29 Capítulo 🐺

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VINCENT









Na Colômbia. Especialmente em Medellín na capital de Antioquia, chegamos em época de primavera. Nessa madrugada, o clima estava ameno, gostoso e a saudade foi a primeira coisa que senti quando desembarquei na cidade com minha família à trabalho.

Passamos três dias na Itália e voamos para a Colômbia. Chegamos há poucas horas e cada um seguiu para descansar em um hotel perto do Museu de Arte Moderna. A vista da vidraça, no último andar do prédio onde eu estava hospedado, era simplesmente fabulosa e seria encantadora se ela, minha raposinha estivesse aqui comigo e que ao invés de trabalhando, viessemos aproveitar e ela me apresentasse o país onde nasceu, o orfanato onde viveu, a lanchonete onde trabalhou... qualquer simplicidade de lugar ou qualquer programa com ela seria muito gostoso, proveitoso e agradável de se fazer.

Nu, saio da vidraça e caminho descalço até a imensa cama onde eu dormiria sozinho, sem ninguém para dividir o espaço, sem ninguém para virar e abraçar quando sentir vontade de um aconchego de uma pele quente e cheirosa, da pele dela. O cheirinho de lavanda e o cacau dos seus cabelos... Deus! eu vivia de lembranças. Ela faz falta, por mais que nunca tenhamos dormido junto, eu desejava ela perto. Sento-me no colchão macio e descanso meu copo de whisky pela metade no móvel ao lado, alcançando meu celular e decidido a ligar para ela. Eu precisava saber como ela estava. O que fez. Qualquer coisa. Não suporto o silêncio da sua voz. Não suporto a distância.

Odeio está longe.

Odeio usar o celular para apaziguar a saudade.

Esses dias tem sido de tortura.

Minha cabeça está aqui, mas nunca saiu de lá, dela.

Que melancolia, meu Deus!

Estaria mentindo se dissesse que não tenho medo que algo aconteça com ela. Sei que ela está segura naquela fortaleza. Mas o medo sempre será presente depois que já perdi alguém que nutri sentimento. Eu tinha medo de ser amaldiçoado mais uma vez.

Trago o celular a orelha e ouço chamar em estado de agonia. Atende. Estou ansioso e meu coração apaixonado não iria me deixar dormir se eu não falasse com ela hoje. Dias não ligo. Dias estou ocupado. Deu.

— Lobinho?

Meu peito dói de uma maneira surreal e eu me deito na cama, olhando para o teto. O sorriso ligeiro e por instinto é quase inevitável.

— Ainda acordada?

— Sim. Estava lendo um livro sobre autoconhecimento que peguei na biblioteca. Muito esclarecedor e necessário. Eu precisava ler algo assim. _Bocejou. — Eu queria que você tivesse se despedido. _Revelou, a voz fraca, de sono e ainda sim tão linda.

Meu peito aperta.

— Eu teria trazido você comigo. Você estava cansadinha, ficou com dor depois que tomamos banho. Nós íamos acabar te machucando porque é provável que nossa despedida seria na cama.

Ela soltou uma risada baixa do outro lado, o que provou minha teoria. Ela só queria meu corpo. Essa safadinha.

E deixa. Não é como se eu não estivesse aproveitando isso também. E ela foi sincera comigo, disse o que não quer e eu estou aceitando. Eu poderia muito bem negar, mas também quero. Ela não percebe ou não quer perceber, mas já somos um casal, fazemos tudo de casal, respeitamos um ao outro, nos cuidamos, conversamos e ficamos juntos. A verdade é que fazemos até mais que certos casais. Tem casal que nem conversa, nem conhece um ao outro, tem casal que pouco tem confiança para saber o trauma um do outro e oficializou a relação.

LUZ NAS TREVAS (3)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora