Capítulo 65

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Maia Alencar 📍




Respiro fundo pela milésima vez só hoje, acredito que algum momento eu tenha desaprendido a como se respirar.

Bato a porta do táxi que me deixo aqui de novo, no mesmo lugar.

— Vamos — meu tio para ao meu lado e segue na minha frente, sigo atrás dele entrando naquele lugar.

Não trouxe nenhum mala comigo, tinha deixado tudo na casa da minha tia hoje mais cedo, deixei pra ela fazer o que quisesse com as roupas, doar ou vender ela que decide o que deveria.

Saí de lá, pela manhã, bem cedinho, o sol tava nascendo, acho que essa parte foi a mais estranha pra mim, tenho que dizer que foi muito mais difícil sair da casa do Juan do que eu pensei. Quando deixei ele lá dormindo todo quieto minha vontade por um momento foi outra...

Passei minutos só analisando todo ele, só pra gravar na cabeça todo o detalhe dele, apesar que seria difícil de se esquecer aquele homem, Juan é a combinação de errado e bom, impossível de esquecer. Quando deixei um beijo no seu rosto e um breve beijo no seu lábios, deslizei minha mão pelo seu rosto estava decidida a ir embora logo, porque eu não poderia ficar ali.

Não ia bastar muito pra minha decisão mudar, gostava do que estava tendo com ele nessas últimas semanas, mas como tudo o que é bom dura pouco eu tive que ir embora sem olhar pra trás deixando ele dormindo.

— Bom dia ! — o padre cumprimentava a mulher que andava naquele corredor extenso.

Ser criada aqui e ter meus estudos aqui foi por anos um lugar eu que eu gostava de estar, durante anos, lugar somente para as meninas estudarem junto ao ensino religioso. Por meu tio ter me "adotado" tenho o direito de morar aqui com ele, diferente das outras meninas que iam e voltavam pra casa no mesmo dia.

Agora eu tô aqui novamente.

— Bom dia padre ! — a mulher acenou de volta pra ele que desmanchava sorriso por andar nesse lugar, como se aqui fosse o lugar dele.

Apreço os meus passos quando ele reclama comigo por andar muito devagar, mas eu não estava com cabeça nesse momento.

Desde cedo...

Entro no quarto pequeno em que dormia sozinha.

— O ambiente é até melhor filha — o quarto sem graça e sem nenhuma cor como antes — O ar fica até melhor depois que sai daquela favela ridícula — zomba como se fosse engraçado, apenas fico calada — Seu uniforme já está aqui, que maravilha ! — se empolga.

Não demonstrei nenhuma reação ao ver o hábito de cores branco e cinza sobre a minha cama.

— Venha ver Maia — me chama, paro ao seu lado — Como vai ficar linda essa roupa — ele segura me leva até o espelho embutido no guarda roupa em que eu usava, põe sobre mim e nós dois olhamos.

Um sorriso satisfeito cresce no seu rosto, de orgulho, acabo sorrindo junto, não do mesmo modo que ele, mas a última coisa que eu não gostaria era de decepcionar quem fez questão de me criar mesmo não tendo nenhuma obrigação.

Sinto que deve isso a ele.

— Ande vá tomar um banho, vou resolver algumas coisas e já volto — se afasta pondo a roupa sobre a cama — Vou resolver tudo o que tá pendente pra você se tornar uma igual a mim — passa a mão na sua roupa de padre — Fazer parte disso tudo, te disse que quando saísse de lá tudo ia ficar melhor, vamos esquecer tudo o que aconteceu naquele lugar Maia — se aproxima, as mãos vão no meu cabelo acariciando — Eles não merecem nada de bom, ao contrário...

MEU PECADO (MORRO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora