Capítulo dez; Olho pro lado e vejo o meu passado

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O silêncio constrangedor finalmente foi quebrado por Julia que tossiu ao quase se engasgar com o seu sorvete.

— Ah... Que maneiro cara. – o loiro sorriu. — Parabéns Becca. De verdade. – encarou-me ainda sorridente.

— Vn... – Julia chamou a atenção do mais velho. — Você quer voltar pro quarto? Acho que a Rebecca quer ficar a sós com o namorado dela. – a garota colocou sua mão na cintura do mais velho e Vinicius a encarou.

— Não posso. Preciso voltar pra casa. – sorriu sem mostrar os dentes. — De qualquer maneira, foi legal te rever. – olhou para mim e passou a destra em meu braço, antes de ir para o quarto de Julia. Minha amiga logo o seguiu, porém, assim que passou ao meu lado me lançou um olhar que já dizia tudo. Eu teria que explicar tudo a ela depois.

— Saí do quarto na hora errada? – olhei para Diego e ri ao ver sua carinha de quem havia feito algo errado.

— Não meu amor. Você não fez nada de errado, relaxa. – o puxei para um selinho. — No varal tem uma toalha limpa. Pode pegar a que está lá.

— Tudo bem. – o moreno sorriu e beijou minha testa antes de ir para a área de serviço. Escorei-me na parede e cruzei os braços, esperando que ele saísse do meu ponto de vista.

Eu gostava de Diego, queria tentar algo com ele sim e não me sentia arrependida de ter dito a Vn que namorávamos, mas... Eu sentia uma sensação estranha que eu não conseguia explicar. De repente lembranças do carnaval de 2020 vieram à tona e eu me lembrei dos momentos que tive com Miguel. Eu não queria que o fim fosse daquela forma, eu não estava pronta para terminar com ele e não queria. Eu nunca quis.

 — Desculpa a demora

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 — Desculpa a demora. O trânsito hoje está um horror. – sentei-me na cadeira vazia de frente para Erick e coloquei minha bolsa em cima da mesa.

— Sem problemas. Eu cheguei quase agora também. – chegou seu corpo mais para frente. — Eu comprei uma bebida pra você. Ainda lembro que bubble tea é sua bebida preferida. – esticou para mim a bebida e eu fiz uma careta.

— Na verdade, não é não. – o encarei. — Eu gosto de café gelado...

— Ah! – ele riu. — Essa é a bebida favorita da Sophie. Eu me confundi, foi mal. – neguei com a cabeça rindo. — Tome. Fique com a minha. – pegou o bubble tea ao mesmo tempo em que me entregava seu frappé.

— Então... Qual é a novidade? O que vocês conseguiram na audiência? – engoli minha saliva e mordi os lábios apreensiva.

— Nós... Podemos diminuir a pena dele. – o mais velho começou a brincar com o canudo de sua bebida.

— O que? – um enorme sorriso se formou em meus lábios e o entusiasmo tomou conta de mim.

— Ei, ei, calma aí. – Erick permanecia sério, o que me fez parar de sorrir e temer o que viria logo a seguir. — Podemos, significa que há uma possibilidade, mas... Não podemos fazer isso.

— 'Pera. O que? – franzi o cenho. — Eu não entendi.

— Se pagarmos a fiança do Miguel, podemos diminuir a pena dele por mais um ou dois meses, mas eu não posso fazer isso.

— Por que não? – minha voz embargou. — Erick, se o problema for o dinheiro, eu te reembolso depois. Só tira o Miguel de lá, por favor. Já se passaram quatro anos... – meus olhos se encheram de lágrimas e ele desviou o olhar como se sentisse culpado.

— O problema não é o dinheiro. – voltou a olhar para mim. — Mas eu não tenho dez mil na minha carteira. Eu preciso sacar no banco e não posso fazer isso.

— E por que não? – me exaltei.

— Porque minha conta tá bloqueada! – exclamou irritado. — A Sophie andou reclamando que eu estava gastando demais com coisas bobas e agora eu só posso sacar dinheiro da minha conta pessoal com a autorização dela. Eu até sacaria da conta da empresa, mas o meu pai não gostaria de saber que tirei dez mil de lá pra tirar um cara da cadeia...

— E por que não pede pra Sophie autorizar? Por acaso ela não sabe que você está me ajudando?

— Não, ela sabe sim. Mas é que voltamos brigados de Saquarema e ela não está no Brasil... – mordeu os lábios. — Ela foi pra Alemanha. Disse que ia passar um tempo lá com a família dela e nem quer falar comigo enquanto estiver lá.

— Por... Quanto tempo? – olhei para o meu café.

— Eu não sei. – deixei uma lágrima teimosa cair ao escutar sua resposta e um silêncio pairou sobre nós.

Eu me sentia bastante decepcionada com aquilo. Era como se todas as nossas tentativas de tirar o Miguel de lá fossem em vão. Nada dava certo e, quando tínhamos uma chance, não poderíamos colocá-la em prática. Eu estava começando a entrar em desistência.

— Eu sinto muito.

— Não sinta. – funguei o encarando. — Você já está ajudando demais e... Nem é sua obrigação. – sorri de canto e ele fez o mesmo. — Quanto... Quanto tempo o Miguel ficará lá sem a fiança paga? – limpei a garganta.

— Mais quatro, ou seis meses. Eles não deram uma data definitiva.

— Então... Não podemos fazer nada a não ser esperar, não é? – comecei a cutucar minhas unhas.

— Rebecca, você já aguentou quatro anos. Mais alguns meses não serão nada. – Erick tentou me confortar.

— Eu sei. – sorri para ele. — Eu sei disso.

 — Ai que droga! Eu queria tanto ter esse dinheiro pra ajudar o meu irmão

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— Ai que droga! Eu queria tanto ter esse dinheiro pra ajudar o meu irmão... – Nathaly apoiou suas costas no banco de madeira e cruzou os braços.

— Eu também queria ter esse dinheiro, mas, infelizmente, não tenho. Não há nada o que possamos fazer, a não ser esperar. – olhei para os brinquedos do play à minha frente e suspirei.

— De qualquer forma, eu agradeço o que vem fazendo pelo Miguel. Outras garotas, nessa situação, já abririam mão no primeiro ano, mas você não. Você nunca desistiu do meu irmão, Rebecca. – olhei para a morena que me encarava e sorri de canto.

— Mesmo que eu tenha seguido em frente, tivemos uma história. Não dá pra esquecer o que vivemos.

— Falando em seguir em frente... – Nathaly sorriu. — Soube que você está namorando o Diego. E aí?

— Bom...

— Tia Rebecca! – fui interrompida por um pequeno ser que veio correndo em nossa direção. Davi pulou em meu colo e eu o abracei, sorrindo confusa.

— Davi? O que faz aqui? – encarei o pequeno sorridente que estava em meu colo.

— Meninas! – olhei para frente e não pude deixar de conter a surpresa assim que vi Marina.

— Marina?

— Eu mesma. – sorriu. — Sentiram minha falta?

Até o Fim (LIVRO 2)Where stories live. Discover now