Jurado de morte, um ex soldado filho de uma cruel chef do crime; assume os Kings Canals, uma antiga gangue que assombra as ruas de Londres.
Iniciada: 10/02/2023
Capítulos escritos: 40
Capítulos Publicados: 31
Ultima atualização: 07/07/2023
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(...) ── Ele não consegue mais, já estamos à sete dias sem comer nada, eu conheço bem o meu irmão. Cuidei dele a manhã toda.
Mais uma vez Jhon está a murmurar as próprias lamurias como se nossos ouvidos fossem uma privada pessoal.
── Não pode proteger ele aqui, sabe disse não é, John? ── Diz nosso colega ao lado de Jhon, debruçado sobre a areia da praia minada.
── Não nos dão nem um maldito pão para comer. Se não nos matarem com as bombas, nos matam de fome. ── Meu irmão volta a reclamar. ── Olha pra eles, nem sabem pelo o que estão lutando.
Me remexo no chão, deitado de bruços, ignorando meu estômago que ronca e mantendo minha concentração no pequeno dispositivo em minha frente.
── Cala a boca John. ── Digo. ── Quanto mais rápido terminamos de limpar a praia das minas, mais rápido voltamos para a brigada, mais rápido poderá trepar com aquela enfermeira e nos poupar das suas reclamações.
Os rapazes riem e sorrio para meu irmão que pega um punhado de areia e joga em meu rosto. Aperto minhas pálpebras com a sensação de pequenos cacos de vidro em meus olhos.
Apesar dele se sentir responsável sobre mim, sei que estar ao lado dele nas minas é um peso maior do que John pode carregar, não é como se eu fosse tolo o suficiente para saber que apenas um irá voltar para brigada. A cada dia que passo ao lado do meu irmão é um presente nesse tormento.
Tem dias tão negros que tudo o que peço a Deus é que minha cabeça exploda, que se alguém tiver que ir, que seja eu o primeiro. Minha família não continuaria sem o Jhon.
Preciso de férias senhor Jesus, preciso de férias eternas.
── Vai voltar pra casa sem os dentes se continuar com suas piadinhas, Harry.
── Vai voltar pra casa sem as pernas se pensar só com o pau, John. ── Os rapazes voltam a rir. ── Será que a dona Olivia vai gostar do meu irmão sem o pau? Talvez isso não seja um problema. ── Cavo ao redor e consigo visualiza a primeira mina soterrada. ── Para sorte dela você não é filho único. Ainda tem o que escolher.
Nossas risadas se misturam com o vento uivante da praia e meu irmão volta a desarmar sua bomba, sendo o único a não rir da pequena piada.
── Sua sorte é que não posso levantar daqui. ── Ele murmura com o rosto vermelho. Jhon odeia quando o faço ser o motivo das risadas do grupo.
── Me perdoe irmão, mas precisamos rir. Você goza na enfermeira e nós gozamos da sua cara.
── Ouvi dizer que elas vão para o norte. Pegar os soldados da linha de frente, tem muitos feridos. ── Fala um dos soldados.
David.
Jhon e eu nos olhamos, como se tivéssemos pensado ao mesmo tempo. Ja faz um tempo que não chega cartas, consequentemente não temos notícias de David. Tão pouco, ideia se ele está vivo.