·18· Dever & Querer

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Depois de todo esse tempo?
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Régulus Black
05/08/1978

Ele pensava que não podiam existir dias piores que os ruins e os mais que ruins, porém o pensamento humano está em constante mudança influenciada pelo meio e sempre, absolutamente sempre, dá sim para algo piorar.

Foi isso que aconteceu, então existiam os dias péssimos que não o faziam somente desejar um Obliviate deles, isso ele já sentia nos ruins, mas também um meio de mudar quem era para outra pessoa.

Aquele sentimento pesado o preenchia. Não. Preenchia era pouco. Era como se estivesse alojado em seu peito o tomando, infectando seu interior enquanto seu exterior era a máscara neutra de sempre.

Devia a manter firme e no único momento em que pudera a tirar estava tão  exausto que caira num sono profundo e incrivelmente sem pesadelos. Acordara bem mais tarde que o habitual, já ciente disso o pensamento foi que logo a voz brava de sua mãe retumbaria em seus ouvidos, porém não foi isso que houve porque haveria um jantar e ele deveria estar apresentável, sem indícios de cansaço.

Afinal não era apenas um jantar, era um banquete de comemoração que fazia sentido apenas nas mentes deturpadas da maioria dos presentes.

Porque a tortura arrastada e deliciada de pessoas não era de modo algum algo que justificasse uma comemoração.

Contudo ele vestira a nova roupa formal trazida pelo pai e fizera seu papel com a perfeição de sempre, ele se esforçara para aparentar uma felicidade com o reconhecimento dado em um brinde a todos os participantes daquele evento e levantara sua própria taça quantas vezes eles quisessem, a maioria delas em honra a Alex Nott e Régulus nunca se pegara tão grato por alguns filhos serem completos opostos dos pais.

Além de parte da aparência, não tinha nada de Alex em Theodore Nott. Não tinha aquele sorriso cruel, aquela satisfação tão pura por ter feito algo tão desumano, mas o mais assustador não era nenhuma daquelas coisas.

Era como ele esboçava menos frieza, quase beirando até gentileza, com a esposa ao seu lado e não passara despercebido pelo Black a reprovação, inutilmente tentada ser escondida, do Nott mais velho. Ele só poderia imaginar como deveria ser crescer no meio daquilo, tão ruim ou até pior que na Muy Antiga e Nobre, Theodore era um verdadeiro sobrevivente e rebelde.

Pensar no garoto o levara logo a pensar em Mêtis que acarretou em lembrar de Helena. Ela parecera preocupada com ele, um tanto assustada e ele odiara aquilo, precisava mostrar que estava bem, até porque ela poderia decidir contar para Héstia e Sirius que o matariam se soubessem que ele estava se esforçando para os manterem desinformados e pior, ficariam ainda mais preocupados.

Ele não precisava daquilo, eles não precisavam daquilo. Se algo importante para a guerra ocorresse ele informaria, mas o restante não chegaria aos ouvidos deles e fora um tolo de contar demais para Sirius aquele dia, tinha sido um alívio e muito bom sentir que tinha um porto seguro, mas ele se tornara mais preocupado, Héstia também e eles não deveriam desviar suas atenções para ele como se fosse uma criança prestes a cair feio, uma criança feita de porcelana que se quebraria com a queda.

Aqueles pensamentos fizeram sentir que colocar em prática o plano que tinha bolado valia o risco e era até meio engraçado o fato de que ele estava literalmente dando batidas numa janela dos fundos de uma casa.

(In)quebráveisWhere stories live. Discover now