Olhou pro televisor do aeroporto e viu que ainda resta quarenta e cinco minutos antes do embarque, o tempo que lhe restou pra tentar fugir do inferno que viveria na Tailândia. Ela tentou não entrar em desespero, precisava fazer isso por si mesma e por Minho, precisava fugir pra que conseguisse provar que ele é inocente.

— Eu avisei, Gahy – esticou os braços pra estalar os ossos – Avisei pra não mexerem com a família de Youngsoo, mas todos resolveram tentar a sorte.

Youngsoo.

Ela se lembrou das palavras de Chan na fita, e seu coração disparou como uma bomba.

— Eu e Sicheng fizemos de Chan nosso soldado, ele estava tão drogado que obedeceu nossas ordens. Que pena que ele arrancou só um pedaço do seu ombro naquela noite, eu lhe disse pra acabar com você por inteiro.

Gahyeon teve espasmos no corpo, seus pés se mexiam sem tocar o chão e suas mãos tremiam em seu colo. Ela olhou pra Xiaojun com os olhos arregalados, a respiração descontrolada e o rosto todo tremendo como se fosse ter um colapso. Ela quis levantar da cadeira e sair correndo, mas além de não ter disposição, sentiu a mão de Xiaojun em seu joelho fazendo força pra que ela não saísse.

— Calma, meu bem – ele sorriu passando o metal gelado do seu anel em sua bochecha – Não faça uma cena aqui, teremos todo o tempo do mundo pra isso. Posso te contar tudo o que quiser saber, detalhe por detalhe, afinal de contas, eu tenho orgulho do que fiz.

Ela gemia enquanto respirava, mas Xiaojun a olhou no fundo dos olhos como se ordenasse pra que fizesse silêncio. Mesmo sem dizer nenhuma palavra, Gahyeon se forçou a respirar com mais calma e não fazer nenhum som, tinha medo do que ele faria com ela caso chamasse muita atenção das pessoas.

— Shhh – continuou acariciando seu rosto e causando calafrios de medo na sua pele – Isso, muito bem.

Aos poucos ela se acalmou, ou melhor, se obrigou a parecer calma pois nunca em toda a sua vida sentiu tanto medo quanto naquele momento. Queria gritar e chorar, queria se virar pro lado e pedir ajuda pro guarda que estava só a alguns metros de distância, mas sabia que Xiaojun ia conseguir contornar a situação e a fazer parecer como uma louca. Estava condenada e presa assim como Minho, e talvez nunca mais pudesse vê-lo de novo.

— Que tal um mocha pra relaxar? – ele guardou a embalagem do pirulito na mochila e estendeu a mão a ela – Vamos?

Ela demorou um tempo pra conseguir erguer o braço, mas colocou sua mão trêmula sobre a dele e Xiaojun a puxou pra se levantar, passou um braço pela sua cintura pra lhe dar firmeza, e a guiou em direção a escada rolante que leva pra praça de alimentação.

Quando chegaram no segundo andar, Gahyeon andava devagar sem muita força, e sempre olhando pra todas as pessoas que passavam por ela na esperança de que alguém entendesse seu olhar e desconfiasse que havia algo de errado.

— Droga, que fila enorme – Xiaojun bufou, mas mesmo assim a puxou pra fila do Starbucks mais próximo.

Ficaram atrás de um casal de latinos, e Gahyeon se xingou mentalmente por nunca ter feito nenhuma aula de espanhol. Precisava de alguém que a entendesse, e olhou ao seu redor procurando por outro coreano próximo o suficiente pra que ela colocasse algum plano em execução, mas assim que sentiu o aperto de Xiaojun na sua cintura, voltou a olhar pra frente como um cavalo com antolhos.

— O que está olhando tanto, minha querida? – ele sorriu acariciando sua cintura e Gahyeon não respondeu.

A fila andou mais um pouco, e a garota resolveu não tentar mais nada. O aeroporto estava cheio de pessoas correndo pra todos os lados, com pressa pra reencontrar seus parentes ou embarcar em seus vôos, ninguém ia se preocupar se ela estava em perigo ou não, e não se dariam o trabalho de ajuda-la se estivessem com pressa.

- 𝘼𝙉𝙏𝘼𝙍𝙀𝙎; (𝘮𝘪𝘯𝘴𝘶𝘯𝘨)Where stories live. Discover now