Capítulo 22

288 32 2
                                    

Henry Bianchi

As palavras de Olívia me machucaram de certa forma, como se aquele nosso adeus não fosse o primeiro e por mais que nossa relação fosse apenas uma diversão de alguns dias, ela me faria falta. Voltei para o hotel com a intenção de confrontar meu pai e tirar a limpo a história do dinheiro, levei sorte por vê-lo em um jantar com Carlo, o pai de Alicia. Cheguei na mesa em que eles estavam e meu pai sorriu cínico, deixando-me com mais raiva ainda.

— Pai, podemos conversar? — ele me olha estranho e bebe um gole do seu champanhe.

— É urgente? Estou conversando com Carlo sobre o casamento. — ergo a sobrancelha quase não acreditando no que estava ouvindo.

— Estou no escritório. — é a única coisa que falo antes de dar as costas e ir para o local marcado.

Minutos depois, Giancarlo aparece totalmente em paz, parecia que nada poderia abalar aquele homem e a raiva só crescia ao imagina-lo se deliciar com a minha situação.

— Você atrapalhou o meu jantar de negócios, pode começar a falar. — fechou a porta da sala e caminhou despreocupadamente até a sua mesa.

— Pensei que já tivéssemos conversando sobre o casamento. A minha resposta foi bem concreta, sabe muito bem disso! — Giancarlo me olhou calmo e sentou na sua poltrona de couro, parecia ter um rei na barriga.

— Henry, não me faça perder tempo com as suas bobagens. Sabemos muito bem que esse casamento será proveitoso para a nossa família.

Não sei se pela raiva que fervia meu sangue ou pela capacidade de ironizar aquela situação, mas Giancarlo me dava agonia, enjôo e uma súbita vontade de esgana-lo até a morte.

— Eu li brevemente o contrato e não vejo nada proveitoso nesse casamento. Tem regras muito evidentes no papel, regras essas que me deram vontade de vomitar até as tripas. Você e seu amigo estão nos tratando como mercadoria e isso é repugnante! — despejo, quase sem respirar.

Giancarlo sorri totalmente cínico e une as mãos, olhando-me como se eu fosse uma presa prestes a ser derrotada.

— Não me importo com o que você acha, Henry. O casamento vai acontecer, você querendo ou não! Terá sua esposa, seus filhos e todo o poder que a união entre as famílias dará. Estou fazendo isso por você, não por mim! — em frações de segundos, o rosto daquele que se diz meu pai transformou-se em algo frio e miseravelmente calculista. Ele usaria das piores coisas para me manipular.

— Está tentando me subornar com suas emoções falsas? Pai, você nunca gostou de nenhum filho seu! Sempre nos usou para conseguir o que queria, me poupe dessa falação sua! Quer casar um filho? Case Matteo com Alicia, ele fará isso com todo gosto.

Giancarlo me olhou surpreso pelo pequeno desabafo que fiz. Aquela era a verdade que eu tanto guardava e ansiava para dizer para ele, meu pai nunca deu importância para nenhum de seus filhos, ele nos usou como peões para os seus joguinhos sujos e nada agradáveis.

— Matteo é um bastardo, você é meu filho! Acha que destruirei meu império por conta de um filho vindo de uma diversão? Ora, faça-me o favor! Ele é inteligente, leal, mas não tem o sangue puro da nossa família! Não entende isso, Henry? Matteo é um chiclete grudado no nosso sapato, que infelizmente não podemos descartar.

Caminhos QuebradosWhere stories live. Discover now