— Desculpe pela minha atitude, não queria ser grossa, mas você mereceu um pouco. — Henry sorriu, mostrando os dentes perfeitamente alinhados.

— Ótimo, precisamos nos dar bem, acho que os dois ficarão juntos até o final da viagem. — se referiu a Emily e seu amigo.

— Talvez. Vocês passarão quantos dias? — com menos timidez, fiz questão de manter o contato visual, Henry fazia o mesmo.

— Estou no hotel a trabalho, não sei exatamente por quanto tempo vou ficar, mas creio que volto para casa na segunda-feira. — um garçom passou por nós e Henry o chamou, pegando um drink e bebendo de uma vez só.

— Trabalho? Sempre achei que Vegas fosse para diversão, férias... — resolvi beber um pouco do Bourbon, estava com a garganta seca.

— Eu também pensava assim, mas nem tudo é diversão. — seus ombros ficaram tensos, então ele encheu seu copo com Bourbon dando um gole logo em seguida.

— E você trabalha exatamente no quê? — ele deu um meio sorriso e respirou fundo.

— Sou diretor executivo de uma empresa. E você, trabalha no quê? — falou tão rapidamente que me deixou curiosa.

Diretor executivo de uma empresa? Mas qual empresa? Pensei em perguntar, mas não queria ser invasiva ou curiosa demais. Apesar de estarmos tendo uma conversa aparentemente civilizada, Henry ainda era um homem poderoso e com intenções maldosas.

— Eu trabalho em um... — ele me olhava esperando a resposta e enquanto isso, me perguntei diversas vezes se falava a verdade ou mentia como fiz com o sobrenome. — Não trabalho. — Henry me olhou surpreso. — Meu pai é um empresário rico na nossa cidade, basicamente vivo de viagens, festas e shoppings. — droga! Estou praticamente esfregando na cara dele o quanto sou "fútil"

— Interessante. — deu mais um gole em sua bebida. — Você nunca quis cursar uma faculdade? Me parece uma mulher inteligente.

Eu não podia mentir mais uma vez, as mentiras iam virar uma bola de neve e seria difícil sair dela. Mas também não podia contar que ganhei a viagem em um sorteio, que trabalho em um supermercado e que estou na beira de um precipício de tantas dividas.

— Não, nunca pensei. — menti, sentindo meu estômago embrulhar.

— Nunca é tarde. As raízes dos estudos são amargas, mas seus frutos são doces.

— Aristóteles — completei, deixando-o surpreso.

— Olívia, que tal jantarmos amanhã à noite? Estou interessado em você, sei que também está por mim. — falou direto, me pegando de surpresa.

— Jantar? — notei suas pupilas dilatadas e um sorriso cafajeste nos lábios.

— Sim, porquê não? Somos adultos, descompromissados...

— Como sabe que sou descompromissada? Posso muito bem estar em um relacionamento! — senti minhas bochechas queimarem.

— É um palpite, estou errado? Vamos jantar, nos conhecermos melhor. Pelas poucas palavras que trocamos, meu interesse só aumentou...

— E-eu não sei o que dizer. — burra! Como sou burra! Estou demonstrando insegurança nessas palavras tolas.

— Não diga nada. Estarei a sua espera amanhã à noite, no restaurante do hotel.

Henry colocou a mão na minha, extremamente sedutor e se aproximou do meu rosto, sem retirar o contato visual. Estávamos próximos demais, dava para se sentir nossas respirações e quando nossos rostos estavam a centímetros um do outro, fomos interrompidos.

— Sr. Bianchi, como vai? Podemos conversar rapidamente? — era um homem, parecia bem disposto em nos atrapalhar.

— Carlo Montenegro, que surpresa vê-lo aqui. — forçou um sorriso e me olhou sem esperar a resposta do homem. — Nosso jantar está de pé? — assenti, sorrindo. — Nos vemos amanhã então. — pegou a minha mão com leveza e levou até os lábios, depositando um beijo carinhoso, causando-me arrepios.

Henry Bianchi iria me enlouquecer nos próximos dias, seria loucura dispensar um homem como ele. Preciso focar nas palavras de Emily e me divertir nos dias que virão. Sendo eles com Henry ou com outro, eu quero e vou me divertir!

Caminhos QuebradosWhere stories live. Discover now