- Talvez o senhor seja importante para ela. - me encarou, deixando-me ainda mais desconfortável.

- O que o senhor quer em troca dessas informações? - mudei de assunto rapidamente.

- Um colar.

- Um colar? Pelo modo que vive, pode comprar milhares de colares, senhor Montês. - falei, incrédula com aquele pedido inusitado.

- Não é um colar comum. Ele era de Charlotte, a irmã mais nova de Enrico, a mulher que amei por toda a minha vida. - os olhos do velho ganharam um brilho comum. - Não posso morrer antes de vê-lo uma última vez, por favor, traga-o para mim.

Senti a mão quente de Henry sob a minha e meu coração acelerou. O velho esperou ansiosamente pela minha resposta e quando Henry acariciou a testa da minha mãos com os dedos, quase senti meu coração sair pela boca.

- Eu o trarei, senhor Montês. - falei convicta e o homem assentiu em gratidão.

- Fiquem para o almoço, por favor. - ele pediu e contrariando a minha vontade, apenas assenti em resposta.

O almoço foi servido horas depois e, apesar do meu nervosismo por estar ali, tão perto de Henry, fiz a boa moça e almocei junto dos homens. Não sei exatamente o porquê, mas passamos algumas horas com o senhor Montês, ouvindo-lhe contar sobre a vida sofrida que tinha antes de enriquecer. Quando demos conta, já estava no final da tarde e um vento frio adentrou pelas janelas do casarão, avisando-nos que já era hora de ir embora.

- Obrigado pela visita e sinto muito pelo ocorrido de mais cedo. - o anfitrião desculpou-se mais uma vez.

- Mandarei uma pessoa para trazer o seu precioso. - sorri, dessa vez sincera.

- Tenha cuidado com Rafael, senhora Ferrari.

Assenti sentindo um arrepio estranho percorrer minha espinha. Depois de nos despedir do mais velho, entramos no carro de Henry, dispostos a irmos embora, porém o céu quase escuro estava nublado, quase avisando que iria cair um temporal.

- Que droga! Será que vai chover? Justo agora que estamos indo para casa.

- Não sei, vamos nos apressar. - Henry ligou o carro.

- A única coisa que desejo é chegar em casa e tirar esses malditos sapatos. Estou exausta! - reclamei.

O carro ligou conforme a nossa vontade e enquanto seguia o percurso, notei certos olhares de Henry. Como se ele quisesse me dizer algo. Liguei o rádio do carro e a primeira música que começou a tocar foi Bruno Mars - Talking to the moon. Quando tentei mudar, Henry foi mais rápido e segurou a minha mão.

- Não mude. - murmurou.

I know you're somewhere out there
Somewhere far away
I want you back, I want you back
My neighbors think I'm crazy
But they don't understand
You're all I had, you're all I had

Aquela música era perfeita, mas não para aquele momento. Meu coração apertou ao lembrar das noites em Las Vegas, de como a lua reinava no céu e de como eu era feliz mesmo não fazendo ideia do que estava acontecendo dentro de mim em relação aquele homem ao meu lado.

Talking to the moon
Trying to get to you
In hopes you're on the other side talking to me too
Or am I a fool who sits alone talking to the moon?
Oh-oh


-

Sabe, depois que você foi embora e... Eu tive que voltar a minha antiga vida, dessa vez com novas responsabilidades, por muitas vezes encarei a lua da vidraça do meu apartamento e me questionei se você estava feliz, se estava bem com todas as coisas que estavam acontecendo em sua vida. Acredite ou não, eu passava horas olhando a lua, pensando em você, se você ainda pensava em mim, se ainda existia chance para nós dois.

Engoli seco com aquelas palavras e me encolhi no banco do carro. Nem eu entendia o porquê das nossas vidas seguirem caminhos diferentes, mas ao mesmo tempo quebrados e sem conserto algum.

- Henry... - antes que eu pudesse estragar o momento, pingos de chuva caíram do céu.

Talking to the moon
Trying to get to you
In hopes you're on the other side talking to me too
Or am I a fool who sits alone talking to the moon?

Ah-ah, ah-ah, ah-ah
Do you ever hear me calling?
(Ah-ah, ah-ah, ah-ah) oh-oh-oh, oh-oh-oh

A chuva aumentou consideravelmente, deixando o clima ainda mais propício a....

- Por que está parando o carro, Henry?

Sim, ele havia parado o carro no meio da estrada e em um movimento rápido, colocou a mão em minha nuca, encarando os meus olhos.

- Porque passei o dia inteiro querendo fazer isso... - me puxou, colando nossos lábios depressa, como se ele precisasse daquilo mais do que tudo.

Caminhos QuebradosWhere stories live. Discover now