Capítulo 49

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Monique Ferrari
Capítulo Bônus.

Acreditava que depois de todas as minhas experiências sobre o amor, meu coração havia fechado e sem intenções de abrir novamente. As decepções nas quais vivi com todos os homens que passaram por minha vida, deixaram um buraco profundo no meu coração, arrastando-me para o assustador bloqueio emocional. Eu tentei, juro, tentei de todas as formas não me apaixonar, não me envolver com absolutamente ninguém. Vesti uma armadura forte, mas não tão forte o suficiente pelo jeito.

Eu fugi do amor por tanto tempo e agora ele conseguiu me alcançar. Logo eu, a pessoa errada para o sentimento mais puro e bonito que era esse sentimento. Matteo, apesar dos inúmeros defeitos, me conquistou de uma forma singela, simples e carinhosa.

Nós passamos bons meses juntos, meses esses que fizeram-me questionar sobre o que de fato era o amor e, por incrível que pareça, acabei me pegando com uma revelação estranha e assustadora: Matteo era o meu primeiro amor. Os outros eram paixões momentâneas, sem um terço do sentimento que tenho pelo maldito Bianchi. Mas nem tudo é perfeito e pela primeira vez também, acabei me vendo em uma situação desagradável: A dor, o sofrimento pelo o amor.

E, se não bastasse o que havia acontecido, agora, eu estava aqui, no banheiro de um hotel, encarando um teste de gravidez com duas listrinhas bem visíveis em minhas mãos; Grávida. Oh céus! Eu estava grávida de Matteo. Meu coração acelerou, minhas mãos começaram a tremer e lágrimas de agonia inundaram meus olhos.

Um bebê? O que eu faria com um bebê? Eu nunca quis casar, ter filhos ou algo do tio. Casei por obrigação, me protegi de todas as maneiras possíveis e existentes, justamente para não colocar uma criança inocente nesse mundo perigoso em que vivo. E por um deslize com Matteo, o meu inimigo, acabo engravidando. Eu já estava suspeitando, por isso fugi no primeiro vacilo de Matteo, fingi que estava namorando e pedi que ele me deixasse em paz. Porquê eu não estava conseguindo assimilar uma possível gestação e agora que vejo que realmente é verdade, não consigo pensar, nem respirar. naquele momento, o banheiro ficou pequeno demais, o vestido estava apertado demais e a forte ânsia de vômito fez-me vomitar até as tripas no vaso sanitário.

Um bebê! Eu vou ser mãe! No auge dos meus trinta anos, completamente perdida e sem saber de nada sobre a maternidade. O que diabos vou fazer? Deixei o teste na pia e com muito custo, caminhei de volta para o quarto. Pedi que me trouxessem um remédio para dor — naquele momento a minha cabeça parecia que ia explodir a qualquer momento. E pensei no primeiro segundo que o remédio poderia fazer mal ao bebê, então cancelei o pedido. Resolvi beber uma dose de uísque... Mas álcool deve ser ruim para a criança, não é? Droga! Droga!

Deixei o hotel em que estava hospedada e caminhei pelas ruas da cidade, sozinha e desesperada. Meus pés me levaram a uma loja infantil, assustada, me amaldiçoei por ser tão idiota. Porém, ao ver todas aquelas peças de roupas, enxovais, brinquedos e sapatinhos fofos, meu coração derreteu.

— Oi, posso ajudar? — a voz da vendedora acordou-me dos meus pensamentos. Quando vi, estava com uma peça de roupa azul, detalhada com desenhos de aviões pequenos e ursinhos da mesma cor.

— É... — olhei para a mulher e logo depois para o macacãozinho. — É presente para uma amiga. Ela vai ser mãe, sabe? E não entende de nada sobre, muito menos eu, que tento ajudar da melhor maneira possível...

— Nós temos alguns livros sobre maternidade, gravidez. Pode ser uma boa ajuda para a sua amiga.

Livros... Ótimo! Livros sobre bebês e... Será que eu realmente quero um bebê? Neguei com a cabeça. Esse pensamento deixou meu coração apertado e tive vontade de chorar.

— Eu vou querer todos. — a mulher me olhou sem entender. — Os livros. E pode embalar esse macacãozinho... E aquele também. — apontei para um conjuntinho masculino... Oh céus! Eu não sei se é um menino ou uma menina. E também não sei se tenho direito de escolher o que ele ou ela vai vestir... E se o bebê não gostar de pronomes? Minha cabeça girou por um momento e eu fui obrigada a sentar.

— A senhorita ficou pálida. — a vendedora disse, entregando-me um copo com água.

— Eu estou um pouco doente. — menti, bebendo a água em goles generosos.

— Entendo. Vou pegar os seus livros e as roupinhas que escolheu.

Assenti, terminando de beber a água. Meu celular tocou, dando-me um susto daqueles, atendi um pouco tonta ainda e notei que se tratava de Olívia.

"Pensei que você fosse voltar hoje. Estou precisando da sua ajuda com uma coisa."

"Tive um pequeno problema aqui, mas pegarei o vôo pela manhã. Você resolveu sobre o container?"

"Não, mas tenho uma suspeita de quem tenha pegado. Você precisa voltar, Monique! Nós estamos com problemas sérios."

"Você não imagina o quanto. — olhei para a minha barriga e um frio percorreu a minha espinha.

Desliguei o celular com a promessa de que pegaria o primeiro vôo pela manhã e depois de comprar os livros e as roupinhas, peguei um táxi de volta para o hotel. Ao chegar no meu quarto, joguei os livros na cama e enquanto olhava o macacãozinho azul, pensei se realmente aquela criança estaria a salvo comigo. Parecia tão egoísta, mas ao mesmo tempo, algo havia aflorado dentro de mim... Uma necessidade de protegê-lo de tudo e de todos, principalmente do genitor e da família maluca.

Família maluca. Logo me dei conta de que Giancarlo Bianchi precisava do primeiro neto para fazer um ritual macabro e meu coração disparou novamente. Ok, ele queria uma criança vinda de Henry, por ser o filho primogênito e de um casamento perante as leis da igreja, mas e se com a notícia dessa criança ele mudasse de idéia? E se existisse uma brecha para esse ritual estranho?

Matteo não pode saber do bebê, não pode mesmo! Vou esconde-lo, protegê-lo a todo custo.

Caminhos QuebradosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora