6 | Peckham's

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(...)
── Ele não consegue mais, já estamos à sete dias sem comer nada, eu conheço bem o meu irmão. Cuidei dele a manhã toda.

Mais uma vez Jhon está a murmurar as próprias lamurias como se nossos ouvidos fossem uma privada pessoal.

── Não pode proteger ele aqui, sabe disse não é, John? ── Diz nosso colega ao lado de Jhon, debruçado sobre a areia da praia minada.

── Não nos dão nem um maldito pão para comer. Se não nos matarem com as bombas, nos matam de fome. ── Meu irmão volta a reclamar. ── Olha pra eles, nem sabem pelo o que estão lutando.

Me remexo no chão, deitado de bruços, ignorando meu estômago que ronca e mantendo minha concentração no pequeno dispositivo em minha frente.

── Cala a boca John. ── Digo. ── Quanto mais rápido terminamos de limpar a praia das minas, mais rápido voltamos para a brigada, mais rápido poderá trepar com aquela enfermeira e nos poupar das suas reclamações.

Os rapazes riem e sorrio para meu irmão que pega um punhado de areia e joga em meu rosto. Aperto minhas pálpebras com a sensação de pequenos cacos de vidro em meus olhos.

Apesar dele se sentir responsável sobre mim, sei que estar ao lado dele nas minas é um peso maior do que John pode carregar, não é como se eu fosse tolo o suficiente para saber que apenas um irá voltar para brigada. A cada dia que passo ao lado do meu irmão é um presente nesse tormento.

Tem dias tão negros que tudo o que peço a Deus é que minha cabeça exploda, que se alguém tiver que ir, que seja eu o primeiro. Minha família não continuaria sem o Jhon.

Preciso de férias senhor Jesus, preciso de férias eternas.

── Vai voltar pra casa sem os dentes se continuar com suas piadinhas, Harry.

── Vai voltar pra casa sem as pernas se pensar só com o pau, John. ── Os rapazes voltam a rir. ── Será que a dona Olivia vai gostar do meu irmão sem o pau? Talvez isso não seja um problema. ── Cavo ao redor e consigo visualiza a primeira mina soterrada. ── Para sorte dela você não é filho único. Ainda tem o que escolher.

Nossas risadas se misturam com o vento uivante da praia e meu irmão volta a desarmar sua bomba, sendo o único a não rir da pequena piada.

── Sua sorte é que não posso levantar daqui. ── Ele murmura com o rosto vermelho. Jhon odeia quando o faço ser o motivo das risadas do grupo.

── Me perdoe irmão, mas precisamos rir. Você goza na enfermeira e nós gozamos da sua cara.

── Ouvi dizer que elas vão para o norte. Pegar os soldados da linha de frente, tem muitos feridos. ── Fala um dos soldados.

David.

Jhon e eu nos olhamos, como se tivéssemos pensado ao mesmo tempo. Ja faz um tempo que não chega cartas, consequentemente não temos notícias de David. Tão pouco, ideia se ele está vivo.

CHELSEA - A Ascenção De Um Narco (H.S)Onde histórias criam vida. Descubra agora