015

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— Minho? – sorriu doce e ao mesmo tempo amargo – Já faz um bom tempo que não te vejo.

Senti minhas pernas bambearem, e tenho certeza que se visse meu rosto estaria pálido feito papel. Fiquei parado na porta, sem saber o que fazer, reparando em como ele continuava exatamente igual a alguns anos atrás, exceto pelo cabelo mais cumprido e o rosto mais magro.

— Não vai me chamar pra entrar? – cerrou os olhos, e quando eu estava prestes a abrir passagem, ele mesmo me empurrou pro lado e entrou sozinho.

— O que? Você voltou? – Gahyeon tossiu se engasgando com o café.

Eles costumavam ser próximos no passado, mas tanto eu como Gahyeon não esperávamos vê-lo de novo. Já fazia muito tempo, e eu particularmente achava que ele nunca mais voltaria.

— Que recepção calorosa – ele riu irônico – Já esperava isso de Minho, mas não de você.

Ele me olhou como se estivesse esperando por uma explicação sobre minha reação fria, mas eu não soube o que dizer. Estava surpreso, não conseguia me sentir feliz ou triste por reencontra-lo, pois o choque me trouxe um sentimento estranho e ameaçador.

— Eu não achei que fosse voltar – cocei a cabeça um pouco nervoso e sem saber como falar com ele depois de tanto tempo – Só isso.

— Sei – riu com cinismo – O Japão não é tão longe quanto você pensa. Não precisa fingir, Minho, já sei que não queria me ver.

Seu tom era tão frio que quase parecia venenoso, e seus olhos me olhavam como se eu fosse seu inimigo, e não alguém que ele antes costumava amar.

Bufei nervoso e penteei meu cabelo com os dedos, puxando os fios pra trás pra aliviar a tensão. Não sabia o que dizer, e Gahyeon me olhava paralisada como se uma bomba estivesse prestes a explodir e Jisung ouviria tudo do cômodo ao lado.

— Felix, já faz três anos. Eu realmente não sei o que você esperava de mim depois de tanto tempo – disse sentindo minhas mãos suarem.

— Felix? – ele riu irônico e pude sentir que ele guardava um poço de mágoa e rancor de mim – Quanta formalidade da sua parte. Pra quem costumava dizer que me amava e que passaria o resto da vida comigo, você fez um bom papel nesse teatro.

Revirei os olhos irritado, e Gahyeon pigarreou sem jeito quando o clima começou a ficar mais tenso. Felix me olhava com tanta raiva em seus olhos que me impossibilitavam de olha-lo de volta, pois me sentia intimidado como se ele representasse um perigo agora.

— Não acredito que você vai trazer isso à tona de novo – acabei rindo ao pensar que depois de três anos ele ainda não tinha entendido.

— É claro que eu vou, Minho – aumentou o tom de voz e se aproximou de mim – Você me deixou na melhor época da minha vida, quando minha carreira estava finalmente começando a dar certo. Eu fui embora pro Japão e participei de dois campeonatos de patinação com meu coração quebrado, e eu perdi os dois por sua culpa!

Me sentei na cadeira enquanto ria sem humor nenhum, cansado daquela conversa que já tinha se repetido por cinco vezes antes de finalmente cortarmos contato. Estava farto de repetir a mesma coisa e ele não compreender, e pior ainda, não estou em boas condições psicológicas ou mentais pra lidar com ele de novo, e também não quero que Jisung acorde e sinta medo dele.

Passei a mão pelo rosto e respirei fundo, tentando ter o mínimo de paciência com meu ex-namorado. Apesar de tudo, não conseguia matar a consideração e respeito que ainda tenho por ele. Não me sinto mal pelo fim do nosso relacionamento, mas essa consideração que mantenho me faz sentir triste por saber que ele ainda guarda mágoas de mim, e eu só queria que ele buscasse ser feliz assim como eu busquei antes da minha vida desmoronar.

- 𝘼𝙉𝙏𝘼𝙍𝙀𝙎; (𝘮𝘪𝘯𝘴𝘶𝘯𝘨)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora