Isso é tudo ciúmes que sinto?

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"Musa!" Dá um sorrisinho. "Importas-te que fale contigo por um minuto, é importante?" Pergunta com uma voz doce do que a que estou acostumada a ouvir. Não tenho um bom pressentimento sobre isto.

Franjo a testa. "Hum..." Olho para elas e para o Sam, que também se estão a questionar qual a razão da Beatrix. "Sim, claro." Digo, por fim, levantando-me.

Vou atrás dela que me leva para fora do refeitório. Verifica para os lados a ver se não temos companhia e voltasse para mim.

"Com que então já não te basta teres uma equipa toda à tua mercê, também tens que levar o Riven junto."

Fico surpreendida e ao mesmo tempo confusa com o que acabei de ouvir. "Desculpa, o quê?" Pergunto.

"Olha uma coisa... Ele só está nesta situação por tu seres uma total incompetente portanto, se ele se magoar, as coisas não vão correr bem para ti." Ameaça, com o seu rosto perto do meu, olhando fixamente para mim.

"Olha Beatrix, mas eu não o estou a obrigar a nada e como deves saber, penso eu, se não sabes, ficas a saber agora, ele foi recrutado para as missões por ser uma mais valia e por ser um dos melhores especialistas, tal como o Sky e todos os outros que foram chamados. Se quer ser ele a matá-lo, não tenho nada haver com isso, ele faz as suas próprias decisões, tal como fez ontem." Beatrix tenta me interromper mas corto-a. "Em segundo, eu sei muito bem o que fiz, e sinto-me horrivelmente culpada por isso e agora estou a arcar com as consequências. Quem me dera que não fosse preciso eles estarem a arriscar a vida deles por mim, mas não posso fazer nada quanto a isso, é a única solução." Sou sincera com ela, até porque o que ela precisa de ouvir são verdades e não mentiras. Precisa que lhe esclareça, que lhe acalme a mente, até porque, confusão e raiva é tudo o que sinto vindo dela. Já me apercebi que ela tem ouvidos em todo o lado e podem lhe ter contado mais, ou menos informações, do que realmente se falou.

Mas estava enganada. Ao que parece, a verdade não resultou, pois começa-se a rir. "Oh Musa, não precisas de corar, sabes... Se pensas que ele se importa contigo, estás muito enganada, ele apenas sente pena de ti. Eu bem notei como ele estava chateado quando chegou da missão, mas também é normal, uma fada da mente que nem com um queimado consegue lidar, tem de ser ele e os outros especialistas, meros humanos, e a Bloom ali pelo meio. Mas a Bloom não se importa de ajudar a querida amiga, não é? Ela própria deve sentir pena de ti." Faz uma cara de desgosto.

Ela, sinceramente, começa-me a enervar, pelo facto de me ter ameaçado, e me inferiorizar, mas este sentimento desaparece logo quando me apercebo, pela sua má escolha de palavras, que ela está completamente cheia de ciúmes. O que me faz levar isto para a brincadeira, até porque, com um pequeno uso do meu poder, tiro as minhas dúvidas.

Começo-me a rir, ao mencionar, "Mas espera, eu acho que sei do que isto se trata." Paro, surpreendida, com esta terrível perda de tempo. "Isto é tudo ciúmes, não é, Beatrix? Olha e bem que precisas porque cada vez estás a ficar mais paronoica e mais controladora. Em vez de o controlares tanto e fazeres dele tua propriedade, aprende um bocadinho com ele. Sabes, deixar essa cobiça, essa ambição de lado, só te iria fazer bem."

"Como é que eu posso ter ciúmes de ti?" Cai na gargalhada. "Por favor, não me faças rir. E aprender com o Riven?" Pergunta retóricamente, com os olhos postos em mim. "Não dá para aprender o que já se sabe, mas é claro que ele aperfeiçoou as suas boas qualidades comigo. Sempre nos encaixamos bem, por alguma razão." Diz, com um sorriso estridente, a mexer no cabelo.

"Esqueces-te de que consigo ler pensamentos, não é? Mas então só não sei é porque vocês já não estão juntos, se vocês se dão tão bem assim." Faço-me de sonsa, só para a por ainda mais chateada.

Ela faz uma expressão de cansaço. "Que eu saiba, não tens nada haver com isso e aqui se comprova que és tão incompetente como os teus poderes, ou então, mentirosa, também é uma boa opção." Pára para pensar, juntando as mãos. "E eu acho que sinceramente devias de ir ter com o Senhor Harvey, as feridas estão te a causar alucinações."

"Oh não precisas de te preocupar comigo, não preciso da tua preocupação. Quero dizer, nem a tens, mesmo que a quisesse." Digo a olhar para as minhas unhas, já pouco me importando com o que ela diz. "Mas numa coisa tens razão, Beatrix. Vou já ao Senhor Harvey e, assim, também vens comigo, e ele analisa-te esse teu... problema grave." Sussurro. "Não te aconselho deixares adiantar muito mais." Tento não me rir. Ela não me responde, por isso concluio. "E mais nada te digo, mas qualquer dúvida, fala com o Riven, que ele esclarece-te tudo, ou até não, não sei. Mas algo me diz que já sabes que tudo o que te disse é verdade, pois não terias vindo aqui se não o soubesses." Dou um sorrisinho, já a sair da beira dela.

"Eu só queria por-te a par da minha opinião, é sempre bom ouvir outras ideias."

"Eu não quero saber da tua opinião para nada." Viro-me para ela, já cansada deste assunto, por isso, decido ser ainda mais honesta, só para saber que ela não está a lidar com qualquer um. "Tu só estás assim porque ele não quer ter mais nada haver contigo. Mas eu nem sequer tenho nada haver com isso, entendam-se vocês os dois." Termino e começo-me a afastar dela, mas ela agarra o meu braço esquerdo.

"Eu juro que se lhe acontecer algo..." Ameaça, mais uma vez. Ela já começa a ficar repetitiva, reflito interiormente.

"O quê? Perdes o teu bobo da corte? Já o perdeste á muito tempo. E agora, solta-me, se faz favor!" Solto o meu braço e vou em direção ao refeitório, finalmente livre dela.

Faço o caminho todo a pensar no que aconteceu, ainda incrédula com todas as palavras estúpidas que acabei de ouvir. Já basta estes dias estarem a ser horríveis, ainda tenho que aturar uma Beatrix.

Chego à mesa e sento-me no meu lugar.

"Então, o que queria a Beatrix?" Pergunta o Sam.

Tento sair dos meus pensamentos que estão todos desorganizados, tentando me concentrar na minha resposta. "Hum, nada de especial. Já sabes, sempre o costume. Nada de interessante." Decido não contar nada, afinal, nenhum deles sabe desse assunto.

"Isso é verdade, e vindo dela ainda mais. Tudo o que ela faz é só para o seu interesse." Comenta Sam.

Não prelongo a conversa, mas também não presto muita atenção ao que as outras estão a falar. Não termino o meu almoço, porque para além de já estar frio, aquela conversa, bem... Não foi muito uma conversa, observo melhor, deixou-me distraída e nervosa. Mas obstruo-me da minha pensativa mente, quando a Stella se a levanta.

"Eu realmente gosto muito da vossa companhia, mas tenho que ir indo, ou então a minha mãe mata-me. Assuntos reais para resolver." Explica, sem grande ânimo.

"Vemo-nos mais logo então, Stella." Despeço-me dela, tal como as outras o fazem.

Vemos a Stella a ir embora e penso no trabalho todo que ela tem todos os dias. Reuniões, celebrações, participações e, consequentemente, liderar as festividades e eventos, ser tutora e ainda as aulas com a Diretora Dowling. A vida dela era toda planeada, pouco tempo tinha para si. Acho que é o grande esforço que tens que fazer quando serás a próxima rainha de Solaria.

"Em princípio estou livre hoje de tarde, podíamos passar o dia juntos?" Sugere Sam. "Digo, se não tiveres cansada, sei que tens que repousar." Conclui.

"Que tal aproveitar o dia para relaxar? Estou com algumas dores de cabeça, e esta constante dor no meu ombro é incomodativa."

"A cada hora que passa vai-se agravando, é normal, mas se vires que sentes muitas dores, é melhor ir colocar mais Zanbaq." Preocupa-se Sam.

"Não, não, para já, aguento bem." Sorrio.

"Bem, parece que só somos nós, outra vez, Terra." Diz Aisha. "Que tal irmos ver como está a correr a Festa Anual?"

"Boa ideia. Afinal só vamos participar mais logo." Concorda Terra.

"É verdade, os prepativos começam hoje! Também podíamos ir ver." Sugiro ao Sam. "Por favor?!" Peço, fazendo olhinhos.

"Tudo por ti!"

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