Escolha

852 59 15
                                    

"Sam? Desculpa, não te vi..." Digo, surpreendida, sem estar à espera de o ver.

"Por aqui? Que se passa?"

"Hum nada, fui apenas ver como o Riven estava..." Decidi ser honesta. Não tinha motivos para mentir.

"Ai sim? Decidiste-lhe contar sobre o que tinhamos falado?" Percinto mágoa na sua voz, mas também uma linha fina de frustação.

"Não, não está em condições para falar agora, está cheio de dores então achei melhor falar sobre isso noutro dia..."Não precisava de saber o que se passou. Sei que não compreenderia.

"Por acaso vinha falar com ele..." Ele tenta desviar o olhar.

"É assim tão urgente para o incomodares agora com isso?" Olho-o nos olhos.

"Qualquer que tenha sido a razão porque vieste aqui, também o incomodaste..." Ele adianta-se e passa por mim, indo em direção ao dormitório do Riven. "Afinal, se ele estivesse assim tão mau, não teria saído da enfermaria..." Ouço-o, indo atrás dele.

Se ele o vê assim, em boas condições, depois de eu o ter tirado as dores, não seria nada bom, por isso, decido ir atrás dele. Só esperava que ele não abrisse a porta.

Ainda me lembrei de lhe mandar mensagem, mas já não ia a tempo.

O Sam bate à porta e só espero que o Riven ignore. Mas o que esperei não se concretizou.

Ele abre a porta.

"Que é que estás aqui a fazer?" Pergunta o Riven, mantendo os olhos fixados nele, sem sequer olhar para mim. A tensão era já crescente entre eles os dois.

"Até pareces estares bem..."

"Sim, e que tem?" Ele responde. A sua sobrancelha direita ergue-se.  

"Tiras-lhe a dor, não foi?" Ele olha para mim, esperando que fosse mentira. Conseguia ver no seu olhar triste e desapontado, mas que rapidamente dá lugar à frustação, depois do meu silêncio dizer tudo.

O Sam risse. "E ainda ajudas uma pessoa destas? Que nem sequer sabes se isto é tudo uma artimanha deles os dois? Que pode ser tudo mentira?"

Ele não estava a começar uma discussão aqui, em pleno corredor, com nós os três, pois não?

"Wow wow, espera aí um bocado, que estou um pouco lento..." Ele aponta para a sua cabeça. "Pensas que isto tudo foi planeado? Por mim e pela Beatrix?"

"Não te faças de tão surpreendido..."

"Pois, o Riven tem as costas largas, não é? Qualquer coisa que aconteça aqui, é obra minha ou da Beatrix."

"E por acaso, não é? Vais negar?" O Sam dá um passo em frente. Ironia estampada na sua cara.

"Eu sinceramente não tenho tempo para ouvir isto." O Riven tenta fechar a porta, mas o Sam impede.

"Não, mas espera, tudo o que tu fazes indicam o contrário, se tivesses realmente mudado conseguiasse ver, mas ainda não vi nada de melhor em ti..."

"Sam, não achas que estás a ir longe demais?" Chego-me para a sua beira. Ele não estava a pensar em antes de falar.

Ambos me ignoram.

"Nem sequer tens de ver e nem eu tenho de provar nada." Responde o Riven, um pouco mais alterado também. Ele já devia de estar cansado desta mesma conversa. Ser ou não ser. Fazer ou não fazer.

"Continuas com a Beatrix, continuas metido em problemas, e ainda envolves a Musa neles." A tensão estava grande. Não estava a gostar nada de como o Sam estava a agir. Agora e hoje.

"E achas que estou contente com o que ela lhe ia fazer?" Ele aponta para mim.

"Sabes muito bem o perigo que a Beatrix é, Riven!" Ele dá um passo para trás e logo um a frente. "Não tiveste responsabilidade nenhuma, nem quiseste saber. Puseste-a em perigo e quase morreu à dias atrás, salvaste-a e estou-te grato por isso, e agora colocaste-a em perigo outra vez porque continuas com ela." Ele chega-se mais perto do Riven e toca-lhe no peito. "Tú es o culpado disto tudo e ainda te achas com razão." O Sam risse ironicamente. "E depois ainda te preocupas com ele? Com alguém que te põe em perigo assim desta maneira?" Ele olha para mim, apontando para o Riven.

"Mas ninguém aqui tem culpa do que alguma vez se passou!" Estava cansada desta conversa idiota. "E falas como se eu não tivesse escolha. Eu não vou deixar de falar com ele, só porque uma psicopata me ameaça. Fala com ela, não com ele!" Falo mais alto, também já alterada.

"Mas ele como homem e especialista devia de te ter colocado em primeiro, sabendo muito bem do perigo que é a Beatrix!" Ele olha para mim.

"Sam... Desculpa, a serio, não dá mais!" Estava-me a tentar controlar o máximo. "Isso é a mesma coisa que ceder às ameaças. Ele nunca fez nada para me colocar em perigo, vê se percebes isto, uma vez por todas!" Agarro-o nos ombros. "E se continuares com isto, torna-se apenas patético, portanto ou terminas isto aqui, ou então..." Faço-o escolher e faço-o abrir os olhos para esta barbaridade.

"Ou então..."

"Ou então, damos um tempo." Talvez até falasse da boca para fora, sem pensar bem, mas estava cansada disto e neste momento sabia que precisava de uma pausa. Era doentio, tanta desconfiança.

Ele suspira. "Faz o que quiseres." Ele fala-me com uma voz mais baixa. Sentia uma diferente frustação, desta vez direcionada a mim. Mais centrada. "Se assim te sentires melhor, será a tua escolha."

"Não a será se te deixares disto. É assim tão difÍcil de veres a verdade?"

"Qual delas? Que ele só tem boas intenções ou que sentes algo por ele?"

Fragmentoحيث تعيش القصص. اكتشف الآن