Capítulo 60

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Paola Bianchi chegou à Itália logo pela manhã, ela estava ansiosa para rever os irmãos e seu amado pai. Sua vida sempre fora agitada, ela nunca gostou de permanecer em lugar nenhum, era uma mulher de espírito livre, que não cogitava em hipótese nenhuma criar raízes. Quando foi pedida em casamento, Paola pensou bem a respeito, não sabia se o relacionamento traria bons frutos e se a tão preciosa liberdade permaneceria intacta. Resolveu aceitar, observou o noivo por muitos meses e a ficha caiu quando ela viu que realmente casamento não era a sua prioridade no momento. Agora ela estava de volta à cidade que sempre amou, no entanto, completamente sozinha.

Caminhou em passos largos até o carro que Henry — seu irmão favorito havia enviado exclusivamente para ela. Paola se sentiu em casa quando entrou no automóvel, parecia até que tinha voltado na adolescência, quando era a garota mais popular do colégio e vivia cercada por segurança e artigos de luxos.

Bons tempos, pensou consigo mesmo. No percurso para casa, a mulher observou a cidade pela janela do carro totalmente nostálgica. Paola era muito cobiçada por sua beleza na época em que morava na Itália, ela herdara os cabelos pretos e lisos do pai e os olhos verdes e marcantes da mãe. Era uma mulher bonita, vaidosa e feliz com a vida que tinha. Ela sabia dos negócios ilícitos da família, porém nunca quis se envolver, não era do seu feitio, lembra bem do sequestro que a traumatizou na infância.

Seus pensamentos foram interrompidos pelo toque do celular, ao olhar no visor o nome "Carlota" brilhava. Ela nunca foi próxima da madastra, mas tentava ser gentil.

— Sono in città. — avisou no seu idioma natural e ouviu um suspiro longo.

Seu pai sumiu, Paola. — a voz dela estava embargada, o que deixou Paola preocupada.

Henry Bianchi

Dei o último gole de café amargo e me senti renovado para começar o dia. A noite foi bem, na medida do possível, não tomei nenhum tipo de remédio para dormir e consegui um sono estranhamente tranquilo. Aquela manhã estava um pouco fria, porém, não o suficiente para usar agasalhos, então apenas repeti o café quente e decidi ir ao shopping comprar um presente para a minha irmã. Há meses não a vejo, estou com tanta saudades. 

Contudo, ao levantar da mesa, o interfone toca e avisem-me sobre a chegada de Paola no condomínio.

Tão cedo? Pensei que ela viesse logo após o almoço, visto que tem várias amizades por Itália. Pedi que mandassem-na subir e me deparei com Alicia e seus trajes indecentes de academia. Ela passou por mim, indo diretamente até a cozinha para preparar algo.

— Minha irmã está subindo, por favor, comportar-se! — falei, mesmo sabendo que ela não queria ouvir minha voz.

— Acha que sou uma selvagem como a sua latina? Eu sei me comportar muito bem. — respondeu sarcástica.

Enquanto Alicia fazia um tipo de vitamina, eu me sentei no sofá e encarei a cidade pela vidraça da sala. Poucos minutos depois, a campainha tocou e prontamente fui atendê-la. Era Paola, minha amada irmã, que antes tão pequena, agora nem cabia em meus braços.

Nossa primeira reação foi um abraço apertado e cheio de saudades. Ela tinha se tornando uma mulher linda, porém o olhar de menina ainda permanecia em sua face.

— Aaaah, que saudades! Você continua mais alto do que eu, como pode? Está tomando fermento, Henryzito?

Dei espaço para que ela entrasse e seus olhos correram pela casa, parando em Alicia que assobiava uma música qualquer enquanto preparava seu café da manhã.

Caminhos QuebradosWhere stories live. Discover now