Eletric love

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-- Merda merda! - praguejei pondo as mãos na cabeça, nem pensei ao menos um segundo antes de descer as escadas freneticamente.

Ainda dava tempo de concertar aquela merda não era? Universo você não quer tanto me ferrar assim diga que não.

Corri porta a fora indo até a casa do rapaz sem nem pensar nas consequências.

Parei na porta e respirei profundamente antes tocar a campainha por várias vezes até ver a porta se abrir revelando o garoto com o maldito caderninho violeta em mãos, estava consumado, ele leu, é o meu fim, eu vou me jogar da porra de uma ponte.

-- Acho que você está com algo que é meu - disse nervosa tentando pegar o objeto e falhando vendo o rapaz levanta-lo mais alto, impedindo que eu o alcançasse.

-- Calminha aí - ele falou e eu paralisei - já ouviu o ditado, achado não é roubado? - ele sorriu sinicamente percebendo o meu desespero.

-- Sua mãe não lhe ensinou que é falta de educação fuçar em coisas particulares dos outros? - bufei tentando pegar o objeto e novamente falhando.

-- Mas é só um caderno oque tem demais nele? - ele tentou ler uma página e então me desesperei, me jogando em cima do mesmo na tentativa de arrancar aquilo de suas mãos e correr dali o mais rápido que eu pudesse.

Quando percebi estávamos os dois no chão da sala, eu estava debruçada sobre seu peito, ambos estávamos com os braços esticados disputando pelo caderninho e por um breve momento ficamos estáticos alí, Jeon fitava meus olhos e eu os seus, aquilo era hipnotizante eu poderia ficar ali por horas sem me importar, apenas observando seus olhos que pareciam dois grandes buracos negros.

Não demorou muito até eu sentir meu corpo ser jogado para o chão e o garoto ficar por cima de mim. Ele fitou meus lábios e depois meus olhos, e então foi aproximando lentamente nossos rostos até que nossos narizes se tocassem.

-- Jeon... - murmurei baixinho enquanto sentia sua aproximação.

-- Como é possível isso? - ele sussurrou.

-- Isso?... Isso oque? - o questionei nervosa.

-- Como é possível, que ninguém tenha beijado esses lábios ainda, park...

Ele sussurrou meu sobrenome de uma forma tão carinhosa e cheia de sensualidade, que me fez estremecer.

Se aproximou mais, e quando nossos lábios quase se tocaram eu o empurrei, pegando meu diário e saindo dali, o deixando no chão com uma expressão confusa.

-- Mas que grande filho da... - respirei fundo entrando em casa e batendo a porta com força eu estava com raiva. Logo adentrei meu quarto trancando a porta.

-- Querida? - mamãe batia na porta impaciente - oque houve amor? Você está bem?

-- Não foi nada - eu disse encostada na parede.

Logo ela desistiu me deixando sozinha, ela sabia a hora de desistir e também sabia que eu estava chateada pois nunca me trancava.

Peguei o telefone e disquei o numero de Adam. Ao atender eu apenas joguei toda a informação para o garoto que desferia sons de surpresa contra o gancho me fazendo rir por alguns momentos.

-- É isso Addie, eu acho que minha vida acabou, vou apodrecer dentro de casa e criar raízes aqui no meu quarto.

-- Não seja dramática Hellie - ele bufou - veja pelo lado bom, ele tentou te beijar então significa que está interessado.

-- Não Addie - quase gritei - ele sentiu pena de mim, me olhou como se eu fosse a droga de uma criança e tentou me beijar, porque provavelmente pensou que poderia me fazer um favor.

-- Ele te disse isso Hellie?.

- Não.

-- Então porque pensa essas coisas sua boba? Não consegue nem cogitar que em algum momento o garoto pudesse estar sim, interessado em você sua idiota? -sua voz saiu um tanto revoltada.

-- Não consigo - disse cabisbaixa.

-- Vamos ter que resolver esse seu problema de auto estima no shopping algum dia desses. - ele falou e me fez rir.

-- Enfim... Só queria avisar que não vou pra faculdade esse resto de semana... Só até eu me resolver comigo mesma e esquecer toda a merda que aconteceu.

Adam acentiu e minutos depois encerramos nossa ligação. Logo me deitei  e pensei em várias coisas como : quais as formas mais fáceis de fugir do país sem um centavo ou até em como mudar de identidade.

Me desprendi dos pensamentos quando finalmente adormeci agarrada ao travesseiro.

.........

Um dia inteiro havia se passado e eu ainda estava enclausurada no quarto, sai apenas para comer, nem ao menos conversei com mamãe sobre o ocorrido.

Só de lembrar meu estômago revirava, num misto de sentimentos de vergonha, raiva e tristeza.

E foi assim durante três dias, não fui a faculdade nem sai de casa, só queria um jeito rápido de sumir e fazer todos esquecerem da minha existência.

Já era noite quando escutei um estalar no vidro de minha janela, ignorei tentando voltar a ler quando o barulho insistentemente perdurou por dois minutos até que eu fosse averiguar oque estava se passando.

Abri a janela e vi uma figura masculina que não me era estranha.

-- Jeon? - eu disse confusa.

Logo ele fez um sinal pra que eu descesse até lá e eu neguei com a cabeça tentando fechar a janela, mas sendo interrompida por outra pedrinha que o garoto arremessara em minha direção como sinal de reprovação.

-- Me deixe em paz - sussurrei alto, pois já era tarde.

-- Prometo que vai ser rápido - ele uniu as mãos quase implorando para que eu descesse e assim eu fiz, sim eu desci para falar com o garoto que me fez ficar dias trancada no quarto querendo esquecer da minha própria existência.

Fui vagarosamente até a porta da sala abrindo-a e tentando não fazer barulho algum.

Já do lado de fora o rapaz me esperava inquieto.

-- Oque você quer? - eu disse impaciente.

-- Precisamos falar sobre oque aconteceu em minha casa - ele disse me fazendo corar instantaneamente.

-- Não temos nada pra conversar, já não está claro o suficiente pra você? - subi um pouco o tom de voz - você leu meu diário e pensou "tadinha da Helena, sinta só o drama de uma universitaria que nunca foi beijada, como eu poderia ajudá-la? Ah talvez beijando ela" - disse ríspida.

-- Pare com isso - segurou meu pulso me puxando para perto de si - eu nunca pensaria isso de você, por que diz estas coisas? - seu olhar transpareceu confusão - te beijar não seria um favor... - ele relutou antes de continuar - eu já quero isso a muito tempo.

Meu coração palpitou em batidas descompaçadas e logo minha respiração ofegante podia ser ouvida, dentre o silêncio que foi instaurado entre nós dois após sua última fala.

Continua.....

A short love storyWhere stories live. Discover now