— Alguém vai ficar, Minho – me assegurou – Vamos cuidar dele, mas espero que saiba que não vamos fazer isso por você. É ele quem precisa de ajuda.

Isso não me magoa tanto, mas me deixa um pouco abalado. É claro que o bem estar de Jisung é o que mais importa agora, mas a forma como Hyunjin fala é como se eu não precisasse me preocupar mais com ele, afinal, fui eu quem lhe fiz mal, então por que me preocupar tanto assim?

Eu engulo em seco e concordo com a cabeça, realmente não preciso que façam isso por mim, e sim por ele. Jisung é quem mais vai sofrer agora, e só o que me preocupa é que ele precisa de alguém pra ampara-lo. Durante todo esse tempo, eu o fiz dependente de mim, mesmo que eu tivesse a oportunidade de apresenta-lo pra outras pessoas, eu não me preocupei em fazer isso. Achei que eu sempre seria a única pessoa que ele fosse precisar, que durante toda a nossa vida eu ia conseguir esconder meus erros dele, e eu seria o único a fortalece-lo em momentos como esse.

Agora, ele perdeu sua âncora, e ainda por cima eu lhe deixei afogar. Só preciso saber que alguém vai leva-lo de volta pra costa, vai ensina-lo a nadar com calma e paciência, e só vai deixa-lo sozinho no mar aberto quando ele não tiver mais medo de água. É o suficiente pra mim, eu posso viver com isso pro resto da vida.

— Eu sei – respondi.

Hyunjin concorda e dá alguns passos pra trás pra ir embora.

— Espera, você tem notícias de Gahyeon? Ela está bem? Eu nem sei quanto tempo passou desde que eu cheguei aqui, ela ainda não veio me ver.

Ela já deve ter ficado sabendo sobre a minha prisão, e eles provavelmente a chamaram pra prestar depoimento, mas me deixa apavorado pensar que ela ainda não saiu da faculdade e veio correndo pra cá. Tenho medo de algo ter acontecido com ela, mas tento me tranquilizar pensando que ela usou outra passagem pra Chicago e vai me avisar que fugiu depois de um tempo.

— Eu não a vi, não temos notícias ainda.

Suspirei pesado e triste, meu coração está agoniado e machucado, mas eu não tenho mais lágrimas pra chorar, e por isso não consigo sentir nenhum alívio desse sufoco.

— Tá – respondo sem ter mais o que dizer, pois sinto que Hyunjin não tem muito interesse em conversar comigo.

— Vou arranjar um advogado pra você, é seu direito – disse se virando pra sair.

É meu direito, é por isso que ele vai me arranjar um advogado, porque se não fosse, ele não ia fazer muita questão que eu fosse defendido por alguém.

— Hyunjin.

Assim que ele saiu da cela, eu o chamei. Não posso deixar isso me ferir sem que eu saiba da verdade, sem que eu ouça ele dizer da própria boca.

— Eu sou inocente, você sabe, não é? Eu contei tudo pra Jisung, eu disse que foi um acidente. Eu só estava tentando defender Gahyeon, eu não queria fazer isso. Você precisa acreditar em mim, estou falando a verdade.

Hyunjin me olha nos olhos agora, mas pela primeira vez não consigo ler seu olhar. Ele não me olha com pena nem com desprezo, me olha apenas como se não me conhecesse, como se eu não fosse seu amigo e ele não tivesse a obrigação de responder minha pergunta.

Então, continuo esperando que ele puxe o ar e fale alguma coisa, mas de repente ele simplesmente tranca a cela e sai andando como se eu não significasse mais nada pra ele.

Tudo bem, eu sabia que algumas pessoas não me perguntariam o que aconteceu, e outras não iam responder minhas perguntas. A única coisa que eu não esperava disso tudo, era ser abandonado por quem eu mais acreditei que estaria do meu lado em todos os momentos difíceis.

- 𝘼𝙉𝙏𝘼𝙍𝙀𝙎; (𝘮𝘪𝘯𝘴𝘶𝘯𝘨)Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum