Singular

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A semana passou mais rápida do que se podia  pensar, e quanto mais os dias passavam, mais Santana e Brittany ficavam juntas, unidas. Seja na escola ou em casa, ou a noite na parte do jardim do condomínio. Elas estavam sempre juntas, de dedos mindinhos entrelaçados andando pela quadra, ou Brittany pendurada no pescoço de Santana quando estava manhosa querendo atenção, até mesmo nos dias de TPM de ambas, elas estavam ali, fazendo brigadeiro, assistindo filme e aguentando o mal humor. Se falavam por mensagens no celular, por bilhetes na janela, ou por ligação. Todo esse grude estava tirando a paz de Quinn, que perdeu a amiga, e de Rachel e Kurt, que perdeu as duas de uma só vez. Não que elas não dessem atenção as outras pessoas, mas nunca deixavam de se falar, mesmo estando com outros em sua volta.
Santana passava o dia pensando em Brittany, até quando estavam juntas, seus pensamentos eram dela. Pensava e escrevia, formava frases e depois um refrão. Brittany era música para Santana, e ela passava dias treinando e testando a melodia para que fosse a melhor.
Quando sua música finalmente ficou pronta, correu com o violão noite afora para o jardim, mandando um SMS a Brittany, que em 5min já estava lá, ambas de pijama moletom. No relógio marcavam 22:30hrs, dia de semana, e o condomínio estava deserto.
Santana estava sentada no banco com o violão no colo, seu caderno de composição do lado e um sorriso lindo no rosto assim que olhou para os olhos azuis de Brittany.

- Você é meio doida, Sant. Que surpresa é essa? Tarde da noite assim.

- Eu fiz algo para você. Quero que escute.

- Compôs pra mim? - Brittany abriu o sorriso mais lindo que Santana presenciou, e olha que ela já achava ter visto esse sorriso inúmeras vezes em Brittany.

- Só escuta.

Santana respirou fundo, a coragem que estava minutos atrás parecia ter ido embora, à abandonado e ela tremeu os dedos quando alcançou as cordas do violão. A hora é agora !
Uma melodia suave começou a envolver as duas amigas e a voz de Santana fez o coração de Brittany pular no peito quando começou a cantar, mais especificamente aquela canção.

É tão singular

O jeito que me observa acordar
E o meu cabelo não parece te assustar
Você, incrivelmente, não se importa
Se eu te chutar a noite inteira

É singular
Tua vergonha e tua forma de pensar
O teu abraço que me enlaça devagar
E enfeita todos os meus dias e horas

É tão particular o meu encontro quando é com você
O meu sorriso quando tem o teu pra acompanhar
As minhas histórias quando você para pra escutar
A minha vida quando tenho alguém pra chamar
De vida

É tão singular
A habilidade que eu tenho em montar
Um arsenal de clichês pra te cantar
Na intenção de te fazer não esquecer
Que eu nunca vou parar de te chutar a noite inteira
Mesmo se você brigar
Eu te enlaço e não me permito soltar
Pro nosso nós não deixar de ser assim
Tão singular... " 🎶

Santana cantou toda a música trocando olhares com Brittany, aqueles olhos azuis perfeitos e aquele sorriso mostrando todos os dentes. Tudo lindo demais.
No final da melodia, Brittany não aguentou a emoção e se inclinou envolvendo os braços no pescoço de Santana, a apertando o máximo que pôde. Esse foi o melhor presente que ela já recebera de alguém. E principalmente, de Santana. O cheiro dos cabelos negros invadiram o olfato de Brittany sem pedir licença, assim como o loiro, e a batida de seus corações aceleraram mais do que já estavam acostumadas a aguentar.
Brittany se afastou e olhou fundo os olhos castanhos, nenhuma das duas conseguia falar nada, apenas deixaram de lado todos os medos e pensamentos negativos que tiveram até ali e agiram com o coração, com o desejo que já vinham cultivando a dias. Seus lábios se tocaram, timidamente e receosos mas dessa vez, Brittany fechou os olhos e Santana a acompanhou.
Santana esperou Brittany tomar a iniciativa de aprofundar o beijo, pois não queria invadir o espaço da amiga outra vez e nem foi preciso esperar tanto, logo após o segundo selinho que trocaram, a língua de Brittany invadiu a boca de Santana, soltando um suspiro gostoso. Lopez estava nas nuvens e nem sabia que a Pierce também invadia o céu com aquele beijo, tão bem encaixado, com ambas as línguas explorando a boca uma da outra. Ternura, era a definição.
Uma pena que o ar faltou e elas se separaram, tímidas, porém, ninguém correu, nem fugiu, apenas se olhavam e faziam carinho uma na bochecha da outra.

- Eu amei demais essa música, Sant.

- Eu fiz pra você, Britt. - Santana corou ao dizer e foi a primeira vez que Brittany a viu tão vulnerável daquela forma. Tão exposta.

- Grava pra mim e me manda? Eu quero ouvi-la todos os dias.

- Você realmente gostou?

- Eu não gostei - sorriu - Eu amei muito. Pra caramba. Demais da conta. Mesmo. É perfeita, Sant.

- Gravarei para você.

- Agora precisamos ir, minha mãe não sabe que saí do quarto.

- Sua fugitiva - ambas sorriam ao se levantarem do banco e andarem de mindinhos dado.

- Culpa sua que me mandou uma mensagem de SOS, dizendo ter uma surpresa. Eu sou curiosa, Sant.

- Ok, ok. - Santana parou próximo ao elevador do bloco de Brittany e elas se encararam - Britt... É... - precisava tocar no assunto do beijo, queria entender aquilo - sobre o...

- Sobre o que?

- Você sabe... O beijo.

- Eu... - suas bochechas enrubesceram - eu senti vontade de te beijar.

- Sentiu? - Santana tentou conter o sorriso para não demonstrar o tamanho do prazer que foi ouvir isso da outra.

- Senti... Muito.

- Eu também senti - confessou - muito também.

- Só não conta a ninguém. Fica só entre nós.

- Será nosso segredo. Não vou contar Britt. Eu prometo.

Brittany sorriu ao ver Santana jurando marcando um X no coração, era fofa demais e se inclinou pela segunda vez a beijando os lábios, roubando suas palavras. Diferente da primeira vez, seus corpos se tocaram mais e Brittany pode apertar a cintura de Santana, grudando mais.

- Boa noite, Sant. Até amanhã na hora do colégio.

- Boa noite, Britt, até.

Santana tinha a feição abobalhada por todo o caminho até seu quarto, o coração estava louco no peito e o sorriso só faltava rasgar a face de tão aberto que estava. O gosto do beijo ainda era degustado e sua mente o reproduzia várias e várias vezes em seus pensamentos.
Na janela, ambas apenas acenaram e foram deitar, olhando o teto, felizes, suspirando paixão. Opa, paixão? Estariam apaixonadas? Será?


Me conta da tua janela ...Where stories live. Discover now