O lugar estava lotado, havia pessoas que jamais vi em toda a minha vida, poucos eram os conhecidos. Minha irmã estava lá, com um semblante nada bom, mas ao me ver, correu em minha direção e me deu um abraço caloroso.

— Pensei que você fosse fugir para as colinas. — riu. — Casar com essa doida será o seu fim.

— Não seja maldosa, Paola. Você tem muito veneno escorrendo pelo canto dos lábios... — sorri irônico e ela me deu um tapa no braço.

— Carlota não virá a tempo, mas mandou felicidades e uma boa sorte. Ela viajou com o papai para a clínica, achou melhor não deixá-lo sozinho.

— Isso é um boa atitude vindo dela. — e de fato era, Carlota só demonstrava cada vez mais ser uma ótima madastra.

Vi meu "sogro" e minha "cunhada" de longe e estranhei o fato de Emilly não ter vindo, já que ela e Carolina estão em um relacionamento. Me aproximei juntamente de Paola e os cumprimentei cordialmente.

— E finalmente uniremos nossas famílias. — Carlo comentou. — Não vi seu pai até agora, onde está meu adorado amigo?

Ninguém sabia da doença de meu pai, a não ser pessoas bem próximas. Achamos melhor manter tudo no sigilo, pelo menos por enquanto.

— Ele está chegando, teve um pequeno imprevisto. — menti e logo mudei de assunto. — Emilly não veio?

— Ela não conseguiu folga do trabalho, mas desejou felicidades aos noivos. — Carolina respondeu simpática.

— Que pena, fico feliz em vê-las tão felizes. — falei sincero e notei um certo desconforto de Carlo.

— O amor sempre vence. — me pareceu uma indireta muito bem direta para o pai dela, porém fingi que não sabia de nada e mudei o rumo da conversa.

Ao deixá-los, me dirigi até o altar, Alicia já estava a caminho do hotel. De segundo em segundo eu olhava o meu e-mail, ansioso para uma resposta, mas nada vinha. Céus! Será que me negaram isso? Não creio que terei de casar com essa mulher, não depois de prometer a Olívia.

O nervosismo era tanto que minhas mãos soavam e uma sensação de ânsia enchia a minha garganta. Quando o padre se endireitou em seu lugar e as marchas da cerimônia começaram, vi que não havia solução, meu plano não iria dar certo como pensei.

Alicia adentrou o salão, parecia uma rainha com aquele vestido caríssimo que usava. Seu semblante era de vitória, os olhos brilhavam e o sorriso também. Ela acenava satisfeita para os convidados e quando me viu notar, pude ver uma lágrima solitária escorrer pelo meu rosto. Quando ela já estava próxima o suficiente, meu celular vibrou e o ar havia voltado para os meus pulmões: Estou livre.

▪️▪️▪️

— Não. — falei aliviado quando fui perguntado se aceitaria aquela mulher como minha esposa.

Os convidados entraram em choque e murmúrios tomavam conta do salão. Alicia ergueu as duas sobrancelhas em tamanho pavor, parecia incrédula com a minha resposta.

— O quê?! Como assim não? Você está blefando! — me acusou. Seu semblante empalideceu.

— É isso que você escutou, não quero me casar com você. Podemos encerrar essa cerimônia? — falei antes da humilhação ser pior. Apesar de tudo, eu não queria vê-la humilhada.

— Ah, você realmente está blefando! Vamos prosseguir, padre! Meu noivo está um pouco nervoso com tudo isso. Acalmem-se! — disse aos convidados que pareciam agitados com a minha resposta.

— Não posso prosseguir contra a vontade do noivo, senhorita. — o padre respondeu. Meu pai o convidou há meses para o casamento, no fundo, senti pena daquele senhor.

— Não está entendendo, padre. Henry não está bem! Ele me parece ansioso, blefando...

— Eu não estou blefando, Alicia! Eu não aceito me casar com você! Estou saindo, obrigado! — avisei e desci a pequena escadinha do altar.

Os convidados estavam todos surpresos com a minha atitude, o burburinho começou. Carlo tentou intervir, mas não deixei, não queria partir para a violência. Alicia correu atrás de mim, gritando o meu nome, implorando para que eu parasse de andar.

— Não quero que você seja humilhada publicamente, Alicia. Pare de me seguir! — pedi tentando permanecer calmo.

— Você já me humilhou quando me recusou no altar. Acha que a sociedade irá esquecer? Eu serei chacota e por sua culpa! Não lembra que temos um contrato assinado? Quer mesmo ir contra o seu pai? — ela chorava, a maquiagem borrava devido as lágrimas.

— O contrato foi anulado. Mandarei uma cópia para o seu advogado, não temos nada e nem teremos! Siga a sua vida. — me virei para voltar a andar.

— Impossível! Você vai pagar por isso, Henry Bianchi! Eu prometo! — gritou com todas as suas forças.

Saí do hotel e quase ceguei com tantos flashes, as pessoas me perguntavam o que tinha acontecido, mas permaneci em silêncio. Meu motorista abriu a porta do carro e eu pedi que me levasse até a casa de Olívia, no caminho mandei uma mensagem avisando, porém ela me pediu para ir até um hospital. Fiquei um pouco preocupado, mas fiz o que ela pediu.

Durante o percurso, uma chuva fininha começou a cair e aos poucos foi aumentando e aumentando. Cheguei no hospital e desci do carro rapidamente, já estava a ponto de entrar no local, porém acabei me deparando com Olívia na entrada, ela já me esperava.

— Quer dizer que você é um homem descompromissado agora? — ela caminhou pela chuva e aproximou-se de mim, molhando-se inteira.

— Não exatamente. — a puxei pela cintura, pouco me importando com a chuva que nos molhava. Ela me olhou com a testa franzida, como se não entendesse o que eu havia falado. — Eu sou seu agora. — expliquei, colando nossos corpos ainda mais.

Não obtive nenhuma resposta, mas não precisava, pois antes de pensarmos em dizer algo, nossos lábios já estavam juntos em um beijo cheio de saudades.

Caminhos QuebradosWhere stories live. Discover now