Capítulo 59

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Henry Bianchi

Alicia me acompanhou até a mansão de minha família ao anoitecer. Era uma exigência de Giancarlo e para evitar, resolvi obedece-lo, pelo menos por enquanto. Carlota nos recebeu sorridente e notei que ela estava bem melhor do que anteriormente, que assim seja. A casa estava arrumada, a mesa de jantar repleta de pratos, copos e talheres, e uma música suave tomava conta de nossos ouvidos, era assim que meu pai gostava de organizar jantares familiares. Fomos recebidos muito bem, Carlota convidou minha noiva para desgutar de sua companhia enquanto o jantar não era servido.

Meu pai estava fumando um charuto, acompanhado de uma dose de uísque. Ele parecia bem, mas algo me dizia que era somente aparência. Me aproximei com as mãos enfiadas no bolso e sorri para ele, tentando não demonstrar qualquer suspeita. Paola estava a caminho de Itália, logo, precisávamos de uma prova de que Giancarlo não estava bem mentalmente.

— O que está olhando? — ele perguntou, acordando-me dos breves pensamentos.

— Não fale assim comigo, estou apenas próximo ao meu pai. Posso? — olhei para a caixa de charutos aberta.

— Pegue. — concedeu. — Paola me ligou, está ansiosa para o seu casamento.

— Estou louco para revê-la e estranhando o fato do casamento com Pietro não ter dado certo. O que achou disso, meu pai? — peguei um charuto, cortando-o com a lâmina e acendendo-o em seguida.

— Sua irmã tem minhocas na cabeça, Henry. Não me admira que Pietro tenha notado antes de cometer a sandice de toma-la como esposa. — deu um gole no uísque.

Ergui a sobrancelha, completamente surpreso com o modo em que Giancarlo falou de Paola. Ela era sua filha mais próxima, apesar de viver viajando juntamente de nossa pai.

— O jantar está servido! — Carlota anunciou com um sorriso contente nos lábios.

Os quatro dirigiram-se até a mesa e os funcionários nos serviram da melhor maneira possível. Alicia parecia calma, serena com aquele jantar, já eu, bom, estava a beira de um ataque. Sabe quando sente seu coração sufocar? Era daquela forma que o meu estava! Pessoas indesejáveis, ambiente pesado e uma sensação sufocante de agonia.

— Já fez a última prova do seu vestido, querida? O casamento está próximo. - Carlota perguntou, puxando assunto.

— Sim, ele está em perfeita ordem e pronto para ser usado. Creio que meu futuro esposo ficará contente ao vê-lo. - sorriu, passando a mão em meu ombro.

Engoli seco com o gesto, completamente desconfortável com aquela situação. Era estranho e sádico a forma como ela tratava tudo aquilo, como se não tivéssemos casando apenas por um contrato assinado.

— E espero que muito em breve esse casamento dê frutos. — Giancarlo começou, encarando-me frio. — Ainda quero o meu primeiro neto.

Carlota estava bebendo champanhe e acabou engasgando, coisa de segundos.

— Deixe-os curtir a lua de mel e o primeiro ano de casados, meu amor. Ainda é cedo para filhos...

— Eu estou disposta a ter o meu primeiro filho rapidamente, assim como a vontade de meu adorado sogro. Já parei com o anticoncepcional, sou uma mulher saudável e... Aguardamos o resultado das núpcias. — fingiu estar envergonhada, mas aquilo não colou muito. Alicia era ambiciosa, sabia o quão valioso era o bebê, mas mal ela sabia que há algumas semanas venho pensando em uma vasectomia, já até entrei com o pedido para o meu médico. Se tudo der errado, esse será o meu plano B e criança nenhuma pagará por erros de minha família.

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