Capítulo 50

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Henry Bianchi

— Soube notícias de Carlota? — Matteo mudou de assunto, fazendo-me ficar intrigado.

— Faz algum tempo que não a vejo. — confessei, minha relação com a minha madastra não era lá essas coisas.

— Ela está passando por problemas psicológicos graves e adivinha por quem? Nosso pai! Carlota está doente e Giancarlo é o culpado.

Aquilo me deixou sem palavras. Eu não desejava o mal de Carlota, ela nunca mereceu, sempre foi alegre, sorridente e brincalhona. Minha implicância sempre foi por causa de minha mãe, mas nunca fiz nada contra ela.

— Como você sabe disso? — coloquei as mãos dentro dos bolsos da calça, encarando meu irmão totalmente incrédulo.

— Ela me procurou há uns dois meses, aparentemente não conseguia nem tomar banho. Estava com o corpo cansado, exausta, chorava a maior parte do tempo e não tinha forças para absolutamente nada! Procuramos ajuda e foi constatado depressão. Carlota está tomando remédios fortes para lidar com a maldita doença e ela me garantiu que o relacionamento com o nosso pai a fez adoecer. Não me admira, já que o próprio Giancarlo está enlouquecendo.

E Matteo estava certo. Em todos os anos de minha vida, jamais vi meu pai do jeito que está, principalmente acreditando em rituais macabros. Giancarlo é cético.

— Isso é só mais um dos milhares de motivos que temos para destruir o nosso pai. Pense bem, Henry!

E antes que eu pudesse responder, alguém tocou a campainha. Matteo respirou fundo, caminhou até a porta e fez o favor de abri-la.

Alicia entrou como um vulto, o rosto vermelho mostrava sua ira. Meu irmão despediu-se rapidamente e foi embora.

— Agora encontrei você. — a loira cruzou os braços. — Cheguei na Itália tem dois dias e não encontrei a porra do meu noivo!

— Olha como você fala, Alicia! Está pensando que é quem? — aproximei-me da mulher, que se encolheu com um bico maior do mundo no rosto. Patética.

— Eu sou sua futura esposa! E espero que você não tenha ido atrás daquela... Daquela sem classe!

Revirei os olhos e vi que somente com álcool eu podia lidar com os chiliques de Alícia. Despejei bourbon em um copo e dei um gole generoso, louco para sair dali o mais depressa possível.

— As vezes eu me pergunto como você virou esse ser, Alicia. — falei sincero. Eu não a reconhecia mais.

— O quê?!

— Na adolescência, você vivia andando por aí suspirando de amores, sonhando em viver um romance, casar, ter seus próprios filhos, envelhecer com alguém... E agora está aqui, se prestando ao papel de casar por contrato com alguém que não dá a mínima por você! — cuspi as palavras com certo desprezo, pois era o único sentimento que eu sentia naquele momento.

— E quem disse que eu não estou realizando o que quero? Nós vamos casar, ter nossos próprios filhos...

— Mas eu não vou te dar o amor que você quer! Porquê simplesmente não sinto nada por você e jamais vou sentir.

— Com o tempo você vai aprender a me amar, Henry... — tentou me abraçar, mas a empurrei com leveza.

— Você não entende! Eu não vou ser um marido exemplar, que zela por você e que faz todas as suas vontades. Eu vou te desprezar, te deixar sozinha na maior parte do tempo e não vou encostar um dedo em você. — expliquei e o rosto dela ruborizou.

Caminhos QuebradosWhere stories live. Discover now