·01· Valer a pena

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Depois de todo esse tempo?
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Régulus Black

13/07/1978

Era a véspera do aniversário de Régulus e mesmo que fosse fazer os esperados 17 anos, não havia animação nele por isso. Quando era criança havia um pouco por causa dos presentes que ganhava, eram miniaturas de vassouras colecionáveis, livros em edições de luxo, caixas enormes cheias dos melhores doces, entre outros. Eles não economizavam, não porque sentissem afeto pelo garoto, era uma oportunidade de se mostrarem e eles nunca perdiam uma.

Então a animação pelos presentes tinha sumido também e se forçava a se mostrar contente com o jantar de aniversário que seus pais preparavam todo ano. Era tediante, ele via por trás das aparências de cada um com facilidade: quando sua mãe girava a taça com vinho na mão sem parar enquanto o pai falava era porque estava de saco cheio para escutá-lo, o gesto de tia Druela de mexer na pulseira sem parar tinha intenção de chamar atenção para seu novo acessório. A única que Régulus acreditava realmente que estava ali porque achava seu aniversário algo importante era Narcisa, mas poderia apostar que ela achava que jantares como aquele eram o jeito errado de festejar mais um ano de vida.

E com certeza eram, ele respirou fundo expulsando aqueles pensamentos. O jantar seria na próxima noite, deveria focar em aproveitar seu passeio ao Beco Diagonal.

Tinha tomado um sorvete de chocolate, seu preferido, na Soverteria Florean Fortescue. Tinha passado na loja de artigos de quadribol e comprado um estojo para manutenção de vassouras, voar era uma de suas coisas favoritas, infelizmente o tempo que tinha para isso tinha sido reduzido por causa de suas funções como comensal.

Um calafrio passou pelo Black assim como toda vez que a palavra comensal lhe passava pela mente. Como pudera um dia cogitar ser um servo de Voldemort? Quão tolo, idiota e ingênuo era ao almejar aquilo? Agora bile surgia sempre que pensava naquilo, na dor estampada nos olhos das pessoas, nos pedidos de misericórdia, na confusão clara dos trouxas atacados, somente treze dias de volta para casa e já tinha acompanhado ataques que deixariam lembranças marcadas em sua mente. Sabia que perceberiam que estava de canto, então se forçara a fazer feitiços suficientes para não surgirem suspeitas, era o preço por sua escolha, era necessário para sustentar seu posto e assim ter espaço para ter informações e passá-las para a Ordem. Dor de um que ajudava a salvar outros, era simples assim, pelo menos era o que Black tentava se convencer.

--Boa tarde.-- uma voz cumprimentou o sonserino que tinha acabado de entrar na Floreios e Borrões.

--Tarde.-- devolveu prestando atenção na mulher que o atendia.

Parecia de algum modo familiar, os cabelos pretos estavam soltos mas contidos por um enfeite para não ficarem caindo no rosto, os olhos eram azuis tão claros que quase pareciam uma mistura da cor com verde, ela não chegava a 1,70 metros e alguns anéis eram usados.

--O que deseja?-- ela pergunta.

--Não tenho um título em mente, vim dar uma olhada.-- diz.

--Posso sugerir algum?

--Pode sim.--responde e a segue por um dos corredores.

(In)quebráveisWhere stories live. Discover now