Capítulo 44

55.1K 3.7K 2.1K
                                    

| Maia Alencar 📍|







Três dias depois do ocorrido que aconteceu aqui os dias estavam calmos, até demais. No primeiro dia a favela teve toque de recolher, nada abriu por um dia inteiro, isso foi uma ordem dele, ninguém em sã consciência desobedeceu ele. Até no jornal esse lugar foi parar, a notícia de mais dois baleados e uma criança passando na tela de jornal não me deixou impressionada, o que me deixou foi a polícia alegando que somente se defendeu porque foram recebidos com tiros assim que chegaram, o que claramente não foi assim que aconteceu.

Eles distorceram tudo...

— Como se sente ? — pergunto a criança deitada na cama do hospital.

No dia eu não tive notícias dele, nem ao menos consegui dormir direito, fechava os olhos e sempre via na minha mente o tiro acertando o menino e ele caindo no chão. Só tive notícias dele no dia seguinte e foi pelo Escorpião, depois de mandar uma mensagem pra ele perguntando se o garoto tinha sobrevivido ele respondeu, o que foi um milagre a mensagem chegar rápido dizendo.

— A comida daqui é horrível tia — Gabriel diz baixinho.

Três dias vindo aqui visitar ele direto, a mãe também estava junto com a criança no colo. O garoto chegou em estado crítico aqui, a bala perfurou a parte de trás da suas costas, quase acerta seu coração, o tanto de sangue que perdeu precisou de transfusão, não pensei em duas vezes em doar quando descobri ser compatível com ele, já que sua mão não pode por ser alcoólatra não tinha muitas escolhas.

— Você quer traga alguma comida pra você ? — pergunto — Claro que escondido — fala baixo fazendo ele rir.

— Quero joelinhos e mini pizza — diz baixo também, concordo.

— E a senhora deve estar com fome, quer alguma coisa pra comer ? — ela estava sentada na poltrona azul com a criança dormindo no seu braço, me entristecia o jeito em que ela estava com o menino de meses, nítido que precisava de ajuda — Posso comprar aqui enfrente Angela — digo a mãe do Gabriel.

— Não precisa se incomodar, mais tarde eu vou em casa como e volto — fala — Você pode ficar de olho nele quando for ? Não tenho ninguém pra olhar ele e depois eu tenho que voltar pra dormir aqui — diz cansada.

— Claro que posso ficar, não precisa se preocupar — sorri como forma de agradecimento.

O quarto era grande, dividia com mais oito crianças. Gabriel deitado mexendo no celular em que eu emprestei pra ele, me retiro da sala indo atrás de alguma coisa pra comer e comprar também pra ele.

Do lado de fora vou atravessando a rua pra comprar algum lanche enfrente a uma barraca improvisada, mas antes que eu chegasse escuto a buzina da moto, viro vendo o Mindinho me chamando, ando até ele que me cumprimenta com um beijo na cabeça.

— Como tu tá, madre ? — reviro os olhos pra ele — Qual foi, Escorpião mandou isso pro garoto — estende duas bolsas.

Em uma tinha coisas básicas de higiene, até mesmo roupa pro garoto, me pergunto como ele conseguiu. Na outra tinha duas marmitas muito bem cheirosa.

— Hm... — falo olhando para as bolsas, mas queria saber porque ele mesmo não veio igual nos outros dias.

— Antes que você fale alguma coisa ou pense, ele tá aí em uma missão, por isso não veio hoje — diz, como se lesse minha mente — Sei que tu tava pensando alguma coisa aí.

— Que missão ? — solto rápido demais, não deveria ter perguntado porque Mindinho abriu um sorriso pra mim.

Eu deveria controlar mais minha boca.

MEU PECADO (MORRO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora