não vamos tomar café da manhã juntos ou ir fazer compras no mercado.

- Eu nunca achei que fossemos. – Ele respondeu de forma superior.

***

//Na quarta passada eu realmente não consegui atualizar, por conta do meu trabalho, mas durante os finais de semana farei o possível (e impossível) para não deixar vocês sem atualizações. Então amanhã tem mais...

Beijos//

𝐓𝐚𝐬𝐭𝐞𝐝 𝐋𝐢𝐤𝐞 𝐁𝐥𝐨𝐨𝐝 | 𝐥.𝐬Where stories live. Discover now