Pequeno L.T

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Em homenagem a data de hoje (meu aniversário) resolvi postar um capítulo escrito nesse instante. Sigo triste aqui, mas agradecida por vocês acompanharem com tanto carinho minha história.
💜



É engraçado como os dias se perduram quando não estamos com quem amamos. Sejam aqueles amores novos, ou os amores de longa data. Santana e Brittany contavam dia a dia no calendário desde a distância criada pela morena, partindo o coração dos olhos azuis em pedaços no chão. As horas pararam aquela semana no condomínio e a monotonia tomou conta do local.
Brittany ligou o rádio e colocou seus fones, tentando tirar Santana de seus pensamentos, em vão, a cada piscada, Santana invadia mais o espaço de sua mente e coração. Santana era a rainha de uma selva chamada Brittany, imensa. Parou os olhos azuis na janela, lacrimejados, lembrando de quando odiava ter os olhos castanhos por ali, a espiando, e agora lhe sobrou apenas a ausência e algumas sombras contra a luz. Soluçou em um choro abafado pela sua mão, por que a outra era tão cabeça dura?. 
Vestindo um moletom rosa, desceu no breu do largo elevador, e apreciou as estrelas da noite, no banco aonde beijou sua paixão a primeira vez. Inspirou e expirou o ar fresco e mais algumas lágrimas desceram pela bochecha alva. Amar doía. Seus olhos azuis agora com tons vermelhados, arregalaram quando viu a figura pequena indo na direção oposta dos bancos, com um capuz na cabeça, mas aqueles fios castanhos eram inconfundíveis, era seu amor e o coração deu um salto, fazendo a boca secar.
Seguiu em passos silenciosos e viu a outra garota ir ao fundo da garagem, olhando para os lados – O que você está aprontando, Sant? – sussurrou para si . Santana abaixou-se próximo das lixeiras e tirou do bolso grande do casaco um punhado de ração e um potinho com leite, colocando no chão. – Psiusiusiu- e então uma miniatura de gato rajado apareceu, magro, com a pelagem baixa, tão pequeno que cabia na palma da mão.
 
- Você come ração ou bebe leite? Eu nunca cuidei de gatos antes. – Santana falou olhando para os lados – uma pena minha mãe não me deixar levar você pra casa, Lord, mas prometo cuidar de você todos os dias aqui. Beleza? Come aí e bebe o leite. Tenho que ir.
 
Ao se virar, Santana deu de cara com Brittany, e caramba, seu coração não estava preparado para olhar seu amor naquele momento, acelerou com o susto, com o amor, com aqueles olhos azuis que com certeza chorara mais cedo. Tantos dias haviam se passado, tantos dias olhando o teto da sala para não abrir a janela do quarto e gritar sua saudade. -Miauuu – foi o som que ecoou na atmosfera, fazendo as duas olharem para o chão, ao mesmo tempo e sorrirem.
 
- Ele é seu? – Brittany arriscou dizer, com o coração na mão, com medo de ganhar o silêncio da outra.
 
- Mais ou menos, eu o achei, mas não posso levá-lo para casa.
 
- Aqui está tão frio, ele é pequeno, pode ficar doente.
 
- O que sugere? – Santana o pegou no colo, e o pequenino Lord se aninhou junto do cabelo castanho.
 
- Vamos levá-lo para minha casa.
 
- Sei não, Britt... você nem sabe se seus pais irão deixar você ficar com ele. – ouvir aquele Britt, como nos velhos tempos fez a loira se derreter como muitas vezes.
 
- Eles vão deixar, tenho certeza. Vamos ou não?
 
- Tá, tudo bem então.
 
As duas seguiram lado a lado em silêncio, a palma das mãos soando, os olhos ora ou outra se encontravam e os lábios eram mordiscados.
Entrar no quarto da loira, após todo aquele tempo, fez as borboletas no estômago de Santana voarem, lembranças dos dias mais felizes que ambas viveram ali, e se não fosse Lord lhe lamber o pescoço – Aiii Lord, que nervoso – ela mergulharia de cabeça nos pensamentos e na saudade que sentia.
 
- Põe ele aqui Sant – Brittany havia pegado uma caixa grande, de uma de suas botas e forrado com uma manta azul com ursinhos amarelo em tom pastel que tinha. – Olha como ele ficou uma gracinha na cama nova.
 
- Não faça bagunça, entendeu, Lord. Eu prometo te visitar em breve. – Então Santana voltaria? Essa ideia fez Brittany quase surtar por dentro. Maravilha.
 
- Lord Tubbington.
 
- Como Britt?
 
- O nome dele – sorriu- É Lord Tubbington.
 
- É, gostei – sorriu.
 
Nenhuma das duas queriam se separar e usaram a desculpa de Lord querer brincar, e assim fizeram por longos minutos, até o filhote dormir no meio das duas, na cama da anfitriã da casa. Olhos azuis encararam os castanhos, e o mundo girou devagar apenas para deixá-las mais ali. Seus dedos se tocaram, em silêncio, e os pêlos se arrepiaram por debaixo dos grossos casacos que vestiam. Os lábios teimaram em se aproximar cada segundo um pouco mais e o escuro tomou conta quando se tocaram. O beijo começou devagar, degustando-se, as lágrimas fizeram-se presente nos olhos de ambas, e as línguas passaram a dançar com sintonia e um pouco mais de intensidade. Saudades.
Olharam-se nos olhos mais uma vez, aquilo não era sonho, não era fantasia, não era alucinação. Era real e estava acontecendo.

- Me perdoa S...

- Shiiiu... não me peça mais desculpas. Só... só me beije mais uma vez.

Suas bocas deleitaram-se uma segunda vez, para na terceira, colocarem o pequeno Lord.T em sua cama improvisada e num segundo, voltarem com o beijo, ardendo em paixão, saudade, amor jovial. Brittany apertava com toda vontade a cintura da morena, temendo que ela escapasse assim que seus olhos abrissem.

- Eu te amo B...

- Eu te amo S... - sussurraram entre lábios, enquanto suas línguas devoravam-se.

Madrugada afora, com os corpos colados, dedos entrelaçados, prometeram-se nunca mais soltar uma a mão da outra, não importa o obstáculo, não importa o tamanho do problema, o amor das duas viria em primeiro lugar.

Me conta da tua janela ...Where stories live. Discover now