6 - Saindo de Fininho

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O rosto grudado na poça de baba sobre o peito desnudo a fez saltar

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O rosto grudado na poça de baba sobre o peito desnudo a fez saltar. Ayla escancarou os olhos e os esfregou. Atordoada e sonolenta não compreendia o momento. Nua? O coração disparou. Como assim? Tateou o próprio corpo como se o gesto desse substância a ocasião. Por que seguiu os conselhos da bruxa doida? Transaram? Ela e Nik transaram? Não se lembrava de nada. Por que não se lembrava? Não, não era possível. Entretanto, o lençol revirado, o cheiro de suor e a nudez não pareciam dizer o contrário.

Ergueu-se, enérgica, conquanto silenciosa. Tomou a ponta da coberta e a elevou. Estava nu! O ruivo estava nu! Mergulhou os dedos entre as madeixas e apertou os lábios para não gritar e praguejar. Como assim tinha transado com o amigo da Beatrice e sequer lembrar? O destino ou o cérebro estava de sacanagem. O cérebro com certeza, pois a cabeça latejava de dor, a boca seca implorava por água e a consciência insistia em condená-la por não lembrar. Santo Deus! Se comportou? Consentiu? Foi bom? Maldita ressaca! Água!

Procurou as peças do moletom emprestadas por Andras. E depois de um longo tempo buscando, as encontrou nos lugares mais inesperados. Se vestiu. Ao deixar o quarto, a sensação de angústia e perigo a invadiu de novo. Onde estaria Beatrice? Porque despertar e notar estar na mesma casa, dormindo com o ruivão e mais louca do que nunca, eram provas inquestionáveis do estado de consciência no qual se encontrava. Estava acordada.

E Beatrice devia explicação. Claro que era culpa dela. Caminhou até a sala de estar onde ficaram na noite anterior. Milhares de garrafas vazias espalhadas pelo chão, nenhum copeiro ou criado, ou qualquer dos convidados esquisitos da festa da qual não participaram. Retornou para o andar superior. Nas pontas dos pés, silenciosa e bisbilhoteira como sua própria mãe a ensinou com tanta maestria ser, abriu porta em porta e depois de quatro ou cinco, encontrou Beatrice. Dormia com a cabeça apoiada no peito nu de Gar. Andras aninhado nela, depositava, feito anjo, a cabeça perto da nuca da bruxa assanhada.

Que deus protegia aquela menina? Decerto o mais pervertido.

E agora? O que fazer? Por que a maluca dormiu justo com Andras? Seria possível acordá-la sem despertar aos homens? Ai, Ayla... Ayla, como você consegue se enfiar nesse tipo de situação? Se ao menos tivesse dado ouvido àquele anjo desvairado, estaria na sua casa em paz.

Agradeceu por Andras ser rico ao escancarar a porta. Se fosse na casa dela teria acordado o bairro todo só com o ranger das dobradiças. Caminhou nas pontas dos pés, praguejando os joelhos e tornozelos, pois insistiam em estalar. Quanto mais queria ser silenciosa, mais o mundo fazia barulho.

Os pés de Beatrice estavam descobertos. Não tinha certeza se puxá-los tratava-se de uma boa ideia. Prendeu a respiração no momento em que Andras inspirou fundo e jogou o braço sobre o corpo da bruxa apetecida. O diabo pressentia. Deu alguns passos em direção a porta. O demônio tarado podia estar acordado. Ou pressagiou a aproximação dela? Quem poderia afirmar se tinha ou não poderes paranormais? O braço sobre a bruxa soava como alerta. Avisava para não se achegar.

E o Verbo Se Fez Carne  ⚠️Completo⚠️Where stories live. Discover now