Por escrito

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As palavras da Bloom vieram de novo à minha memória quando me deito para dormir Juro que não esperava que isso fosse acontecer ecoa na minha mente juntamente com a sua cara de surpreendida quando lhe contei que sentia algo pelo Riven.

Tinha que tentar entender estes sentimentos, mas não iria mentir que sabia que sentia algo. Sentia acima de tudo, respeito e carinho por tudo de bom que me fez. Nunca pensei que o mal humorado e impulsivo Riven fosse este Riven que conheço agora. Ele sempre foi, apenas eu nunca tinha visto. Foi preciso algo de horrível acontecer para ver o que realmente esteve sempre lá.

Mas não era só isso que sentia... Sentia também carinho por ele. Até porque sei que ele é uma pessoa carinhosa no seu próprio jeito, e muito atencioso. Tratou sempre muito bem de mim, e matou o queimado, salvando-me assim a vida, promessa que me tinha feito. Não precisava de o ter feito, nada disso, mas o Riven não era uma má pessoa. Se o deixassem ver o que realmente ele era, iriam descobrir uma outra versão dele, totalmente diferente. Ele também não era uma pessoa de desistir, ia até ao fim para cumprir a sua promessa. E como ele cuidou de mim e esteve sempre lá para mim quando precisei, e até mesmo quando não sabia que precisava.

Queria estar lá para ele também. Queria que ele soubesse que poderia contar comigo. Ele estava a passar por uma situação complicada por causa da Beatrix, e não queria que ele estivesse sozinho nisto. A carregar este fardo, esta luta sozinho. As palavras do meu pai faziam mais sentido agora.

Ontem no seu quarto, nunca senti nada assim. Foi algo tão intenso, uma conexão, uma dose de positividade, como se flutuasse, que acredito que naquele momento o que sentia era algo mais do que carinho por ele. Ou, então era simplesmente a conexão a falar mais alto num momento de grande concentração do meu poder. Para se tirar a dor a alguém não era assim tão simples, era necessário entrar na sua mente e sentir tudo o que a pessoa sentia, o poder era apenas focado na pessoa o que intensificava ainda mais o que poderia sentir.

Viro-me de lado, cobrindo-me com as cobertas até ao meu queixo.

Não queria saber o que diziam dele, não o iria deixar. Mas as coisas já estavam a melhorar. A Beatrix iria ser expulsa e isso só prova que o Riven não esteve do lado dela, como sempre ele o mostrou e me contava. Conseguia sentir nos seus sentimentos o quanto ela o irritava.

Mas ao mesmo tempo sentia que não devia de me sentir assim. Não era correto quando tinha o Sam e ele não merecia ouvir o que eu lhe disse ontem. Sentia como se o tivesse traído. Viro-me para o outro lado irritada com o assunto. Tinha que resolver isto, isto estava-me a drenar aos poucos.

Suspiro. Não queria ficar com uma dor de cabeça nem pensar nisto em demasia pois só iria ficar mais angustiada e irritada com tudo, por isso, faço o meu melhor em adormecer. Amanhã de manhã, era o grande dia e tinha que estar pronta para o exame.

Acordo às 8 horas para o exame de hoje. Era o exame de História da Magia. Na minha mente estava pronta para o realizar, consegui estudar tudo a tempo, por isso não me sentia preocupada, apenas um pouco nervosa.

"Boa sorte, Musa." Terra diz ao sermos chamadas para entrar na sala de aula.

"Obrigada, para ti também." Sorrio um pouco nervosa. Suspiro fundo em antes de entrar na sala, a tentar me livrar dos nervos.

Passados duas horas, saio da sala com o exame feito e com o sentimento de que correu bem. Tinha tido tempo para terminar tudo e ainda rever.

"Como correu, Musa?" A Bloom pergunta-me ao sair da sala de aula. A cara dela era de apenas confusão.

"Bem, melhor do que pensei. E a ti?" Pergunto.

"Mais ou menos." Ela diz pensativa. "Só espero que dê para chegar à positiva." Ela diz com uma cara preocupada, mas depois até se ri.

"De certeza que vais tirar boa nota." Acalmo-a.

"Mas já está feito, agora vou descansar para amanhã." Ela diz-me, indo em direção para a cantina quando as outras chegam à nossa beira.

"Mas nesse passas de certeza." Eu asseguro-lhe. "Se fosse uns meses atrás, iria ser difícil, mas olha para ti agora, até das missões dos especialistas fazes parte! Para não falar da tua transformação que é maravilhoso e especial."

"Nesse já estou mais confiante." Ela fala com um sorriso. "Mas tu também não ficas nada atrás. Não há nada que te escape."

"É o que faz ser um fada da mente. A tua mente não pára. Lê tudo mesmo quando não queres."

"Já nem precisas de praticar, já o fazes todos os dias." E a Bloom tinha razão.

Depois do almoço, passei o dia no dormitório a descansar. Liguei para o meu pai, a contar-lhe como tinha corrido o exame e depois decidi contar-lhe sobre o assunto da Beatrix. Ainda não lhe tinha contado e ele merecia saber em antes que soubesse por outro alguém. Era excusado dizer que tinha ficado preocupado por mim e pelo Riven, mas que achou correto a decisão da Diretora Downling, o que me fez lembrar que certamente ela já tinha sido transmitida para o outro colégio.

À tarde decidi dormir um pouco, pois estava cansada devido ao exame.

Em antes do jantar decidi passar um pouco de tempo fora da escola. Queria manter uma cabeça organizada e longe de pensamentos exteriores para o dia de amanhã e, por isso, decido dar uma caminhada em redor à escola, pela calada da noite. Estava uma noite agradável, não estava demasiado quente, nem demasiado frio, conseguia-se até sentir uma brisa de ar, que era bem vinda. Gostava do vento. Sentia que com o vento a tocar-me a face conseguia arrefecer a minha mente que nunca parava. Conseguia levar os pensamentos e sentimentos que estavam a mais na minha mente, deixando-a mais livre e organizada.

Paro para apreciar melhor esta brisa, enquanto olho para a lua e as estrelas. O céu estava parcialmente limpo e apenas se via algumas nuvens. Eram estes momentos de paz que me faziam feliz.

Já vou na segunda volta pela escola quando paro de repente. A minha mente é inundada com sentimentos vindos do Riven. Consigo sentir-los, como se estivesse bem perto de mim.

Olho rapidamente para o lado direito e vejo-o, na estufa.

FragmentoWhere stories live. Discover now