— Mas você disse que ele estava bem, com uma namorada legal e um apartamento novo. Como explica isso?

— Até parece que dinheiro camufla os nossos problemas emocionais. Sabe muito bem que é impossível, você mesmo gastou milhares de dólares em terapias.

Paola ficou quieta, sabia que eu tinha razão nessa parte.

O jatinho foi preparado e em duas horas estávamos a caminho da área de embarque. Minha irmã não parava de ver as notícias pelo celular e eu tentava não olhar, não queria pensar no pior.

Flashback

— Você realmente ficou a Clara Peterson? Achei que seu amor platônico fosse a Meg. — perguntei vendo-o o corar.

— Meg não me quis, estava de papinho com o Tyler. Não me arrependo de ter perdido a virgindade com Clara, ela é uma ótima garota. — Adam respondeu enquanto andava de um lado para o outro no quarto.

— E por que você está tão nervoso? Não foi bom como imaginou?

— Não usamos preservativo, Henry. Estou com medo de que ela tenha um bebê. — confessou nervoso.

— Ela é mais velha, deve se previnir de outras formas, não? — ele não respondeu. — Que vacilo! Carmem sempre disse que quando fossemos... Hum.. Você sabe o que, deveríamos sempre nos prevenir e...

— Eu não sei se estou preparado para ter um filho, Henry. Eu só tenho dezessete anos!

— De qualquer forma, se esse for o caso... Saiba que sempre estarei com você. — forcei um sorriso.

— Mesmo? — sorriu.

— Exceto com os nomes peculiares que você gosta, tipo Harry Potter.

Adam pegou uma almofada e jogou em minha direção.

— É um nome muito bonito, idiota.

Atualmente.

Adam e sua falta de responsabilidade, não me admirei quando soube da criança, mas sim da forma que ela nasceu. O que será que ele ia fazer quando descobrisse? Creio que é tarde demais para colocar um nome desses no bebê.

Pegamos o gatinho e fomos para Manhattan. Por coincidência, meu melhor amigo estava na cidade há meses, ele não fazia ideia de que a mãe do seu filho também estava por lá, sofrendo pelo parto surpresa que teve. O destino chega a ser cruel as vezes.

Algumas horas depois e finalmente chegamos. Paola comunicou a Aaron que estávamos a caminho e o irmão caçula do meu melhor amigo nos recebeu na entrada do hospital.

Eu detestava hospitais. Acredito que pelo cheiro e o ar gelado dos corredores, também pelo modo em que ele é mencionado em boa parte das vezes. Petra estava em um desses quando faleceu, seu corpo frio, pálido e sem vida permaneceu por algum tempo aqui.

Eu jamais vou esquecer de tudo o que aconteceu naquela noite. Espero nãoe deparar com algo assim agora, principalmente se tratando do meu único melhor amigo, uma das pessoas mais importantes da minha vida.

— Peter! Como ele está? — falei ao desfazermos um abraço rápido que demos.

— Os médicos dizem que a situação é grave. Adam teve traumatismo craniano, entre outros... Ele disse que precisamos esperar, para ver se os tratamentos da UTI dão algum resultado. — seus olhos brilhavam, marejados, doídos... Peter estava sofrendo muito.

— Vocês já o viram? Tem como visitá-lo? — meu coração apertou ao vê-lo assim, eu estava segurando as lágrimas.

— Só pelo vidro... Henry, o meu filho não está morto, não é? — perguntou desabando no choro.

— Ele é forte, Peter.

Nós realmente tentamos acreditar que era, mas infelizmente não foi da forma que pensamos. Adam lutou o quanto pôde, porém estava cansado, precisava descansar. Meu melhor amigo se foi, naquele dia, às 2:45 da manhã, 1 hora antes da minha chegada. Adam sempre estará em meu coração, agora e pelo resto de minha vida.

Caminhos QuebradosWhere stories live. Discover now