Alex Jackson | A Filha de Poseidon

Tudo está bem quando termina bem... (ou não)

Lembra quando eu disse que ás vezes eu odiava a Névoa? Bem, é verdade, ás vezes eu odeio. Mas também há outras vezes em que eu realmente amo a mesma. No momento estamos na segunda opção. 

É realmente engraçado como os seres humanos são capazes de enrolar a sua mente em volta das coisas e encaixá-las na sua versão de realidade. Quíron já me disse várias vezes que a Névoa é poderosa, mas só agora eu vi isso com os meus próprios olhos e tive noção do quanto. 

De acordo com as notícias de Los Angeles, a explosão na praia de Santa Monica tinha sido causada quando um sequestrador enlouquecido disparou uma espingarda contra uma viatura da polícia. Ele acidentalmente atingiu um tubo principal de gás que se rompera durante o terremoto. Esse sequestrador enlouquecido (também conhecido como Ares) era o mesmo homem que abduzira a mim e a meu irmão com outros dois adolescentes em Nova York e nos trouxera até o outro lado do país em uma odisseia de terror que durara dez dias.

Porque eu estava em Nova York quando morava na Califórnia? Bem, estava indo visitar minha mãe, é claro, mas fui sequestrada no caminho. Minha tia, a verdadeira Ariane Jackson, morrera tentando me proteger. O pobre do meu padrasto, em sua tristeza, confundira os nomes e isso atrapalhou a polícia.  

Agora, se realmente existiu uma mulher chamada Ariane Jackson que foi morta em Nova York ou se ela foi inventada do mais puro nada, aí eu já não sei. 

O pobrezinho do Percy Jackson, afinal, não era um criminoso internacional. Nem ele, nem sua irmã, Alexis Jackson. Eles causaram uma comoção naquele ônibus da Greyhound em New Jersey tentando escapar do seu sequestrador (e depois, testemunhas chegaram a jurar que tinham visto o homem de roupa de couro no ônibus — "Por que não me lembrei dele antes?").

O homem enlouquecido causara a explosão no Arco de St. Louis. Afinal, crianças não poderiam ter feito aquilo. Uma garçonete preocupada de Denver vira o homem ameaçar seus sequestrados do lado de fora do seu restaurante, chamara um amigo para tirar uma foto, e notificara a polícia.

Finalmente, o bravo Percy Jackson, para proteger sua irmã e amigos, subtraíra uma espingarda do seu sequestrador em Los Angeles e lutara contra ele, espingarda contra rifle, na praia. A polícia chegara bem a tempo. Mas, na espetacular explosão, cinco viaturas da polícia foram destruídas e o sequestrador fugira. Não houve mortes. Percy e Alex Jackson e seus dois amigos estavam em segurança, sob custódia da polícia. 

Os repórteres nos forneceram essa história inteira. Nós apenas assentimos e nos fizemos de chorosos e exaustos (o que não foi difícil), e representamos o papel de crianças vitimizadas para as câmeras. Tive que fazer um drama maior pela minha suposta tia morta, mas cair no choro foi fácil (eu só precisava pensar em mamãe). 

— Tudo o que eu quero — disse Percy, contendo as lágrimas — é ver o meu adorado padrasto de novo. Toda vez que o via na tevê me chamando de punk delinquente, eu sabia... De algum modo... Que tudo ia dar certo. E eu sei que ele vai querer recompensar uma por uma todas as pessoas desta linda cidade de Los Angeles com um eletrodoméstico grátis, dos grandes, da sua loja. Aqui está o número do telefone.

A polícia e os repórteres ficaram tão comovidos que passaram o chapéu e levantaram dinheiro para quatro passagens no próximo avião para Nova York. Eu sabia que não havia escolha senão voar. Esperava que Zeus desse a mim e Percy algum tempo de lambuja, considerada as circunstâncias. Mas ainda assim foi difícil me forçar a embarcar no voo. A decolagem foi um pesadelo. Cada momento de turbulência era mais assustador do que um monstro grego. Eu não parei de apertar as mãos de Annabeth e Percy, que estava tão nervoso quanto eu, até pousarmos em segurança no aeroporto de La Guardia. A imprensa local aguardava por nós do lado de fora da segurança, mas conseguimos escapar graças a Annie, que os atraiu para longe com o seu boné dos Yankees invisível, gritando: