A Coisa Mais Difícil Que Eu Já Disse

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- Por que defende ela Joseph?

- Não estou defendendo ninguém! - alterou a voz.

- Está sim! E aquele dia você poderia ter me defendido, ficado do meu lado!

- Analu por favor, não tinha do que te defender. - colocou as duas mãos na testa - Vocês duas estavam erradas, eu fui o único que pensou na aniversariante e na festa, eu não queria estragar o dia da Tória!

- Talvez nisso eu tenha errado, mas as vezes as mulheres tem que descer do salto e defender o que é seu. Se eu soubesse antes que dava aula para uma menina como ela, em particular, pode ter certeza que meu ciúme teria chegado bem antes...

- Ciúmes para que? Eu amo você, a única pessoa que eu quero na cama comigo é você! É totalmente desnecessário essas atitudes adolescentes!

- Eu viajo muito... e se em um momento de carência seu, ela te desse bola, você não ficaria com ela?

- É até horrível ver você falando isso! Se estou com você a tanto tempo, e sempre suportei suas viagens, por que faria isso agora?... Eu não trocaria você por nada! Mas você sempre me troca pelo seu trabalho.

- Não seja egoísta!

- Você acha que é facil para mim acordar e não te ver ao meu lado, ou precisar de você e não poder contar com sua ajuda, porque está em outra cidade, outro estado, ou até mesmo em outro país!

- Para mim também não! Você fica ai me julgando por causa do meu trabalho e não pensa que você passa uma boa parte do seu tempo na escola!

- Faço isso para fugir da falta que você me faz! Você quer o que? Que eu passe todo o tempo que você está longe aqui me lamentando?

- Não quero que se lamente. Só não fale do meu trabalho como se você não trabalhasse muito também!

- Você se importa com o seu trabalho mais do que comigo não é?

- Que draminha é esse Joseph? Claro que não!

- Você NUNCA abandonaria uma viajem de trabalho por mim!

- Se houvesse necessidade, claro que sim. Para de falar de trabalho, porque não estou brava com você por isso.

- Então está brava comigo? Eu não sou culpado pelo que as pessoas sentem por mim okay?

- Pelo que a MARIA sente por você, seja mais exato! E que bom, então você percebeu que tem sentimentos da parte dela. Será que ela sente atração por você? Atração evidente que sim...

- Não sei o que ela sente Analu, mas também não me interessa caramba! Eu sou professor dela! - me cortou.

- Quem sabe isso não seja um fetiche dela. - fui irônica.

- Quanto mais você fala sobre isso, mais eu acho ridículo! Então pensa, como você acha que foi para ela pegar a gente naquela situação de hoje. Analu estávamos quase transando na sala!

- Está se importando com os sentimentos dela agora?

- Não é isso. Foi constrangedor pra mim, imagina para ela.

- Eu não estou nem ai pra ela! - disse me aproximando ainda mais dele - Ela poderia ter chegado alguns minutos depois, para ver o quanto a gente se ama... Eu quero que ela fique longe de você Joseph...

- Você quer que ela saia da escola? É isso?

- Se for preciso, sim.

- Analu... - segurou em meu braço - Eu nunca reclamei dos trabalhos que você faz com homens. Então não venha querer me impedir de dar aulas para mulheres okay? Porque do mesmo jeito que sempre confiei em você, você poderia confiar em mim!

Olhei em seus olhos e para sua mão que apertava o meu braço, e senti vontade de chorar. Não que ele estivesse me machucando físicamente, mais sim porque ele nunca tinha feito aquilo antes.
  
Segundos olhando em seus olhos, puxei meu braço de sua mão e peguei minha bolsa no sofá, Joseph não hesitou e a arrancou de minha mão.

- É isso que ia pegar não é? - perguntou tirando o maço de cigarro dela.

- Sim é isso! - peguei o maço de sua mão.

- Analu, por favor, para de se torturar com isso, já não estamos conversando? Vamos resolver as coisas.

- Não estamos conversando Joseph, estamos brigando! - agora meus olhos se encheram - Você nunca falou assim comigo, nunca discutimos desse jeito, meu amigo cigarro vai me fazer bem. - a primeira lágrima rolou.

- Isso que acontece quando não tem confiança, os casais brigam, ou quando alguém tem atitudes adolescentes. Só não consigo entender o porque disso está acontecendo agora, depois de tantos anos e é a nossa primeira briga. - disse me olhando com aqueles olhos azuis arrebatadores.

- Acho que minha cota de tolerar mulheres dando em cima de você se esgotou e eu não quero passar por uma discussão dessa de novo, me machucou, machucou você... - acho que ele entendeu a onde eu queria chegar, me olhou não acreditando.

- Me desculpa! Eu não queria te machucar, mas... - não deixei que continuasse.

- Joseph, vamos dar um tempo...

- Você sabe o que eu sempre pensei sobre casais que dão um tempo.

- Eu sei, você acha que isso vai distância-los, e eles nunca mais vão voltar a ficar juntos...

- Então não vamos fazer isso com a gente. - ficou bem próximo à mim.

- Eu preciso disso...

- Você só está assustada por causa da discussão Lu, não precisamos de tempo algum.

- Joseph... - me afastei dele - Eu quero terminar com você. - não sei como aquelas palavras soaram para ele, mas sei que foi a coisa mais difícil que eu já disse em toda minha vida.

- Analu, por favor, eu te imploro, suplico, não faça isso com a gente por causa de uma briga!

- Preciso de um tempo, para pensar nas minhas atitudes, nas suas... em tudo! - peguei minha bolsa que ainda estava na mão dele.

- Amor... - aquele olhar estava acabando comigo, precisava sair da li o mais rápido possível, senão voltaria atrás.

- Eu preciso! - passei por ele.

Assim que fechei a porta, parecia difícil até respirar. Entrei no elevador enquanto chorava desesperadamente. O elevador abriu e eu ascendi meu cigarro e passei correndo pela portaria.

...

Duas VidasWhere stories live. Discover now