48 Capítulo 🦊

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RAYKA VARGAS



Não era chuviscos, não era garoa, não era somente uma chuva. Era sim uma tempestade, parecia que o céu havia se aberto e toda a água do mar era jogada em nós dois em gotas diretamente do céu. Ensopados nós estávamos e tudo isso me fazia rir altos da situação. Corajosa eu fui e pedi esse homem em casamento. Meus lábios tremiam e os dentes trincavam, a sensação era de um receio terrível pela falta de resposta. Eu sinto que nos amamos e é nítido pela forma como nós olhamos. Vamos ter um filho e por eu ter ignorado nutrir sentimentos por ele no começo, sei lá, pode ser que ele me considere volúvel. Nunca falamos nem sequer de namoro. Decidimos se dá uma chance e aqui estou eu desejando ver esse homem no altar me esperando com um barrigão enorme. , eu quero tanto casar grávida. Quero tanto dizer sim para o homem que dele tem um pedacinho em minha barriga.

Me vejo tão bem comigo mesma, tão apaixonada na mulher que me tornei, tão cheia de mim e de amor por mim. Eu não estava sozinha e eu não tinha mais medo. Eu queria ele comigo porque nos fazíamos um bem danado e não para nos completar. Ele me ensinou a se completar sozinha e que o amor verdadeiro deve ser de mim para eu mesma.

Eu me amei quando enterrei de vez um relacionamento tóxico e abusivo. Eu me amei quando me livrei da dependência emocional. Eu me amei quando estava amando. Eu me amei quando superei circunstâncias que nunca pensei superar.

Imagina, ser tão poderosa a esse ponto e ainda escolher ter alguém que me faz se sentir ainda mais foda. Vincent. Eu te quero tanto.

Em meio a chuva incontrolável, olhei entre os lados e não vi outras pessoas, até os músicos que tocaram para eu cantar desapareceu. Tornei a olhar para a frente e lá estava estupefato o grande amor da minha vida. Vincent, um homem perfeito, a torre imbatível que ninguém era páreo, o lobo protetor e o pai da cria que cresce em meu ventre. Ele era tudo e mais um pouco. Era ele, sempre seria ele e eu o escolheria em todas as vidas que tivéssemos oportunidades de nascer na mesma época. Eu o encontraria, porque corações que batem no mesmo ritmo estão predestinados a se encontrarem. Eu o amava, não por tudo que vejo. Mas sim por tudo o que sinto e de como fico nas nuvens quando nos olhamos, nos tocamos, nos beijamos ou fazemos amor. Eu me amo ao estar com ele.

Ninguém me fazia se sentir assim como ele fez. Eu era eu e fui me moldando sozinha através das coisas erradas que percebi em mim em muitas das nossas conversas. Eu abri meus olhos para o mundo e dei de cara com o amor.

Engraçado, a minha autoconfiança eu aprendi tendo uma pessoa incrível do meu lado e que ele me dava liberdade. Foi necessário ser assim para eu aprender. Liberdade é tão cirúrgico.

Observei meu homem e ele caiu de joelhos no chão, não sei se impactado, ou desacreditado, a expressão foi impossível de ser descrita. Por reflexo, o microfone despencou também da minha mão e meu coração disparou.

- Não vai dizer nada. Não vai responder minha pergunta? _Falo mais alto pelo barulho da chuva e trovoada e devagar desço do palco, com a aliança em mãos. - Te peguei desprevenido? _Sorrio largo, um tanto temerosa por não decifra-lo corretamente e vou até ele. Seu rosto ergue e ele chora. Os pingos se juntava as suas lágrimas e escorria por suas bochechas. Me sinto em um sonho.

Ansiosa, guardo as alianças em sua jaqueta de couro que uso e emolduro seu rosto com as mãos e suspiro, olhando para o céu e adorando de forma indestrutível banhar o meu corpo e alma naquele cálice revigorante que despencava do céu em pingos de chuva.

LUZ NAS TREVAS (3)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora