CAPÍTULO 33 - PARTE II

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LORENA

Sem enxergar nada, caí. Meus olhos ardem com as lágrimas e meu peito parece ter sido perfurado junto com o de Bruno. Não consegui parar de chorar e nem mesmo sentir medo da coisa atrás de mim.

- Bruno... - Ponho as mãos no rosto, incapaz de controlar os soluços.

Grito quando um peso enorme me pressiona contra o chão.

- Bruno... - A preocupação por ele aumentou a cada segundo. Preciso sair daqui, preciso ver como ele está. - Por favor Gaia... salva o meu amigo, por favor... - Não consegui completar meu pedido porque a risada familiar do demônio voltou a me alcançar.

- Venha comigo e mais ninguém vai morrer criança. Seja como for, você vem, por bem ou por mau. Tenho um prazo com seu pai, ele não vai esperar por mais tempo, e eu não estou disposto a pagar o preço de um pacto de sangue não cumprido.

Só então tento me soltar da força invisível que me prendia contra o chão, mas não tive forças.

- O quê? Pai? - Ele riu.

- Você não sabia? - Gargalhou. - Ele está como um louco atrás da única filha dele e está tão obcecado com isso que foi capaz de fazer um pacto de sangue comigo para ter você. É uma pena que pactos de sangue não possam ser quebrados, adoraria devorar você de dentro para fora. - Riu maliciosamente.

- Não acredito nisso. Você está mentindo! - O peso no meu corpo se concentrou em meu pescoço mais uma vez e fui tirada do chão.

"Amor..."

A voz de Hera ecoou em minha mente, mas não tive forças para responder, a falta de ar causado pelo aperto em meu pescoço me deixou incapaz de fazer qualquer coisa.

"Amor... por favor, me escuta, você precisa fazer isso, só você consegue, nossas vidas dependem de você mas... por favor, volta para mim, por favor..."

Meus olhos enchem de lágrimas.

"Eu sei que você consegue... você é mais forte do que pensa."

"Por favor, volta para mim..."

A voz de Hera sumiu quando fui lançada no chão. Engoli o ar em desespero.

"Por que eu?"

Meu interior inflamou de raiva, que só aumentou quando pensei em Bruno. Morto.

- Você não vai fugir de mim criança. - Disse, próximo dos meus ouvidos. - Vamos embora assim que eu terminar com seus amigos.

Suas palavras me despertaram de um transe profundo quando mencionou meus amigos. Me lembrei dos poucos momentos com Elisângela e Aliandra, me lembrei de Lia e Bruno, de nós três juntos. Me lembrei de Anna, sendo uma mãe para mim mesmo sem me conhecer, me lembrei dos irmãos de Hera fazendo piadas para irritá-la e me defendendo da proteção excessiva dela. Uma família. Uma família nova, pequena, mas agora tenho uma família. Serei estúpida se não lutar por eles. Serei a bastarda medíocre que Mário e Lisandra sempre diziam senão lutar principalmente por mim mesma. Porque eu sempre lutei, todas as vezes que me limpava depois de um abuso sofrido por Mário, eu lutei, lutei para me manter de pé, lutei para me manter viva, lutei porque no fundo tinha esperança de ter uma fração do que tenho agora. Lutei todas as vezes em que fazia meus próprios curativos nos braços e pernas quebradas todas as vezes que me espancavam. Lutei todas as vezes em que decidia engolir a comida velha e nojenta que me davam porque queria viver, e esperaria pela chance em que teria o que tenho hoje. Sempre lutei. Sempre lutei quando não tinha nenhum indício de que as coisas mudariam, e agora que tenho eles, por que não lutar?

Eu vou lutar. Por eles e por mim, como sempre fiz, porque é isso o que faço: luto, luto sempre, a minha vida toda.

Senti o calor e um formigamento familiar se espalhar pelo meu corpo. No meio daquela escuridão minha luz começou a brilhar.

Sorri.

A pressão no meu pescoço sumiu de repente e me levantei do chão. A luz aumentou. Olhei ao redor procurando por ele ou por qualquer coisa que indicasse ser ele, depois de constatar o que já sabia, caminhei mais para dentro na escuridão, já sabendo o que tenho que fazer. A luz emitida pelo meu corpo iluminou o caminho e não precisei forçar meus olhos para enxergar.

- Acha que consegue me enfrentar criança? - Sua voz causou outra sessão de arrepios por meu corpo, mas, dessa vez ignorei. Quando cheguei a um lugar bom o bastante parei de andar. - Seus antepassados não conseguiram nos matar, só adiaram o inevitável. Acha que é capaz de fazer diferente? Acha que tem poder para isso? - Ignorei seus comentários e lembrei do que Elisângela me disse a tempos atrás: "Minhas visões nunca deixam de acontecer."

Agora, depois de comprovar em primeira mão sua afirmação, sorri aliviada. Elisângela nunca erra.

Deixei minha luz aumentar e aumentar e quando senti que havia chegado ao meu limite, me forcei a pôr em prática as lições de Aliandra: "Sentimentos profundos acessam poderes mais intensos... Por isso, controlar os sentimentos é tão importante quanto controlar os poderes, se você não controla os seus poderes, seus sentimentos o controlam, e sentimentos são instáveis e descontrolados demais para deixá-los nos dominar."

É exatamente isso que preciso fazer, deixar os meus sentimentos me controlarem, além do mais, sentimentos reprimidos tenho de sobra.

Busquei nas minhas memórias todos os momentos alegres e felizes que vivi nos últimos dias, mas percebi que só eles não seriam suficientes, então acessei a parte em mim que nunca quis olhar, as lembranças que me esforcei para esquecer. Imediatamente, senti a mudança ondular pelo meu poder, que aumentou e cresceu por conta da raiva fervente me dominando.

Deixei a raiva me preencher, me afundei nela, senti quando o demônio tentou me atacar, sua escuridão tentou se infiltrar pela luz e senti como se fossem agulhas espetando meu corpo toda vez que ele tentou chegar até mim com seus tentáculos de escuridão, contudo, minha luz o impediu de seguir em frente.

Com os olhos fechados pela intensidade da luz, meu poder aumentou e tomou uma proporção nunca imaginada por mim, o grito do demônio chegou aos meus ouvidos e quando menos esperava tudo ao meu redor sumiu, na verdade, a escuridão ao meu redor sumiu.

A exaustão me dominou e caí de joelhos, o poder evaporou do meu corpo tão rápido que me causou uma sessão de tremedeiras. Deitei no chão de terra sem forças para me manter ajoelhada ou tentar me levantar. Os sons de gritos e rosnados ao redor foram parando aos poucos até que não restou nada. Passos se aproximaram e rezei para que não fossem inimigos, porque já não tenho uma gota de força em mim. Primeiro vi o rosto sujo e manchado de Hera, depois Elisângela, depois Miranda, Aliandra, Freya, Mia e Misca. O Supremo e os irmãos de Hera foram os últimos a entrar no meu campo de visão. Não consegui abrir a boca para formular qualquer pergunta pois minha visão escureceu e apaguei.

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Bom... era p esses caps terem saído ontem, mas passei o dia (literalmente o dia inteiro) fazendo o trabalho da faculdade gente, por isso, quando terminei já estava bem cansada.

Mas, enfim saiu. Me contem, o que acharam??? Curtam e comentem p eu saber oq estão achando okay? ><

Me perdoem qualquer erro, revisei várias vezes, alterei várias vezes também, então, me perdoem por eles, podem comentar se verem algum erro por aí ><

Esse é o final? Não! kkk ainda temos mais alguns caps pela frente com algumas explicações (pq sei q vcs não devem ter entendido algumas coisas hehe) e mais algumas revelações ><

Provavelmente o próximo cap saí final d semana, vou trabalhar direto e só vou folgar segunda, então não garanto q saia final d semana tá?

Ultima pergunta: desconfiavam do destino da Lorena?

bjinhos <3 ><

Destino - Serie One Wolf - LIVRO 2Where stories live. Discover now