Capítulo trinta; Que seja eterno enquanto dure

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O jantar todo seguiu numa completa tensão. Por vezes minha mãe até tentava dar uma amenizada no clima perguntando sobre o meu trabalho e puxando assuntos aleatórios com Miguel e meu pai, porém as conversas não duravam mais do que dois minutos e novamente o silêncio constrangedor se fazia presente.

— Então... Aproveitando que já pedimos a sobremesa, por que você não diz logo o motivo de ter nos reunido aqui? – olhei para Miguel que terminava de beber seu refrigerante. — Eu espero que seja algo muito bom.

— E é. – o moreno limpou a boca com o guardanapo e o amassou para colocar dentro do prato vazio. — Eu sei que foi um choque quando vocês descobriram o que eu fazia de verdade... Sei que eu não sou o cara que queriam pra filha de vocês, mas eu tô aqui disposto a mostrar que eu amo demais a Rebecca. – olhou para mim e sorriu, fazendo com que eu fizesse o mesmo.

— Eu acho que é tarde demais você me pedir permissão para ter a mão da minha filha, não acha? – meu pai riu sem humor e eu o encarei. Permissão? Eu não precisava da permissão dele para namorar alguém.

— Mas eu não quero pedir sua permissão pra namorar a Rebecca. – Miguel negou antes que eu pudesse dizer algo. — Quero mostrar pro senhor que as minhas intenções com a Becca não são algo somente de momento, ou que eu só vou usá-la pra não ser preso de novo. Eu a amo demais e quero que saiba que eu vou me casar com ela, o senhor queria ou não.

— Amor, você mesmo vive dizendo que o ser humano é falho e que devemos perdoá-los. – minha mãe se pronunciou. — Eu sei que nada justifica o que o Miguel é e as escolhas da nossa filha, mas... São as escolhas dela. Querendo ou não, o Miguel continua sendo o mesmo menino de bom coração que conhecemos e ele sempre afasta a Rebecca dos problemas que o trabalho dele causa.

— Eu não preciso da sua autorização pra nada, senhor. – Miguel engoliu a saliva. — Só quero que esteja ciente de que a Rebecca e eu estamos juntos e, se ela aceitar, futuramente será minha esposa.

— 'Pera. Isso foi... Um pedido? – brinquei e ele riu.

— Na verdade, é sim. – o moreno se virou para mim e, na hora, o garçom chegou com a nossa sobremesa e uma pequena torta de chocolate com pedaços de morango. — Sabe... Eu não sou bom com palavras. Tu sabe que eu sou direto nos assuntos e é difícil eu ser fofo em alguma coisa. – segurou minhas mãos e olhou brevemente para a torta no centro da mesa. — Tu é a mulher da minha vida, é a única que me vejo casando, criando uma família...

— Miguel... – não consegui dizer nada, minha voz embargou e lágrimas se formaram em meus olhos.

— Então Rebecca... – respirou fundo. — Quer ser minha mulher até o fim? – senti meu coração saltar pela boca e a excitação tomou conta de meu corpo. Miguel estava realmente me pedindo em casamento?

— Espera... Isso é sério? – abri um enorme sorriso sem tirar por um segundo meu olhar do seu.

— É sério se tu quiser. – sem responder com palavras, o puxei pelo pescoço e o beijei lhe dando a resposta que ele precisava. Assim que nos beijamos, o puxei fortemente para um abraço e o mais velho riu assim que me escutou fungar.

— Você sabia disso Soraia? – meu pai olhou para a minha mãe que abria a sua bolsa para pegar algo.

— Claro que sim. – deu de ombros ao pegar a pequena sacola da Vivara e entregou para Lorenzo. — O Miguel tinha conversado comigo e conseguiu me convencer. Ele não é um mau menino, José. Nossa filha merece ser feliz. – olhou para o meu pai. — Você por acaso se esqueceu que vivia elogiando eles dois? O mimando sempre que ele pisava lá em casa?

— Isso foi antes de eu saber a verdade. – meu pai permaneceu relutante em sua opinião.

Miguel pigarreou para que eu voltasse sua atenção para ele e retirou da sacola a pequena caixinha preta. Ao abrir, me deparei com um lindo anel de noivado com uma pedra de topázio. Aquele anel era o mais lindo que eu já vi na vida.

— Lorenzo, não precisava me dar um anel desses. – sorri enquanto ele colocava o anel em meu dedo.

— Vida, tu merece muito mais que isso. Sua aliança vai ter dezoito mil quilates, confia. – me deu um selinho.

Meu pai não disse mais nada, apenas cortou o pedaço da torta que comeria e pediu ao garçom mais uma lata de Guaraná. Minha mãe pediu que fizéssemos uma pose para tirar uma foto nossa e se emocionou ao se dar conta que eu estava noiva.

Na hora de ir embora, Miguel e eu fizemos companhia aos meus pais até que eles pegassem o Uber e, quando se despediram de nós, por incrível que pareça, meu pai na hora da despedida, meu pai me deu um beijo na bochecha e apertou a mão de Miguel

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Na hora de ir embora, Miguel e eu fizemos companhia aos meus pais até que eles pegassem o Uber e, quando se despediram de nós, por incrível que pareça, meu pai na hora da despedida, meu pai me deu um beijo na bochecha e apertou a mão de Miguel. Eu fiquei surpresa com o ato. Depois de quatro anos, aquela foi a primeira vez que meu pai teve algum contato físico comigo e eu senti que aquilo seria uma nova página da minha vida.

 Depois de quatro anos, aquela foi a primeira vez que meu pai teve algum contato físico comigo e eu senti que aquilo seria uma nova página da minha vida

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Miguel não subiu ao me deixar em casa. Como eu tinha que acordar cedo no dia seguinte para trabalhar, ele decidiu ir pra sua casa e me buscaria no trabalho.

Ao chegar em casa, joguei minha mochila no chão e me joguei na cama exausta. Tirando o climão do jantar, o meu dia foi perfeito. Era surreal ainda pensar que hoje cedo Miguel era apenas o meu namorado e agora, durante a noite, ele era meu noivo. Eu estava ansiosa para contar a novidade às meninas e eu tinha certeza que elas amariam saber.

Me levantei e fui para o meu quarto apenas para pegar meu demaquilante – decidi não tomar banho, já que não havia suado. Ao tirar minha maquiagem, troquei minha roupa pelo meu pijama de cetim e me joguei embaixo das cobertas, logo ligando meu ar-condicionado. A última coisa que eu vi antes de fechar os olhos foi o meu anel de noivado e, com isso, dormi com um enorme sorriso no rosto.

Até o Fim (LIVRO 2)Where stories live. Discover now