O que fazer?

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Santana mal havia pregado os olhos na noite anterior, mas assim que seus olhos abriram, ela pulou da cama indo direto para a janela e NADA. Suas expectativas de que algo poderia ter mudado ou, tudo ter sido só um pesadelo tinha ido por água abaixo. Nenhum sinal da namorada, nem uma sombra, nem as cortinas abertas, simplesmente nada. Aquilo já era sacanagem, não era possível. Olhou o celular e nada, nenhuma mensagem, tentou ligar e: Sua chamada está sendo encaminhada (...). Seu coração encolheu no peito, não poderia ser possível ter acontecido alguma coisa. A distância de uma janela para a outra parecia estar maior a cada segundo sem menção da outra garota sorrindo para ela do outro lado. Os pensamentos voaram para quando a namorada lhe escrevia cartazes em cartolina com giz de cera colorido dizendo: I love you e o Lord Tubbington te acha linda. Esses momentos eram apenas delas e todas as noites antes de dormir seu cartaz era levantado pelas mãos pálidas.
Ainda com o celular em mãos, foi até o nome da prima GnomoBerry e discou. Chamou uma, duas, três, quatro vezes...

- Huuuum...

- Rachel, acorda.

- O que foi? - Rachel tirou o aparelho da orelha e com os olhos apertadinhos de sono, tentando racionar, olhou no relógio de tela, 6:00hr da MANHÃ. Santana só podia estar fazendo trote com a mesma. - São 6h da manhã Santana, juro que se for trote seu, vou contar aos meus tios que... - A garota parou de falar quando ouviu a prima chorar baixinho na ligação. Algo realmente havia acontecido. Não era trote, não era brincadeira. Santana nunca chorava, NUNCA, provavelmente só deve ter chorado ao nascer, pois nem quando bebê ela era aquelas choronas, apenas resmungava e pronto, quando criança, ela normalmente aguentava broncas, castigos, tudo sem chorar e se mostrando forte. - Eu já estou indo aí. Deixa a porta aberta.

Rachel deixou um bilhete na geladeira avisando que estava na casa dos tios, caso os pais chegassem e questiona-se aonde a menina estava, calçou um tênis e andou o mais depressa possível, de pijama mesmo, até o apartamento da prima. Ela tentou pensar no que poderia ter acontecido já que ontem a prima e Brittany estavam bem, saíram de lá cheias de amores uma com a outra, trocando beijos e quase se não, se engolindo pelo caminho, e sua tia nem havia encrencado com nada, pois ela seria a primeira a saber. Grupo de família, sabe-se de tudo. Até então, a noite anterior fora perfeita, inclusive para ela. Um sorriso brotou em seu rosto ao lembrar de Quinn Fabray, a rebelde estava tão, tão, encantadora, além de incrível, carinhosa...
Abriu a porta do apartamento devagar, ninguém estava acordado aparentemente, apenas a prima em seu quarto, que estava com a cabeça apoiada em seus joelhos, seus braços abraçando as pernas, se mantendo encolhida no local.

- Tana... - A garota a abraçou e então sentiu Santana se desarmar, com as bochechas já úmidas, sem falar nada, apenas se deixou naquele abraço. Santana também não era muito de abraçar. Foi surpresa para Rachel ver Santana tão grudada com Brittany, permitindo que a loira quebrasse aquelas barreiras gigantes feitas por ela. O toque era a forma que Brittany demonstrava seu sentimento e ela passava todo o tempo tocando aos mãos de Santana, os ombros, andando de mindinhos dados, ou se pendurando no pescoço de Santana ao voltar da escola, e a outra nunca reclamou, pelo contrário, ela parecia amar. Tudo isso era novo para Rachel, ver a prima apaixonada daquela forma. - O que aconteceu?

- Ontem quando fui deixar Brittany em casa - Santana desencostou da prima, sentando na beira da cama, o nariz vermelho sendo fungado em seguida. - A mãe dela abriu a porta e estava com uma cara péssima, nem falou comigo nem nada, foi super sem educação. Mandou Brittany entrar e agora não consigo mais falar com ela. Fora que ontem, parecia que eles estavam brigando, pelo jeito que vi nas sombras.

- Sombras? - Um ponto de interrogação se formou no rosto de Rachel. - Como assim sombras?

- Eu olhei pela janela e vi suas sombras através da cortina. De um lado para o outro, e depois voltavam para o quarto - Santana percebeu que a feição da prima era de: O que raios ela está falando. E sua frustração cresceu, a raiva querendo aparecer naquele seu momento frágil. - Preste atenção Rachel, isso é sério.

- Tá tá... eu sei. Continua.

- Agora ela não me atende, não responde as mensagens, e nem abriu as cortinas. Eu tenho certeza que aconteceu alguma coisa. - Santana voltou a se levantar e parou em frente a janela. Nenhum sinal, nem movimentação. - Britt sempre me dá o meu boa noite, mesmo quando acabamos de nos ver, e as cortinas ficam abertas.

- Sant, você já pensou em, sei lá, ela estar dormindo? - Qual é, ainda eram seis e pouca da manhã, até ela estava dormindo antes de ser acordada pela ligação da prima. Seu sorriso murchou quando a prima lhe olhou com cara de poucos amigos.

- Aconteceu alguma coisa. Eu tô sentindo, caramba. - A latina se jogou na cama e enfiou o rosto no travesseiro. Agora estava frustrada com a prima que não estava lhe ouvindo, triste por Brittany não ter dado nenhum sinal, nem atender o telefone, e não sabia se poderia ir lá ou não. Seus sentimentos pareciam estar descendo em um Kabum dentro de si. Que bosta.

(...)

Os olhos azuis permaneciam encarando o teto, seu corpo era chumbo no colchão, a ardência tomava conta pelas lágrimas que escorriam e sua respiração não era mais nasal, precisando deixar os lábios entre abertos para essa função. Seus fones de ouvido de orelhas de gatinho estavam a postos, ao som de Avril Lavigne - I'm with you. Brittany se sentia naquele clipe, andando pelas ruas, sua vontade de gritar algumas partes da música aumentavam cada vez que a cantora aumentava o timbre. Como tudo virou de cabeça para baixo tão rápido? Ontem estava em uma festinha com a namorada e agora...
Tudo estava uma droga com seus pais, ela sabia que eles tinham ido dormir tarde, dava pra ouvir os dois discutindo como aquela situação seria resolvida. Sinceramente, não havia o que se resolver.
Brittany lembrou-se de quando não morava no prédio, lembrou-se de quando beijou um garoto pela primeira vez, sua paixonite antes da mudança, dos amigos que fizeram a festa surpresa de despedida e de como até então, era má idéia aquela mudança toda. Se eles não tivessem se mudado, nada daquilo teria acontecido, seus pais não estariam brigando e ela não teria conhecido Santana. Pensar em Santana fez seu estômago vibrar e seu coração bateu tão forte que doeu o peito. Santana lhe deu os melhores momentos naquele lugar, os melhores beijos, o melhor amor que poderia ter recebido e se deu conta que seu estado físico estava decompondo-se não pela mudança feita ou pela briga dos pais, e sim por estar longe de Santana ou se imaginar longe dela.
O que ela poderia fazer agora longe de seu amor?. Brittany então, tomou coragem de se levantar da cama, ela não poderia deixar Santana assim, no escuro. Ela tinha certeza que a outra estava sentindo sua falta e que sabia ter algo errado.
Sua cabeça doía tanto por ter chorado longas horas pela madrugada, mas forçando seu corpo, andou até a janela e abriu as cortinas, ela precisava de Santana para ter forças e continuar aquela guerra dentro de sua casa. A luz do início da manhã abraçou seu corpo, mas foram os olhos castanhos que lhe aqueceram a alma, aqueles olhos quentes devorava cada pedaço de sua carne e foi como se renovar depois de uma batalha.
Brittany ouviu então, as 6:30h da manhã, a plenos pulmões, três palavras que lhe fortaleceram até o último fio de cabelo loiro em sua cabeça, Eu te amo. Santana gritou de sua janela, assustando a prima, que deu um pulo da cama indo até sua direção, com medo de que seus tios acordassem, que os vizinhos de baixo ouvissem e reclamassem, e todo o prédio ligasse para o síndico. Era contra as normas sindicais gritos, músicas altas e etc fora de horário.
Por outro lado, Santana estava pouco se fodendo para aquelas regras idiotas, ela havia visto os olhos azuis depois de horas sem comunicação, ela sabia que Brittany tinha chorado, pois todas as suas feições e nariz vermelho mostravam isso. Santana conseguia enxergar e sentir tudo, mesmo de longe. E então, ela gritou, e depois, gritou mais uma vez, fazendo Brittany sorrir e chorar junto, numa mistura conflitante.

- Eu te amo Santana. - Gritou Brittany, com a cabeça para fora da janela, até que seus pais abriram a porta, atordoados. A garota então, os olhou nos olhos e repetiu para eles ‐ Eu amo a Santana. Tô pronta pra enfrentar tudo por ela.

Me conta da tua janela ...Where stories live. Discover now