Regreso

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Lauren se moveu em direção a Lyman, suas mãos tocando nos ombros de Padre Hernandez que a olhou profundamente, já estava ciente sobre o que acontecia, seus olhos na face da jovem mulher eram ligeiros e serenos.

— Cuide da igreja. - Ele pediu a olhando firmemente, parecia muito seguro de sua decisão. Lyman o levou apressado, não deixando que a comoção tomasse muito de quem estava ali na igreja, presenciando toda a cena caótica e completamente chocante.

Padre Hernandez era o responsável por aquilo? Como podia ser possível?

Lauren procurou Karla Navarro entre as pessoas, a latina olhava para ela, o copo com o suco parecia perdido entre seus dedos, os olhos castanhos desviaram de imediato para o Padre sendo levado pela polícia. Era chocante para cada ser humano com o mínimo de senso, um padre tão querido pela vizinhança era o principal suspeito de um assassinato?

— Parece que não é só você que guarda segredos nessa igreja. - A latina proferiu perto de Lauren, seus olhos ainda perdidos em Lyman executando urgentemente seu trabalho, o velho senhor estava sendo algemado e foi colocado no carro da polícia logo em seguida. A comoção da comunidade religiosa local era gigantesca, olhavam com verdadeiro horror o carro de polícia partir levando aquele que devia ser a figura imaculada daquele lugar.

Lauren buscou por Consuela, o povo a questionava sobre o que acontecia, parecia ser um entendimento natural de que com a partido do Padre em meio ao caos as responsabilidades caíssem sobre Consuela e Lauren na Igreja.

— Isso é um escândalo, por deus... - Uma velha conhecida de Padre Hernandez falava a Lauren, parecia meio desesperada, as mãos indo ao ombro da mulher como se tentasse entender ou se situar onde estava.

— Consuela, vamos conversar na cozinha. - Lauren pediu gentilmente, tocando nas costas da velha senhora, seu semblante era abatido, os lábios pálidos e a postura confusa. Pareceu aceitar a sugestão de bom-grado sendo guiada por Lauren para longe do caos, ela deixava um recado delicado a quem tentasse pará-las que deviam continuar comendo e aproveitando do que a igreja podia oferecer na festividade, que o problema seria brevemente resolvido.

Assim que Lauren pôde ficar sozinha com Consuela na cozinha, a velha senhora a abraçou sem pensar, as mãos afagando seus ombros entre seu desespero.

— Isso é um mal-entendido, como levam Padre Hernandez dessa maneira? - Sua voz era chorosa ao pé do ouvido de Lauren que retribuía a confortando.

— Vou tentar resolver com Lyman, isso deve ser alguma confusão que fizeram na delegacia. - Lauren falou a confortando, acreditava fielmente que a situação era aquilo, não fazia sentido o que havia acontecido diante de seus olhos ali fora, Padre Hernandez não estava envolvido com nada nessa situação, não era possível e ela nunca acreditaria em algo como aquilo.

— Ele parecia tão sério, você viu? Tão irritado. - Consuela se debulhava em tristeza no ombro de Lauren que tentava ao máximo acalmá-la enquanto por algum motivo se esforçava para conseguir que seu corpo reagisse também daquela maneira, como podia acalentar com efetividade se também estava aterrorizada?

— Eu sinto muito... que situação terrível... - A voz baixa e fingidamente acalentadora veio ao ouvir o som da porta se abrindo, os olhos castanhos refletiam um brilho muito diferente de seu tom misericordioso e gentil. Karla se aproximou envolvendo Consuela em seu abraço, a mão pousando no ombro de Lauren em meio ao abraço triplo, seus rosto próximo o suficiente para se encararem em silêncio em meio ao contato não desejado.

Lauren não conseguia pensar no quanto ela podia ter maldade no coração a ponto de parecer tão satisfeita com o acontecido.

Logo o sorrisinho surgiu no canto da boca da latina, esboçando de tão perto que ela soprou uma provocação rente a seu rosto, o hálito cheirava a morango do suco que havia bebido.

WickednessOnde histórias criam vida. Descubra agora