35 Capítulo 🦊

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RAYKA VARGAS













Eu havia tentado dormir e de fato consegui cochilar um pouco, mas acordei logo depois e fui me sentar no sofá da sala.

Não estou preocupada com o Vincent, vê-lo e ver a situação virar a seu favor foi gratificante e me tirou o ar. Ele estava no controle e ele faria o que tem que ser feito. Eu confiava plenamente nele e na sua capacidade de vencer o inimigo.

Se por um acaso algo desse errado. Eu tenho convicção que viraria a personificação da maldita raposa traiçoeira e eu mesma daria um jeito de matar aquele infeliz nojento.

Eu lembro dele, lembro que o interesseiro do Miguel me fez aceitar sua proposta de me observar desfilar. Inferno! Aquele lixo ja havia chegado tão perto. Ele já estava atrás de mim faz tempo e se algum dia comparei o olhar do meu lobo com o daquele miserável, peço sincero perdão.

O dele era um olhar de posse.

O do Vincent era um olhar de quem sabia que podia vir a ser meu dono, se assim eu determinasse. E eu disse. Gosto da idéia de pertecer a alguém que me deixa livre. Que não me cobra amor. Que não me cobra nada. Só que eu seja forte e que acredita em mim.

Olho na parede e no relógio analógico diz que se passaram mais de 4 horas desde que cheguei aqui.

Que demora, meu Deus!

Essa espera está me consumindo.

Eu estava sozinha no apartamento do Ramón aqui na Itália mesmo e ele foi levar a Antonella para jantar, em seguida para a mansão e logo viajaria para o outro lado, para o norte da Itália, para Milão, onde ficava instalada a sede da A Diablo. Ele contou da sua ida repentina olhando diretamente nos olhos da doce Antonella, explicou tão calmo  que precisava voltar ao trabalho que por um instante eu quis exigir que ele abortasse a missão e ficasse, mas eu estava ciente e com os pés no chão de que eu ainda não podia aplicar ordens. Então me mantive quieta o escutando dizer que esse apartamento ninguém usava, que estava livre e que eu poderia ficar bem a vontade enquanto esperava o Vincent. Sim, o Vincent ligou exclusivamente para ele, contou que o serviço estava feito e disse que estava voando de volta e viria direto para cá e não para a mansão Ndrangheta, falou que ansiava somente a minha companhia, silêncio e descanso.

Apreensiva por ele, caminhei inquieta de um lado para o outro, imaginando que para ele chegar ao ponto de não querer ver a própria família, sendo eles as pessoas que ele mais ama, desejar a distância e o bendito silêncio, é porque provavelmente ele não está bem.

O lobinho não estava bem.

Esperei e esperei e nada dele chegar. Bocejando e exausta, decidi voltar ao quarto e fui me deitar. A espera estava realmente me matando. Eu queria está acordada para o receber, mas estou cansada. Ele não aparece nunca.

Na cama, lentamente minhas pálpebras foram perdendo as forças e eu apaguei, entrando em um sono cheio de mansidão, sem agitação, sossegado e sereno.

De repente, estava deitada de lado e em um piscar de olhos, como se o sono tivesse sido momentaneamente girado em torno de segundos, senti alguém sentar e afundar o corpo no colchão macio, vindo calmamente manso aproximar do meu corpo, encostando o peito em minhas costas e uma mão levemente pesada descansando em meu quadril. Um beijo delicado foi depositado em minha cabeça e logo uma respiração profunda foi feita pertinho do meu pescoço, arrepiando em meu corpo pelos onde eu não sabia que existia.

LUZ NAS TREVAS (3)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora