23 Capítulo 🐺

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VINCENT










— O que você tem? _A mão do meu tio tocando o meu ombro e me apertando me desperta dos devaneios que estou imerso.

Ela descobriu. O maldito Conselho fudeu com isso também. A cumplicidade que estávamos nutrindo, a confiança que estava tentando ganhar dela. Tudo desmoronou.

Agora ela tinha motivos plausíveis para ter pavor e medo. Eu matei seus pais e isso para ela importava.

Preciso tomar um banho e descansar. Estou exausto. _Esfrego meu rosto, levantando-me da cadeira onde estava sentado na área externa da mansão dos meus pais e caminho, descasando o botão da minha camisa suja de sangue e entrando na casa.

Viemos todos para a Calábria no avião da Ndrangheta, meu pai decidiu que seria bom que ficássemos algumas semanas fora. Precisamos está atento ao que poderia vir a acontecer. Eu já havia feito uma ligação para o meu conselheiro e o subchefe Ramón, eles cuidariam dos negócios enquanto eu estivesse fora. Eu expliquei a eles do acontecido e claramente que os dois pulavam de alegria, alegando que agora A Diablo seria o que realmente nasceu para ser. Eles estavam empolgados. Era finalmente visto a liberdade de uma organização que vivia sendo controlada.

Subi as escadas e fui tomar um banho gelado, passando mais tempo que o necessário por está me sentindo de mãos atadas. Eu estaria mentindo se dissesse que gosto dessa situação. Eu cuidei tanto para que isso não viesse a tona agora. Eu desejava tanto que a raposinha pudesse entender de fato o que estava em jogo.

Estou ciente que o que pesa nesse momento é ter sido evidenciado a descoberta assim, de maneira escancarada e por cima, sem que contassem verdadeiramente a única história por trás de tudo.

Eu não queimei seus pais porque eu quis. Eu não os matei por ódio deles.

Eu nem os conhecia.

Mas isso também não vinha ao caso. O que ela acreditou é que matei e de fato fiz isso.

Quando chegamos na mansão ela foi tirada de perto de mim como se eu fosse contaminado. Minha mãe me afastou ela o tempo todo, eu não pude chegar perto dela nem para tentar iniciar uma conversa. Explicar. Nada. Não adiantava muito lutar contra isso, minha mãe era do tipo que preferia dá espaço para o outro pensar porque tinha receio que no calor do momento podíamos nos ferir com palavras. Ela estava certa, mas eu não suportava a sensação de desespero pela incerteza de não saber se poderei ser ouvido. Sem saber se ao menos eu teria o benefício da dúvida. O silêncio dela podia simplesmente me matar.

Acredito cegamente que ela me ver como um crápula e piora tudo quando eu fui no seu apartamento. Quando eu a procurei para toca-la. Quando nós dois nos conduzimos a ir tão longe. Como homem, ela poderia me ver como um mentiroso e que só a quis usá-la já que para ela eu escondia algo que envolvia ela, sua história.

Agora ela tinha razões claras para me comparar com aquele infeliz.

Desligo a ducha e vou me secar com uma toalha. Saio do banheiro e ainda de toalha, sigo com o corpo esmorecido e me jogo na cama, fechando os olhos e esperando que o descanso viesse aplacar o vazio da confusão em minha mente que eu não tinha certeza se seria esclarecida.

***

Quando acordei quatro horas depois, naquele quarto que era meu para quando eu viesse aqui, era 22h da noite. Eu me troquei, usando uma calça moletom cinza e uma camiseta preta. Calcei um chinelo e sai do quarto, descendo para a sala de jantar, onde ela e toda a minha família estava sentados à mesa.

LUZ NAS TREVAS (3)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora