Capítulo 20

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Olívia Miller

Acordei na segunda-feira com Emily praticamente me agarrando na cama, ela dormia um sono tão profundo que tive pena de acorda-la. Deixei que minha amiga dormisse e resolvi descer para almoçar, por ser meio-dia minha barriga estava roncando horrores e só pararia com um bom prato cheio de comidas gostosas do restaurante. Ao chegar no local, vi Henry acompanhado de Alicia e uma sensação conhecida tomou parte do meu peito: Ciúmes.

Eles sorriam um para o outro deixando o sentimento pior e bastante confuso. Fazia um tempo que eu não sentia ciúmes de ninguém e me assustei ao notar que os sinais estavam bastante evidentes. Eu estou apaixonada! Oh céus! Um nó se formou na minha garganta, deixando-me tonta com a descoberta, a fome se foi e aproveitei para voltar para o meu quarto. Praticamente sozinha, pensei no que faria nos próximos dias com esse sentimento, afinal, em nove dias a viagem acabaria e eu voltaria para a minha vida em Nova York.

Emily acordou algum tempo depois e me fez descer para almoçarmos, por sorte nenhum dos dois estavam lá. Nós comemos em silêncio e decidimos ir para a piscina, pois o calor estava terrível. A paz de estarmos naquele lugar, naquela calmaria era impagável, não troco a sensação de conforto por nada dessa vida.

— Vou pegar drinks para nós duas. Estou com sede e não é de água! — Emily disse ao levantar da espreguiçadeira.

Dei uma risada vendo-a caminhar desajeitada até o bar do hotel e voltei a observar a piscina e a vista maravilhosa do local. Por estar de óculos escuros e bem a vontade, não notei a presença de uma pessoa ao meu lado, só fui notar quando essa pessoa ficou na minha frente. Tirei o óculos de sol e a encarei sem entender o porquê dela está ali, praticamente em cima de mim.

— Olívia Miller. — Alicia debochou, sentando na espreguiçadeira onde Emily estava a poucos instante.

— Posso ajudá-la, madame? — devolvi o deboche e ela deu uma risada nasal.

— Pode começar ficando longe do meu futuro marido. — sentei, dessa vez ficando cara a cara com loira.

— Do que está falando? — minha voz praticamente sumiu.

— O casamento está marcado para o próximo mês. — me entregou um tipo de convite. — Meu sogro está cuidando para que tudo seja o mais rápido possível, então para não haver nenhum tipo de escândalo, peço que se afaste de Henry.

Alicia parecia estar falando a verdade, o brilho de seus olhos não negava aquilo. Parecia tão convicta do que estava falando que me assustou.

— E-eu não sabia... Ele me disse que não....

— Homens mentem, querida. Principalmente quando se trata de mulheres bonitas como você. — respirei fundo, tentando não me desesperar. — Por favor, não atrapalhe o meu casamento. Saiba que tudo não passou de uma aventura, quase como uma despedida de solteiro, porém agora temos a data e logo seremos casados... Quanto à você, será taxada de amante... — despejou o veneno, quase como uma facada no meu peito.

Um pouco atortoada, levantei da espreguiçadeira e lembrei do quanto a traição de meu pai feriu a minha mãe, deixando-a em um estado vegetativo. Eu não seria culpada por estragar um casamento, não seria taxada de amante. Onde fui me meter? Corri em direção ao espaço de festas e chorei... Chorei por ter sido enganada, por ter permitido que ele entrasse na minha vida, no meu coração. Me odiei por ser tão sentimental a ponto de me apaixonar por um homem que claramente não sente nada por mim, a não ser tesão. Eu sou uma péssima pessoa!

— Está tudo bem, querida? — ouvi a voz de um homem bem próximo de mim.

Levantei o olhar e vi o homem que reconheci de uma lembrança minha de infância. Ele me olhou curioso, quase como se me conhecesse também.

— Sim, está tudo bem. — limpei o rosto.

— Então podemos conversar aqui? Henry me falou sobre o encontro, agradeço pela sua pontualidade.

O olhei sem entender absolutamente nada. Notei que ele estava com uma pequena mala na mão esquerda e estranhei.

— Encontro? —

— Sou o pai de Henry. — falou, deixando-me atônita. — Ele me contou sobre o casinho de vocês e ressaltou que você sabia do noivado.

Meu coração começou a palpitar forte, como se estivesse prestes a pular da boca.

— Não, isso não é verdade! — garanti, porém ele pouco se importou.

— Meu filho é um homem bom, não merece estar sendo chantageado, mas não julgo você... Sei que sua vida não é nada fácil em Nova York e você viu uma oportunidade gigantesca ao se envolver com Henry. — aquelas palavras me acertaram em cheio, lágrimas de horror tomaram conta dos meus olhos.

— E-eu n-não estou entendendo... — gaguejei, nervosa ao extremo.

— Aqui tem dinheiro o suficiente para você refazer sua vida em Nova York, em troca penso que pare de chantagear meu filho e deixo-o prosseguir com o casamento. Prometo que ninguém saberá das suas chantagens, posso até conseguir um emprego descente para você... — ele parecia preocupado e aquilo deixou-me em total desespero. Não, não sou um monstro! Não sou chantagista! — Henry está nervoso, pediu que eu viesse para ninguém desconfiar, garantiu que você estaria aqui.

É por isso que ele sumiu o dia inteiro, não me mandou nenhuma mensagem, praticamente desapareceu com vergonha de me encarar. Tudo não passava de uma enganação nojenta em troca de sexo fácil e eu caí que nenhuma idiota.

— Senhor, não quero o seu dinheiro, não estou chantageando o seu filho! Por favor, acredite... — O homem me olhou desacreditado e colocou a mala sob a mesinha de centro.

— Não precisa mentir, senhorita. Não vou julga-la e nem denuncia-la por nada, fique tranquila. Apenas guarde sua carta na manga, não é mais necessário... Leve o dinheiro e deixe meu filho em paz!

Levantei do pequeno sofá e voltei a encara-lo, dessa vez menos disposta a ter educação.

— Não estou mentindo, meu caro. É extremamente ridículo o que está falando ao meu respeito, nunca chantageei ninguém, muito menos me envolvi com homens por dinheiro! Sou uma mulher honesta, trabalho e me sustento sozinha. Fique com esse dinheiro e compre senso para você e o maldito do seu filho! Passar bem... — virei as costas, saindo o mais rápido daquele lugar.

Eu estava me sentindo sufocada, enganada e uma tremenda burra! Henry Bianchi irá pagar por isso, ah se vai!

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Giancarlo aprontou bonito com Olívia, usando o trauma contra ela! Boa quarta-feira à todos 💘

Caminhos QuebradosWhere stories live. Discover now