Borré

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Lauren olhava para Clara diante de si na sala de estar de sua casa, a mulher parecia muito agitada desde o momento que chegou. Ela havia se levantado logo em seguida para não ser pega por sua mãe jogada no chão da garagem, sabia que teria muito a justificar assim que ela pudesse fazer um extenso interrogatório.

— Ninguém entrou aqui? Como conseguiu fugir? - A tensa pergunta de sua mãe a fez suspirar, sabia que a mentira iria fazê-la desconfiar ainda mais se descobrisse que o fazia, mas não tinha nada em mente que a fizesse assumir o dano de maneira realista.

— Tentaram me roubar na rua, talvez reconheceram que não era uma local, porém muita gente estava em volta, acabaram fugindo temendo a polícia quando um dos caras gritou. - Lauren mentiu, era óbvio que o faria. Clara a olhava profundamente, as mãos na cintura e aquela postura averiguadora e ultra concentrada.

— Eram dois homens?

— Isso mesmo. - Sua facilidade em soltar qualquer disparate diferente da realidade a fazia quase perder o fôlego. Clara assentiu, pensava em seu marido que havia deixado na fisioterapia para não estressá-lo ou deixá-lo preocupado com toda a situação.

— Viram você entrando aqui? Sabem que essa é nossa casa? Talvez podem voltar! - A matriarca tentava prevenir uma repetição de situações.

— Não viram, acho que pode ficar tranquila quanto à isso mãe. - Seu terror estava justamente naquela inverdade, se a seguiram até ali sabiam que sua família estava naquele lugar, podiam voltar e fazer muito pior do que fizeram minutos antes. Seu desespero era tão imediato que somente por provar pensar no passado e no caos que sua vida se colocou depois de se envolver com a mulher de um traficante de maneira inconsequente ela recuava. Não se sentia preparada para enfrentar algo naquela magnitude novamente.

E sabia que manifestar sobre o que estava acontecendo para Karla Navarro era como provocar que o enxame de abelhas se espalhasse de maneira frenética, a mulher não fazia o perfil de esperar sentada enquanto as coisas aconteciam, sua cafetina não era uma peça a ser subestimada, sua mãe havia deixado claro quando interrogou Ashley.

Uma pessoa insana, que priorizava somente o dinheiro, não iria aceitar fácil qualquer sugestão ou abandono.

— Se assustou muito, querida? Fiquei tão preocupada! - Clara fez questão de se aproximar para abraçá-la e acolher entre seus braços. Lauren fingia a cada segundo que não havia sido algo significativo para não entregar que as coisas eram sérias, mas se agarrou ao abraço aceitando o acalento de sua mãe naquele momento.

— Acho que pela ação tão repentina e a maneira como ameaçaram, mas não é nada, eu vou ficar bem. - Sua afirmação pareceu deixar sua mãe mais tranquila, a soltando para que pudesse sorrir e lhe oferecer um pouco de suco para terminar de se acalmar. Lauren retribuiu com educação o sorriso, pensando em seu retorno a El Paso, talvez sua frustração silenciosa estivesse no fato de que sequer podia tecer algum diálogo com a maior interessada na situação.

Não iria colocar sua família em risco novamente por causa de uma mulher, não seria idiota pela segunda vez. Recostou o corpo na cadeira da bancada e suspirou perdida em pensamentos ao imaginar que não podia deixar de emitir pensamentos de frustração uma atrás do outro, tentando raciocinar depois do susto e da surra na garagem.

-

Karla Navarro olhava perdidamente para as caixas lotadas de batom e gloss em seu quarto, as mãos movendo ágeis para empacotar toda a drogas em forma de cosméticos com fitas, sua pretensão era entregar tudo a Normani para que não sobrasse nada consigo que a pudesse fazê-la suspeita a seja o que fosse no futuro.

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