Capítulo 55

127 18 0
                                    

Olívia Miller

— O processo já estava em andamento há semanas, mas só foi relevado agora, um dia depois da chegada do nosso querido primo. — Monique explicou assim que cheguei em casa.

— E o advogado? Precisamos de um advogado imediatamente! — cruzei os braços sentindo um calafrio percorrer o meu corpo.

— O doutor Douglas está a caminho, Olívia. Não temos muito o que fazer, tudo está indo rápido demais! Rafael planejou um golpe certeiro contra nós...

— Maldito! — rosnei. — Você não pode se preocupar com isso, Monique. A gravidez... Sabe que é de risco, não sabe?

— Eu sei, Oli. Estou tentando ficar calma, mas é complicado! Rafael é um golpista, não medirá esforços para arrancar alguma coisa de nós duas. Sem falar que.... Meu Deus! Ainda estamos devendo as drogas e o Don Expedito não retorna as minhas ligações! — bufou, voltando a sentar na cama.

— Disso você pode ficar tranquila, falarei com alguns amigos e resolverei essa situação. Descansa, por favor. — pedi preocupada.

▪️▪️▪️

— Senhorita Ferrari. — Don Elias me recebeu com vinho e bastante comida. Ele era um grande sócio do meu falecido tio, minha única solução era ele.

— Senhor. — fiz reverência e sentei à mesa. Fui servida por um funcionário e saboreei o a bebida.

— Eu fiquei sabendo do ocorrido com o container. — ele foi direto ao ponto. — Foi uma grande quantidade perdida.

— Sim, foi. Estávamos um pouco perdidas com a morte do meu tio, mas estamos tentando nos recompor dia após dia. — coloquei a taça sob a mesa. — O produto tinha um destinatário importante e influente no nosso meio. Eu sou nova nessas coisas, pensei em devolvê-lo o dinheiro, mas minha prima aconse...

— Olívia, isso é loucura! Pode até devolver o dinheiro, mas pelo que conheço, sei que ficarão com uma má reputação entre os clientes. A responsabilidade é um ponto alto quando se trata de tais produtos. — acendeu um charuto. — Se não consegue proteger sua carga de um mero roubo, não consegue ser a rainha que seu público merece.

— Eu sei, mas... Venho aqui pedir sua confiança em nos conceder toda a cocaína perdida pelo roubo. Garanto que será devolvida nas próximas semanas e...

— Não sei se posso ajudá-la, mas aconselho que a senhorita volte com as mulas e com os prostíbulos. Enrico se manteve na posição que estava por causa da inteligência.

— Peço desculpas se estou faltando com respeito, mas não queremos mulheres sendo menosprezadas e em total risco por conta de nossos negócios. Sei que não é o certo... Mas corremos o risco para proteger nosso...

— Olívia, o seu coração bom não a levará para lugar nenhum. — soltou a fumaça em minha direção. — Não vou garantir que a cocaína estará em suas mãos, mas posso falar com o seu cliente e pedir mais alguns dias. Consiga o produto o quanto antes ou terá que aguentar as consequências da sua bondade. — concluiu.

Desnorteada, me dirigi até o bar de minha família e bebi algumas doses de uísque. Eu já estava farta de todo aquele trabalho e da preocupação que ele me causava.

— Oli. — era a voz de Matteo. O homem sentou-se ao meu lado, tinha um óculos escuro no rosto.

— Matteo, quanto tempo. — forcei um sorriso. O cansaço estava me deixando indisposta e irritada.

— Você está pálida e com olheiras de uma noite mal dormida. — comentou debochado. Realmente, depois da minha inesquecível noite, não preguei mais os olhos. O processo acabou com a minha felicidade momentânea.

— É bom te ver também. — debochei, virando mais um copo.

— Está assim por causa do casamento do meu irmão?

Revirei os olhos, aquilo era o menor dos meus problemas.

— Vocês Bianchi se acham a esse ponto? Uma mulher não pode desfrutar de um bom uísque às... — olhei no relógio de pulso — 11:30 da manhã?

— As mulheres podem fazer o que bem entenderem, senhorita. Falando nisso, onde está Monique? Ela trocou de telefone, sumiu da cidade e...

— Você está mandando alguém seguir Monique Ferrari? — cruzei os braços.

— Não preciso de muito para descobrir que sua prima não está saindo de casa. Ela sempre ia em reuniões de trabalho, festas e negociações... O que aconteceu?

— Monique está de férias, bonitão. Ela precisa de um tempo, já que não descansou no luto do pai. — tentei mentir, mas meu estômago revirou de nervosismo.

— Monique não me parece uma pessoa que goste de férias, principalmente quando vocês duas perderam um container lotado de drogas. Fala a verdade, Olívia!

Matteo era um cretino observador e aquilo me dava vontade de soca-lo.

— Eu estou falando a verdade, babaca! Por que você não a deixa em paz? Já não está namorando com outra? Ora, Monique não precisa dos seus restos!

— Como sabe? Oh, é claro! Henry a contou, não é nem novidade. Já sabe também que nosso pai está a beira da loucura? — tomou o meu copo e bebericou.

— O quê? O grande Giancarlo Bianchi está ficando maluca? Que novidade! Solto fogos agora ou depois? — sorri debochada e Matteo revirou os olhos.

— Estou falando porque me importo com Monique e meu irmão se importa com você. Não sabemos até que ponto estão seguras, já que não conseguiram manter um mero container em segurança. — devolveu o copo.

Engoli seco. Não por nós, mas pelo bebê que estava a caminho. Ele realmente não merecia a família que tinha, nem a paterna e muito menos a materna.

— Estamos passando por um momento difícil, mas iremos nos reerguer. Tenho total certeza que em breve tudo estará normal, tranquilo e se possível nos rendendo uma boa grana. — era isso que eu queria acreditar.

— Peça a Monique que me ligue ou eu mesmo entrarei naquela casa armado até os dentes. Ela não pode simplesmente sumir, não pode mesmo! — levantou, me deixando para trás.

Observei Matteo entrar em seu carro e sumir pouco tempo depois. Ele realmente era obcecado por Monique e não vai demorar até que ele descubra sobre a criança.

Naquele início de tarde, me dirigi até o hotel onde Rafael estava. Ele precisava me escutar e saber o quão perigosa posso ser quando se trata da minha família. Se ele tem uma carta na manga, preciso ter mais duas!

Caminhos QuebradosOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz