16 | Soy el fuelgo

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O caminhão passa e Harry liga o carro alguns segundos depois para não chamar atenção, lentamente saímos e lentamente seguimos o caminhão metros a frente. Um nó se forma em minha garganta e estamos bem atrás do alvo, nem longe de mais e nem perto o bastante para sermos vistos. Ele está concentrado, mas não o suficiente para não prestar atenção em meu silêncio e o desconforto entre nós volta.

Seguimos o caminhão pelo o caminho de chão até sairmos da estrada e finalmente alcançamos a pista asfaltada, onde o carro ganha velocidade.

A estrada está em um terreno levemente elevado revelando a imensa floresta abaixo de nós. Posso ver a chuva que se aproxima de longe refletindo sobre os últimos raios de sol e as nuvens carregadas e cinzas escondem os raios que tomam o céu.

O vento forte que entra pela janela agora aberta, joga meu cabelo para trás e coloco meu braço para fora, sentindo as pequenas gotículas de água. A noite está começando a chegar, indicando o perigo em percorrer uma pista de mão dupla não sinalizada, mas prefiro acreditar que o motorista ao meu lado é bom o suficiente para não nos matar antes de chegarmos ao destino.

Meus olhos correm até ele que se mantém ali, concentrado no veículo à frente, com o banco reclinado, mão no volante e corpo rígido, a postura como sempre é perfeitamente alinhada e ereta, isso o faz parecer tão confiante sob a própria pele, como um soldado.

O caminhão à frente ganha mais velocidade e Harry alcança os 100km/h. Ele boceja e seus dentes voltam a puxar a pele do lábio, uma pequena mania que as pessoas ansiosas têm.

Meus olhos passam pelo o corpo coberto pelas mesmas roupas cinzas e calça jeans escura, olho de relance pelas pernas de Harry e fixo no metal reluzente no quadril, um mal presságio. Não levamos armas se não temos o intuito de proteção contra algum risco e isso me dá um nó no estômago, de alguma forma eu tenho uma extrema habilidade de me enfiar em roubadas.

Meu tronco balança e canto a música que toca alta no carro e a cada alguns segundos vejo ele me olhar pelo canto do olho. Hoje acordei me sentindo bem apesar do sono, talvez seja a cama confortável ou a comida decente do café da manhã. Mesmo com o contratempo e com a queimadura em minha mão, me sinto minimamente feliz em ter saído daquele quarto e isso é algo quase que raro.

Eu sempre estou nos extremos de duas fases; Na depressiva, onde me afogo no mais completo amargor e destruo qualquer possibilidade de alegria minha; Ou na minha favorita, a fase de mania, onde eu tenho explosões de hiperatividade, são as únicas vezes em que consigo finalizar de fato algo que começo.

Tirando isso estou no meu mundo particular ou estado latente de desatenção, sonhando acordada, um jeito de não sentir dor. A mão de Harry vai até o rádio e diminui o volume drasticamente até que eu não possa ouvir nada.

── Acho que está bom, meus ouvidos estão cansados.

── Mas não tem nem duas horas de viagem. ── Digo.

Me corrijo no banco e ele fecha os vidros, levando a brisa gelada e a vivacidade embora.

── Por isso mesmo.

Me abaixo para mexer nas sacolas no chão entre minhas pernas e vejo as bobagens que ele comprou; Cigarros, bebidas alcoólicas, comida empacotada, água, mais cigarro e lenço umedecido. Fico feliz de saber que vou poder fazer xixi com dignidade.

── Falta muito?

── Não tenho a menor ideia, mas acredito que sim, estamos a duas horas da divisa, a velocidade dele está muito baixa por conta da chuva, o que prolonga mais o tempo. Só tem trinta minutos que saímos da estrada de barro, nessa velocidade não chegaremos nunca.

CHELSEA - A Ascenção De Um Narco (H.S)Kde žijí příběhy. Začni objevovat