40 Capítulo 🦊

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RAYKA VARGAS












Chegando na mansão da A Diablo, minha casa, um lugar onde eu podia chamar de meu. Eu subi com a moça e deixei os rapazes na sala conversando. O Vincent ainda não havia chego e isso era muito estranho, mas não iria me preocupar porque ele vai voltar pra mim. Ele sempre volta e dele se não voltar... Deus eu tenho tanto a falar. Orgulho... será que ele vai sentir orgulho de mim?

No quarto que era meu na primeira vez em que estive aqui, eu entrei e abri a porta para que a moça entrasse, com lentidão ela fez e eu encostei a porta.

No carro ela permaneceu quietinha e não disse uma só palavra. O Kai tentou puxar assunto e tudo o que obteve dela foi um simples aceno positivo ou um balançar de cabeça em negativo. Falar, ela não falou.

Tudo bem. Essas coisas levam tempo para ela se adaptar ao novo.

A menina estava numa bolha e seria vendida como carne em açougue. Precisávamos ter paciência com ela igual tiveram comigo.

— O Ramón e o Kai estão morando aqui conosco. _Inicio um diálogo e ela, como um animalzinho indefeso e assustado que saiu da jaula, observava em volta, entre as cortinas, paredes, quadros e por fim se abraçava e tentava ser forte e não desabar ao avistar a cama de casal bem arrumada.

— Quem é ele? _Me olhou e as lágrimas pigaram dos seus olhos quando ela puxou um pouco o tecido do roupão de seda branco que usava e enxergava os dois risquinho de sangue que o Kai fez.

— O loiro e de olhos esmeraldas é o Kai. Ele é o homem que fez isso em você. _Espero ter respondido sua pergunta.

Ela assentiu e suspirou forte. Sim, ela queria saber qual era o nome dele.

— Ele vai me querer já essa noite? _Me encarou perturbada após olhar novamente para a cama. Eu sentia como se para a moça a cama gritasse para ser bagunçada.

Preocupada com ela e com todo esse medo que ainda habita sua mente e sabendo justamente como é por já ter vivenciado esse pavor eminente, aproximei dela e recolhi suas mãos. Instintivamente, com o meu toque ela me olhava um tanto medonha, com os olhos pretinhos como de um corvo em noite de lua cheia.

— Esse quarto aqui é seu e ele não vai entrar a menos que você queira. Ele vai te dá seu tempo e você ficará nessa mansão conosco. Você é parte da famiglia agora.

Ela negou, apertando minhas mãos.

— Eu não sou. Eu ainda continuo intocada. Ele não fez nada... Eu juro. _Trêmula e desesperada ela cochichava quase inaudível, sem voz.

— Eu sei. Mas para o mundo mafioso você é nossa e de nossa responsabilidade agora. Esquece a Camorra e a sua família. Aqui você é liberta e terá novos costumes, você será respeitada e ouvida. Ninguém vai decidir por você porque a vida é sua. Ele vai te proteger com a própria vida, ele se comprometeu a fazer tudo pela organização que ele serve. O Kai vai cuidar de você porque é o que eu e o meu companheiro queremos que ele faça.

Sim, o Vincent ia sim desejar o mesmo que eu se tivesse visto como o amigo olhava para a moça naquele salão ou no que seu amigo foi capaz de fazer para salvar a moça.

Ela apertou os olhos e abaixou a cabeça, fitando o chão.

— O que a senhorita viu em mim? _Balançou a cabeça e elevou o rosto, olhando-me vermelha pelo choro incontrolável.

LUZ NAS TREVAS (3)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora