Destino - Serie One Wolf - LIVRO 2

CAPÍTULO 33 - PARTE I

LORENA

De repente o dia virou noite, não pude enxergar a um palmo da mão na minha frente. Sussurros vem da escuridão e eu não ousei me mexer, somente procurei por uma luz que indicasse uma saída.

- Finalmente te encontrei... - Uma voz melódica vem das sombras e meus pelos se arrepiam. - Então você é a híbrida que todos querem ter? - Procuro a origem da voz, mas tudo é escuridão.

- Quem é você? - Engulo em seco, não me sinto tão corajosa como em todas as outras vezes que me arrisquei.

Uma risada baixa e maliciosa soou. Reparo, de maneira estranha, que não consigo distinguir se é uma voz feminina ou masculina, e ao mesmo tempo, não sei dizer se está longe ou perto demais de mim.

- Não sou nada que você conheça criança. - Medo me domina. Tentei descontroladamente acessar meus poderes, mas sumiram de repente, o formigamento que frequentemente está em meu corpo como indicação de que está ali, sumiu.

Não precisei de uma explicação para saber o que ele era, não sou burra, porém, meu corpo percebeu mais rápido que minha mente. O poder do demônio me rodeou, não parece um ser físico, portanto, não posso simplesmente exterminá-lo como a qualquer outro inimigo. Desejei com todo o meu coração que Hera e todos conseguissem fugir, porque eu provavelmente não vou conseguir. A presença e o poder dele fez eu me sentir uma formiga, um nada, e pela primeira vez na vida senti que todo o treinamento que tive foi para nada. Ninguém pode vencê-lo.

Me apavorei ainda mais quando percebi o que ele tinha dito:"Finalmente te encontrei". Ele estava me procurando? Por quê?

- Você vai me matar. - O que mais ele iria querer comigo? Atualmente sou considerada um perigo para as espécies, ele com certeza me vê como um risco aos seus planos. Ele vai me matar.

A criatura riu.

- Não criança, não vou te matar, tenho um acordo com Branon, ele me dá seus soldados e eu te entrego a ele, sã e salva. - Franzo o cenho. Por que o líder dos rebeldes me quer? Mais uma vez a resposta apareceu em minha mente: sou um risco para todos os líderes do mundo, é lógico que queiram me matar para acabarem com o risco. - Tive que vir buscá-la pessoalmente, já que os grupos que mandei até você não retornaram com o que mandei, e meu acordo com Branon tem prazos. - Um vento gelado passou pelos meus braços.

Suspirei. Os ataques na alcateia, na sala de câmeras, eram para me capturar? Estremeci. Eu não percebi, não percebi nenhuma vez que estavam atrás de mim.

Todas aquelas vezes... eles podiam ter conseguido. Como não percebi?

- Por que ele me quer? - Pergunto com toda ousadia que ainda me resta. Meu corpo e dentes tremem, se de medo ou frio, não sei dizer, talvez os dois, no entanto, mantive minha cabeça erguida.

Algo se enrolou em meu pescoço e a sensação me lembrou à cobras. Fiz o possível para não gritar com o que se enrolava em meu pescoço apertando cada vez mais. Meus pés foram tirados dos chão e uma lufada de ar acertou meu rosto. Minhas mãos seguraram meu pescoço numa tentativa inútil de me soltar daquele aperto, mas foi uma tentativa em vão.

De repente, caí no chão e um buraco de luz se formou a passos de distância de mim. Expiro desesperadamente por ar e olho ao redor. O acampamento ainda está uma bagunça, mas a luta parece estar mais justa. Pessoas com uniformes cinza muito claros que nunca vi movem objetos com as mãos, acertando os inimigos. A ajuda que o Supremo pediu chegou.

- Lorena! - Tento correr para o lado oposto da escuridão enquanto o buraco de luz ainda existe. Vejo Hera, Miranda, Elisângela, Freya e Aliandra paradas me olhando assustadas, ou, olhando o Ser atrás de mim. Conforme corri na direção delas senti o formigamento dos meus poderes retornar e suspirei aliviada.

- Lorena! - Reconheci a voz de Elisângela. Hera tem o olhar fixo atrás de mim, sei o que ela olha e sei o que ela está pensando: Perdemos. E concordo plenamente com ela. Não temos a menor chance contra essa coisa. Dei alguns passos em direção a eles quando a voz desesperada de Elisângela me alcança novamente. - Entendi por que você é importante! Não é por que teríamos paz através de você! - Um som parecido a um rugido veio de trás de mim e soube que era o demônio. Forcei minhas pernas a irem mais rápido, contudo, a escuridão voltou a me rodear. Não vou conseguir.

Freya, Mia e Misca estão com as mãos levantadas na direção do demônio, contendo-o para que eu fuja. Tento ir mais rápido, mas acabo tropeçando em algo, quando minhas mãos atingem o chão percebo que não é algo, é um corpo, vários corpos. Me levanto e continuo correndo na direção delas. A voz de Elisângela chega até mim de novo:

- Gaia te fez assim para que você fosse a única que pudesse derrotá-lo, você tem que matá-lo, só você consegue isso! Esse é o seu destino!

Não tive tempo de absorver a importância das palavras de Elisângela porque a escuridão me rodeou novamente, contudo, dessa vez, ele atacou. Um tentáculo de escuridão semelhante a uma garra enorme avançou na direção de Hera, a pessoa mais perto de onde estou. Tudo ao meu redor sumiu e só consegui imaginar a cena de Hera sendo perfurada e morta. Gritei, mas não acho que ela tenha me ouvido, e antes que tudo escurecesse, vi, como em câmera lenta, um tentáculo de escuridão avançar sobre ela, mas perfurar o peito de Bruno, que se jogou na frente dela para impedir que ela levasse o ataque.

- NÃO!

O grito deles foi a última coisa que escutei antes do frio e silêncio me rodear novamente.