Capítulo quatorze; Só me diz se aquela sua proposta ainda tá de pé

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BERNARDO RIBEIRO

O meu dia havia começado cedo. Às oito da manhã já estava de pé para receber as pessoas que fariam a entrevista. Depois de ter criado um novo passaporte, consegui arrumar um emprego e converti o que tinha na minha conta bancária para reais — o que para mim não era nada demais, em reais se torna uma boa grana. Julia me deu a ideia de dividir o apartamento que ela e Rebecca me emprestaram para ficar durante minha estadia no Brasil e eu achei uma boa. Mesmo que eu tivesse dinheiro e tivesse arrumado um emprego, não ficaria tão pesado para mim se dividisse as contas com outra pessoa e dividir o apartamento com mais alguém não era uma má ideia.

Já era quase meio dia e meia e até agora eu não havia encontrado ninguém que tivesse me cativado ao ponto de querer dividir o apartamento. Estava sentado no meio do chão da sala vazia comendo yakisoba sem esperança alguma de mais alguém aparecer, quando uma loira entrou pela porta. Seus olhos eram verdes, seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo e seu rosto parecia ter sido esculpido por anjos — assim como o seu corpo.

— Licença, é aqui onde precisam de um colega de apartamento? – seu salto ecoou pelo ambiente assim que ela deu um passo para frente.

— Sim, sim. É sim. – me levantei rapidamente e limpei com meu dedo indicador o canto da minha boca, mesmo que não tivesse a certeza de que estava sujo.

— Ah! – sorriu se aproximando de mim. — Eu me chamo Sophie, prazer. – estendeu a mão para me cumprimentar.

— O prazer é todo meu. – pigarrei ao perceber que havia dito aquilo em voz alta. — Quer dizer, eu me chamo Bernardo. – apertei sua mão e ela riu.

— Então... Eu vou dividir esse apartamento com você? – olhou a sua volta e eu me recompus. Era difícil não ficar hipnotizado por essa mulher e olha que eu já conheci muitas garotas.

— Hã... A princípio sim. Ele não é grande, mas é bem confortável. – eu precisava focar no que precisava fazer. — Aqui é a sala com uma cozinha americana e, logo no final da cozinha, tem a área de serviço. Não é muito grande, mas cabe o essencial. Que é a máquina de lavar. – falava enquanto Sophie via detalhadamente os cômodos que eu citava.

— E os quartos? – olhou para mim e, por um momento, foi como se eu tivesse desaprendido a falar.

— Os quartos... É! Os quartos. – limpei a garganta e fiz um sinal para que ela me seguisse. — Aqui na entrada do corredor você já tem a visão das portas dos quartos e do banheiro. Esse de frente é o quarto de casal, o lado direito é o quarto de solteiro e, a porta que sobrou, é o banheiro.

— Eu posso? – olhou para mim ao tocar na maçaneta do quarto de solteiro e eu assenti com a cabeça.

— Ele... Não é tão grande quanto o outro. – claro que não Bernardo, você mesmo disse que era um quarto de solteiro! — Cabe o essencial, mas se você preferir pode ficar no de casal. Ele é maior.

— Eu gostei daqui. É bem aconchegante. – olhou para mim e segurou a bolsa, que até então pendia em seu ombro direito. — Inclusive, tenho planos para decorar a sala e a cozinha. Vão ficar perfeitas com a ajuda da minha designer.

— 'Pera aí. – balancei minhas mãos. — Eu não tenho planos de contratar uma designer de interiores. Meu dinheiro não é suficiente para isso.

— Fica tranquilo. Ela é amiga da minha mãe. – sorriu. — E não cobra os serviços dela para nós.

— Nesse caso... – dei de ombros. — Mas, você não quer saber o preço do condomínio, uma estimativa do que podemos vir a gastar em contas, compras do mês...

Até o Fim (LIVRO 2)Where stories live. Discover now