Capítulo 43

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OLÍVIA MILLER

Era óbvio que Henry não deixaria quieto as minhas ameaças e fez questão de mandar um e-mail exigindo a minha presença em seu apartamento na Itália. Não era como se eu soubesse de toda a sua vida, mas era estranho justamente na semana em que ele resolve aparecer na cidade o container sumir com todo o meu produto e mais estranho ainda a presença de Matteo Gali há poucos metros do porto onde o container embarcaria. Estressada, bebi um copo cheio de licor, saboreando o líquido enquanto pensava em inúmeros modos de matar Henry Bianchi, só fui atrapalhada com o telefonema da minha melhor amiga. E mesmo me sentindo péssima para conversar sobre algo, resolvi atendê-la.

"Acordei você?" — a voz de Emilly parecia embargada.

"Não. Está tudo bem? Você me parece triste, aconteceu alguma coisa?" — pergunto preparando outra dose de licor.

"Estou cansada. A mudança para o apartamento novo me deixou exausta mentalmente e fisicamente."

"Eu imagino. Mas você tem certeza que não aconteceu nada? Estou com saudades, acho que em breve estarei em New York... Podemos conversar um pouco."

"Não! Tive um pequeno acidente recentemente e estou de repouso absoluto." — ergui a sobrancelha confusa. Até ontem Emilly estava bem.

"Oh céus! Emilly, que acidente foi esse? Por que não me contou antes?"

"Foi uma bobagem e... Eu não queria te atrapalhar, agora você é uma mulher de negócios."

"Mas continuo sendo a sua melhor amiga... Espere, vou pegar o primeiro vôo e ir diretamente até onde você está..."

"Olívia, eu estou bem! Preciso apenas repousar e logo estarei bem o suficiente para gastarmos todo o seu dinheiro no shopping." — riu, porém senti que tinha mais alguma coisa acontecendo.

"E esse repouso é de quanto tempo?" — joguei uma verde.

"Quarenta e cinco dias. Bem rapidinho, não é?" — arregalei os olhos.

"Quarenta e cinco dias? Esse acidente deve ter sido gravíssimo... Emilly, vou pegar o primeiro vôo sim!"

"Não precisa! Eu estou bem, Carolina está cuidando de mim e... Soube que Henry está na Itália. Houveram recaídas?" — mudou de assunto, fazendo com que eu revirasse os olhos.

"Não e nem vai. Ele é um babaca e um cretino também! Estou com nojo da cara dele!"

Monique apareceu na sala do meu apartamento, olhando-me incrédula. Respirei fundo e me despedi de Emilly rapidamente. O dever me chama!

— Espero de todo o meu coração que você tenha resolvido aquele assunto. Nós não podemos perder todo aquele... Produto. — ela fala rapidamente, é nítido o quão ansiosa está.

— Estou resolvendo da melhor maneira possível, mas não é tão fácil. Henry me pediu para comparecer em seu apartamento, talvez queira algo pela mercadoria. — expliquei.

— Comparecer no apartamento dele? Olívia, não misture sentimentos com negócios. Nós estamos na beira do precipício! Viajarei para Seattle no final do dia, estarei de volta em três dias e espero que o problema esteja resolvido. Não quero e nem vou sair prejudicada por causa da família Bianchi!

Assenti, sentindo leves dores de cabeça. Monique foi embora e eu tomei remédio para dor; Há tempos aquele remédio me acompanhava.

Quando anoiteceu, me arrumei formalmente e dirigi sozinha até o apartamento de Henry. Confesso que por um momento pensei em dar para trás e ir embora, mas uma Ferrari não era covarde a esse ponto.

Minutos depois, eu estava na frente da porta do apartamento, sentindo meu estômago revirar de nervosismo. Toquei a campainha umas três vezes, até finalmente Henry aparecer. Ele estava bem... A vontade, vestido com uma regata branca colada ao corpo devido ao suor... Graças a esse pequeno detalhe, dava para se ver os músculos e aquela visão quase me fez perder o fôlego.

— Desculpe, estava malhando e por pouco não escutei a campainha. Entre, por favor. — deu espaço e assim entrei.

O apartamento era perfeito, porém tinha tons muito escuros, quase sufocantes. Não tinha vida, para ser mais exata.

— Espero que tenha me chamado para dar notícias sobre o meu container. — falei, enquanto observava o apartamento.

Havia uma vidraçaria enorme bem no meio da sala, com uma visão privilegiada da cidade e do céu coberto por estrelas. Parei um segundo para olhar aquela maravilha e pensei em como seria numa noite chuvosa.

— Claro. — virei-me para olha-lo e ele estava no balcão da cozinha americana, despejando vinho em duas taças. Engoli seco.

— Vinho?

— Estou com sede, você não? — sorriu cafajeste.

Atrevida, caminhei até o balcão e peguei a taça, levando-a até a boca. Não tirei os olhos dele, nem mesmo quando o líquido suave desceu pela minha garganta.

— É um vinho mais suave, você gostou? — deu um gole em sua taça.

— Já provei melhores. — coloquei a taça sob o balcão.

— Você era mais humilde na época em que nos conhecemos, senhorita Miller.

Meu coração doeu ao ouvi-lo me chamar daquela forma.

— Um sequestro me fez mudar de opinião sobre muita coisa. — sorri irônica e ele suspirou. — Ok, você está tentando desviar do assunto em que me trouxe aqui.

— Falarei sobre, no entanto preciso de um banho. Pode me esperar? — assenti, dando de ombros.

▪️▪️▪️

Henry voltou um tempo depois, já limpo e bastante cheiroso. Seus cabelos unidos os deixaram mais juvenil e o perfume masculino causou-me arrepios indecentes, era o mesmo de um tempo atrás.

— Estou pronto para conversarmos. — sentou em uma poltrona de couro um pouco longe de onde eu estava.

— É um assunto de extrema importância, Sr. Bianchi. Trata-se de um roubo e sabe muito bem qual é a punição nesses casos, principalmente pelo o senhor ser quem é.

— E por ser quem eu sou, garanto que não tenho nada a ver com o roubo do container. — tentei interrompe-lo, mas obviamente ele foi mais rápido. — Você não me deixou explicar nada, apenas me acusou e sequer procurou provas concretas sobre o acontecido.

— Matteo estava a poucos metros de onde o container foi roubado, essa é a prova! — respondi rapidamente e o homem suspirou.

— Ainda sim não é uma prova, senhorita Miller. Sabe o porquê estou aqui? Fui alertado que uma das minhas mercadorias foi desviada do destinatário, no mesmo dia em que seu container foi roubado.

— É mentira...

— Mentira? Acha que tenho todo o tempo do mundo para passear na Itália? Estou prestes a casar, tenho grandes responsabilidades na empresa de minha família e ultimamente não tenho tempo nem de me coçar! É quase impossível eu estar aqui para roubar um container qualquer. — a palavra casar foi a que mais me doeu, deixando-me com um bolo na garganta.

Porém, eu não iria demonstrar que aquilo me atingiu.

— Estão roubando nossas mercadorias, então? Justo as nossas? E o que Matteo estava fazendo próximo do porto onde o meu container estava?

— Aparentemente sua priminha e o meu irmãozinho estão tendo um caso no estilo Romeu e Julieta. — revelou, deixando-me atônita.

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