019

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Quando abro meus olhos, o céu que antes era estrelado agora está nublado, alguns corvos cruzam as nuvens, e a brisa continua fria como na noite anterior. Já amanheceu, o sol provavelmente está escondido atrás de alguma nuvem de chuva e faz o dia cinzento, eu dormi tão profundamente que não aproveitei aquela noite perfeita até o último segundo.

Me apoiei nos cotovelos e esfreguei os olhos, os cobertores que usamos pra nos aquecermos do frio na noite passada estão enrolados em mim junto a algumas embalagens de doces na grama. Passou mais rápido do que eu imaginei e outro dia já começou, o relógio do tempo corre três vezes mais rápido quando estou com Jisung, parece até uma forma de me torturar por conseguir passar um tempo tranquilo e feliz depois de tudo que já fiz no passado.

Fecho os olhos e respiro fundo, seu cheiro ainda está nas minhas roupas e cada detalhe do nosso encontro faz meu coração bater mais forte. Nós só conversamos, nos beijamos e trocamos carinhos, e cada toque, palavra, e olhar dele foram tão valiosos que preencheram cada parte vazia de mim com uma dose pura de vida. Eu sei que não deveria me sentir tão feliz e apaixonado, mas não consigo controlar as batidas do meu coração e nem meus suspiros. Já faz tanto tempo que amei alguém que havia me esquecido da sensação gostosa de ter borboletas no estômago, e o coração eufórico. Me faz sentir feliz e me faz sentir bom, é como se lavasse todo rastro de sangue que deixei pelo meu caminho e me fizesse voltar a acreditar em mim mesmo. O amor de Jisung me faz querer ser bom, pois quero desesperadamente ser alguém que ele queira amar sem sentir medo, mas eu não sei se posso ser bom, se naquele beco fui tão ruim. O que estou fazendo com ele é imperdoável, e não importa se meu coração carrega maldade ou bondade agora. Está feito, eu já o amo, e é esse mesmo amor que vai o destruir.

Quando olho ao redor e o procuro, Jisung não está em lugar nenhum. A noite passou rápido demais depois que ele parou de conversar e me abraçou pra dormir, mas me lembro de ter lhe
segurado muito mais forte com medo que ele escapasse em algum momento, ou que algo lhe acontecesse e eu não visse. Meu carro está parado no mesmo espaço, e até onde eu me lembre, tudo está normalmente no devido lugar, exceto ele.

- Jisung? - chamei me levantando do chão.

Não há resposta, o único som que escuto ainda é o dos pássaros rodeando as árvores. Sinto um frio na barriga, o desespero vai crescendo em meu peito e se ramificando por todo o meu corpo. Se algo acontecer com Jisung, eu perco a linha, eu simplesmente desisto.

- Jisung? - chamo mais alto e minha voz falha - Onde você está?

Meu coração bate mais forte, e dessa vez não é pela arritmia gostosa da sua presença, mas pelo desespero da sua falta. Tudo está exatamente como deixamos, então por que não há nenhum vestígio dele? Por que quando acordei, ele não estava mais ali?

Respirar se torna uma tarefa difícil, e meus olhos percorrem todas as árvores ao meu redor procurando por ele. Me sinto desesperado, não consigo impedir minha mente de criar paranoias do que pode ter acontecido, e pensar no pior me faz sentir ainda mais sufocado.

Um barulho me chama a atenção, as folhas de uma árvore se mexem muito rápido e sinto uma corrente elétrica percorrer meu corpo. Meus olhos assustados se abrem, meus pés ficam estagnados no chão tentando reprimir o medo que sinto pra correr até lá. Não estou sozinho, tem alguém aqui, e meu desespero pra encontrar Jisung me faz correr na mesma velocidade em que esqueci que meu medo existia.

Minhas mãos afastam os galhos das árvores, e respiro descontroladamente enquanto me movo pela floresta e chego até aquela árvore que vi os galhos mexerem. Movido pelo impulso, minha mão afasta as folhas com força sem pensar em nada, sem imaginar o que me espera ou o que houve com ele.

- 𝘼𝙉𝙏𝘼𝙍𝙀𝙎; (𝘮𝘪𝘯𝘴𝘶𝘯𝘨)Место, где живут истории. Откройте их для себя